Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Ilani Nunes nos traz uma reflexão sobre o item 24 do capítulo 5 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “A infelicidade real”, ou em outras traduções, a “A desgraça real”. 

A mensagem publicada por Allan Kardec é trazida pelo espírito Delphine de Girardin, em psicografia realizada em Paris em 1861.

Quem foi Delphine de Girardin?

Observemos a condição do espírito desencarnado que se dispôs a trazer esta informação sobre como é vista no mundo espiritual a situação da felicidade e infelicidade.

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Delphine foi uma poetisa francesa que frequentou os salões de Madame Récamier. Casou-se com Émile de Girardin, jornalista e político francês, passando então a ser conhecida como a sra. Émile de Girardin.

Ela se tornou jornalista também e escreveu para o jornal La Presse no período de 1836 a 1848, usando o pseudônimo masculino de Visconde de Launay. Suas crônicas traziam casos da sociedade do tempo de Luís Filipe e ficaram conhecidas como Cartas Parisienses. Publicou também romances, tragédias e comédias. 

Delphine frequentou salões literários em que se reuniam as celebridades da época. Tomou então contato com as mesas girantes, mesmo fenômeno que trouxe o então professor Hippoliyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) a desvendar e posteriormente codificar a doutrina dos espíritos.

Desde o primeiro contato com as mesas girantes, Delphine se convenceu da veracidade das manifestações. Teve oportunidade de se encontrar com o professor Rivail pessoalmente. 

Era também amiga pessoal de Victor Hugo e os acontecimentos políticos do ano de 1851, incluindo o exílio de seus amigos, marcaram-na de forma cruel.

Fiel à amizade, viajou ao encontro dos amigos e em 6 de setembro de 1853 desembarcou em Jersey, uma pequena ilha de 116 quilômetros quadrados. A viagem foi excessivamente fatigante, uma vez que se encontrava doente, acometida por um tumor maligno.

Dinâmica, contudo, ela não se deixava abater em demasia. Um pouco triste e melancólica, estava igualmente feliz por rever Victor Hugo e a família.

À hora do jantar, narrou as notícias de Paris, no intuito de trazer um pouco da pátria para os exilados. Com entusiasmo, referiu-se às mesas girantes. Na pequena ilha de Jersey algumas tentativas tinham sido feitas, sem sucesso.

Delphine, sem aguardar a sobremesa, saiu em busca de uma mesa pequena, redonda. As sessões foram longas e cansativas. E, ao que parece, sem sucesso nos primeiros cinco dias.

Victor Hugo, cético, aderiu às reuniões somente para não desagradar a amiga. Finalmente, no domingo 11 de setembro, a concentração e o silêncio foram recompensados. Aconteceu uma comunicação que mudaria os rumos da vida do grande escritor francês. Quem se comunicou através da mesa foi sua filha Léopoldine. A amada filha havia morrido tragicamente, afogada em um lago durante um passeio de barco com o marido, durante a lua de mel. Foi naquela situação de infelicidade que Victor Hugo escreveu a obra Os Miseráveis.

A real infelicidade

Observamos agora como Delphine de Girardin se colocou diante dos ensinamento trazidos pelos espíritos na oportunidade, bem como as suas atitudes de seriedade e confiança em relação aos fenômenos apresentados.

Precisamos conhecer, estudar e nos esforçar para que nosso aproveitamento espiritual seja o melhor possível. 

Vejamos o que nos conta Delphine de Giradin:

Toda a gente fala da desgraça, toda a gente já a sentiu e julga conhecer-lhe o caráter múltiplo.
Venho eu dizer-vos que quase toda a gente se engana e que a desgraça real não é, absolutamente, o que os homens, isto é, os desgraçados, o supõem.
Eles a veem na miséria, no fogão sem lume, no credor que ameaça, no berço de que o anjo sorridente desapareceu, nas lágrimas, no féretro que se acompanha de cabeça descoberta e com o coração despedaçado, na angústia da traição, na desnudação do orgulho que desejara envolver-se em púrpura e mal oculta a sua nudez sob os andrajos da vaidade; a tudo isso e a muitas coisas mais se dá o nome de desgraça, na linguagem humana. Sim, é desgraça para os que só veem o presente; a verdadeira desgraça, porém, está nas consequências de um fato, mais do que no próprio fato. Dizei-me se um acontecimento, considerado ditoso na ocasião, mas que acarreta consequências funestas, não é, realmente, mais desditoso do que outro que a princípio causa viva contrariedade e acaba produzindo o bem. Dizei-me se a tempestade que vos arranca as árvores, mas que saneia o ar, dissipando os miasmas insalubres que causariam a morte, não é antes uma felicidade do que uma infelicidade. Para julgarmos de qualquer coisa, precisamos ver-lhe as consequências. (…)
A infelicidade é a alegria, é o prazer, é o tumulto, é a vã agitação, é a satisfação louca da vaidade, que fazem calar a consciência, que comprimem a ação do pensamento, que atordoam o homem com relação ao seu futuro; a infelicidade é o ópio do esquecimento que ardentemente procurais conseguir.
— O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V item 24.

Ensinamentos eternos

Nesse momento Delphine vem nos mostrar a importância das nossas vidas, nos incentivando a trabalhar para o bem e seguir Jesus, seguir o evangelho. Queremos também observar a saída de Victor Hugo para essa Ilha em que se exilou por 15 anos. Período que para ele foi muito doloroso mas muito rico para sua criatividade, dispondo-se a receber visitas como da amiga Delphine, que ampliou seu conhecimento da imortalidade da alma e permitiu o contato e acalento trazidos pela filha desencarnada. 

Podemos observar que mesmo em ocasiões que aparentam ser ruins temos motivos para confiar que Jesus está conosco na caminhada. Mesmo a gente achando que a situação está muito difícil, tenhamos a certeza de que tudo vai passar. Nós vamos ter outro momento na vida em que consiguiremos superar as dificuldades. 

Tenhamos força íntima e se não a encontrarmos, que busquemos Jesus para recuperar nossa força Nele. Pedimos que a misericórdia divina possa amparar os corações de cada um de nós, que finalizemos essa leitura fortalecidos no amor de Jesus, com muita esperança e muita paz no coração.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação

* Colaborou para esta publicação: Ilani Nunes.
** Imagem em destaque: via pexels.com

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