Continuando a série de palestras sobre o primeiro livro da série psicológica de Joanna de Ângelis, a expositora Carla Ribeiro trouxe o tema Jesus e Tolerância para uma apresentação nos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade.

O tema tolerância está presente no contexto atual quando se trata de temas muito importantes, como racismo, a questão LGBTQ+, diferentes crenças. “No entanto, o que Joanna nos traz nesse capítulo não é apenas o aspecto de que temos que tolerar a diferença, ser tolerantes perante o diferente, aceitar e entender. Não é nesse sentido. Ela traz a tolerância mediante o julgamento que fazemos do outro”, esclarece Carla. 

Psicologia profunda

Em termos de psicologia profunda, a questão do julgamento das faltas alheias constitui um grave cometimento de desumanidade em relação àquele que erra.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

Carla Ribeiro traz o conceito de psicologia profunda, que analisa o ser imortal como um todo e não somente a personalidade encarnada. “É comum a gente lembrar daquela imagem do iceberg, em que há uma ponta pequena para fora da água mas a maior porção está submersa. Nossa encarnação atual é essa pequena ponta visível do iceberg,” explica a palestrante. 

A maior parte de nós está submersa, presente no subconciente, carregando nossas memórias, vivências e aprendizagens que ficam esquecidas e adormecidas. Mesmo adormecida, essa bagagem não está desativada. Por vezes há situações que lançam luzes nesses acontecimentos do passado e os atualizam.

Julgamento e intolerância

O problema do pecado pertence a quem o pratica, que se encontra, a partir daí, incurso em doloroso processo de autoflagelação, buscando, mesmo que inconscientemente, liberar-se da falta que lhe pesa como culpa na economia da consciência.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

Segundo Carla, Joanna neste trecho está nos trazendo que não somos responsáveis e não devemos julgar o problema do outro. A ação, o erro e a falta são problemas de quem os cometem. Fica marcado na conciência pelo registro da Lei de Deus e a pessoa que comete algum desvio sabe.

“Quando você mente para alguém, você conhece a verdade. Esse registro fica em você e você se sente culpado porque você conhece a verdade. Quem ouve a mentira a toma como verdade, por não ter o conhecimento que é uma mentira. Mas quem mente sabe que é uma mentira e sente a culpa. Eventualmente a verdade vem à tona. Julgamos a nós mesmos a partir do momento em que erramos,” exemplifica a palestrante.

A culpa é sombra perturbadora na personalidade, responsável por enfermidades soezes, causadoras de desgraças de vária ordem. Insculpida nos painéis profundos da individualidade, programa, por automatismos, os processos reparadores para si mesma.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

A culpa é geradora de doenças porque ficamos com o indicativo de nossa conciência de que cometemos um erro. Automaticamente o ser que errou busca reparar.

Toda contribuição de impiedade, mediante os julgamentos arbitrários, gera, por sua vez, mecanismos de futura aflição para o acusador, ele próprio uma consciência sob o peso de vários problemas. Julgando as ações que considera incorretas no seu próximo, realiza um fenômeno de projeção da sua sombra em forma de autojustificação, que não consegue libertá-lo do impositivo das suas próprias mazelas.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

O julgamento que emitimos é uma busca para nos justificarmos, em nossa capacidade de cometer erros. É uma forma de desviarmos de nós mesmos para olhar o outro. “Em vez de perder tempo julgando o outro, eu poderia usar esse tempo para me autoconhecer, e buscar acertar em vez de errar. Tentar entender porque tive determinadas condutas para não repeti-las,” convida a expositora. 

Lei de igualdade

Em O Livro dos Espíritos, estudamos a partir da questão 803 a Lei de Igualdade

822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas?
“O primeiro princípio de justiça é este: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem”.
— O Livro dos Espíritos.

A partir desse raciocínio, Joanna discorre:

Jesus sempre foi severo na educação dos julgadores da conduta alheia. (…) O Mestre estabeleceu a formosa imagem do homem que tem uma trave dificultando-lhe a visão, e no entanto vê o cisco no olho do seu próximo. (…) Tem compaixão de quem cai. A consciência dele será o seu juiz. Ajuda aquele que lhe constitui punição. Tolera o infrator. Ele é o teu futuro, caso não disponhas de forças para prosseguir bem.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

A palestrante nos faz recordar que o ser mais perfeito que passou pela Terra, Jesus, jamais julgou. Quem somos nós, então, para julgar o erro alheio? É sobre esses pilares que Jesus sempre nos convida à reflexão, nesse processo evolutivo em que estamos, em provas e expiações, ao constatarmos a fraqueza do outro, o convite é agirmos com misericórdia.

Todos merecemos misericórdia

Uma das parábolas que o Mestre nos deixou retrata a tolerância que ele quer nos ensinar. Ao se deparar com o caso da mulher adúltera, Jesus diz: “Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra!”. 

“Erguendo-se, Jesus lhe disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Disse ela: “Ninguém, Senhor”. Disse, então, Jesus: “Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”.
— João 8:10-11

Ele não julga, ele acolhe e orienta. 

“Em vez de julgar o outro, ocupe-se de você mesmo. Pense em avaliar suas dificuldades, suas falhas e aplique-se. Jesus jamais puniu, Ele sempre conduziu a métodos reeducativos,” orienta a palestrante.

A tolerância que utilizares para com os infelizes se transformará na medida emocional de compaixão que receberás, quando chegar a tua vez, já que ninguém é inexpugnável, nem perfeito.
— Joanna de Ângelis em Jesus e Atualidade, capítulo 5.

A série Jesus e Atualidade foi abordada em outras publicações de nosso blog, que podem ser acessados nos seguintes links:

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.

Categorias: Notícias

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