O livro “Jesus no Lar”, de Neio Lúcio e psicografia de Francisco Cândido Xavier, relata os momentos vividos por Jesus na residência simples de Simão Pedro. O capítulo 7 da obra, chamado “O maior servidor“, foi tema da palestra divulgada nos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, feita em conjunto por Sandra Lemos, Patrícia Oliveira e Fabiana Fertig.

A obra traz preciosas lições, como Emmanuel afirma no prefácio:

Neio Lúcio consagra aos discípulos novos algumas das lições do Senhor no círculo mais íntimo dos apóstolos e seguidores da primeira hora.
Hoje, que quase vinte séculos são já decorridos sobre as primícias da Boa Nova, o domicílio de Simão Pedro se transformou no mundo inteiro…
— Jesus no Lar, prefácio.

O maior servidor

O capítulo 7 inicia com Felipe que, presente na reunião familiar, em dado momento pergunta a Jesus:

– Senhor, qual é o maior servidor do Pai entre os homens na Terra?

Jesus refletiu alguns momentos e contou:

– Grande multidão estava reunida quando apareceu um famoso guerreiro concitando os circunstantes ao aprendizado da defesa, mas o povo, após os exercícios, continuou perdido. Logo depois, apareceu um grande político, que dividiu a massa em vários partidos, gerando competição entre os grupos. Depois dele, surgiu um filósofo, que dividiu o povo em variadas escolas de crença e trouxe perturbações. Em seguida, apareceu um sacerdote que forneceu muitas regras de adoração ao Pai, mas os problemas da comunidade permaneceram sem alteração.

Prosseguindo, Jesus narrou:

– Neste lugar não havia diretrizes ao trabalho, nem ânimo, nem valor, nem alegria. Grassava a doença, a morte, a necessidade e a ignorância. Certo dia, apareceu ali um homem simples, com um sorriso espontâneo e um coração cheio de boa vontade. Nos gestos de bondade pura e constante, rendia culto sincero ao Todo Poderoso. Trabalhou e melhorou o lugar com simplicidade e amor, aproveitando as horas em que não estava trabalhando no ensinamento fraterno e edificante, sempre voltado ao bem de todos.

Diante da história, a platéia não ousou qualquer indagação, e Jesus terminou:

– Em verdade, há muitos trabalhadores no mundo que merecem a benção do Céu pelo bem que proporcionam ao corpo e a mente das criaturas, mas aquele que educa o espírito eterno, ensinando e servindo, paira acima de todos.
— Jesus no Lar, capítulo 7, “O maior servidor”.

Ensinar e servir

Jesus, em sua fala, não desmerece nenhum profissional, mas o que demonstra são ações muito individualizadas, que dividiam o povo e eram centradas na própria personalidade. Mas, ao final, apresenta um personagem bondoso, simples, de boa vontade, desejoso de servir e alegre.

O personagem, dando o exemplo, funda uma escola e convida a todos, sem desejo de ser o melhor servidor, convidando, inclusive, os participantes anteriores para contribuir na ação. Jesus enfatiza que esse homem simples investe na “educação”, na tarefa de exemplificar, de ensinar.

Jesus demonstra, claramente, que não há necessidade de uma titularidade. Podemos dar o que “já temos”.

Simplicidade e alegria

Analisando cada um dos participantes do primeiro parágrafo da história, verificamos que tudo só fez sentido quando o homem simples apareceu, porque todos se uniram na empreitada.

Essa pessoa simples não se autodenominou e, sim, apresentou um “sorriso espontâneo que revelava um coração cheio de boa vontade”. Tudo voltado para suas ações, que foram executadas com simplicidade e alegria.

Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho.
— Fonte Viva, capítulo 73, “Estímulo fraternal”.

Jesus enfatizou todas as “coisas” que todos os personagens anteriores ao homem simples apresentaram. Quando apareceu o homem simples, veio só ele, com seu espírito educado para o bem comum.

Não que todas as demonstrações anteriores deixem de ser importantes, mas, repetimos, as boas ações são sempre voltadas ao bem comum, à evolução do ser, ao coração, ao amor. O intelecto é o recurso para o desenvolvimento do amor.

Mestre na educação

Mas, o que é EDUCAÇÃO? E, quem é o MESTRE?

Vejamos o que nos diz Allan Kardec, codificador da doutrina espírita, que fornece à humanidade obras que nos auxiliam em nossa educação moral. Ele foi discípulo de Pestalozzi, diretor da Academia de Paris e membro de diversas sociedades científicas. No livro “Plano Proposto para a melhoria da Educação Pública”, Kardec explica:

a EDUCAÇÃO é a arte de formar os homens, isto é, a arte de fazer eclodir neles os germes da virtude e abafar os do vício; de desenvolver sua inteligência e de lhes dar a instrução própria às suas necessidades. Numa palavra, a meta da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais. Eis o que todos repetem, mas o que não se pratica.
— Plano Proposto para a melhoria da Educação Pública, página 2.

Dessa forma, o intelecto é o recurso do amor. O amor é o caminho e Jesus é o MESTRE!

O livro “O mestre na educação” nos diz:

Mestre é aquele que educa. Educar é apelar para os poderes do Espírito. O mestre desperta as faculdades que jazem dormentes e ignoradas no âmago do EU, ainda inculto. A missão do mestre não consiste em introduzir conhecimentos na mente do discípulo, se este não se dispuser a conquistá-los, jamais o possuirá.
— O mestre na educação, capítulo 2, “A obra messiânica de redenção é obra de educação”.

O “homem simples” do texto apelou para os poderes do espírito. Educou o espírito eterno.

Jesus, na nossa vida, é o Mestre que nos convida a ações. Então, “não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer”. (O Livro dos Espíritos). Sendo assim, há uma correlação com a responsabilidade do Espírito.

Aprendiz e servidor

O “homem simples” está dividindo suas experiências ao mesmo tempo em que está servindo a quem se propusesse a ouví-lo. Somos chamados o tempo todo, mas estamos prontos para ouvir?

Estamos prontos para realmente agir no bem? Estamos deixando de aprender, quando, pelo nosso orgulho, não expomos nossa convicção no bem, quando não buscamos saber? Devemos ter a humildade de reconhecer que temos muito a aprender e então buscar o conhecimento.

Felipe, humildemente, fez a pergunta a Jesus: “Senhor, qual é o maior servidor do Pai entre os homens na terra?

Estamos na “condição” de aprendizes. Muitas vezes, nos colocamos na posição de que não somos bons servidores e isso também é orgulho e nos acomodamos em nossa postura materialista porque, na realidade, queremos grandes tarefas.

Devemos analisar quem somos nós na tarefa e no serviço, se temos boa vontade para agir, se temos a percepção de que, a todo momento, aparecem as oportunidades para a ação. E não precisa que sejam tarefas grandiosas. Às vezes, um abraço, um sorriso trazem tudo o que é necessário naquele momento. E lembremos que as tarefas começam em nossa própria família!

Quem somos nós?

Somos os homens de todas as profissões do início do texto e temos que nos esforçar para sermos “homens simples”. Nosso maior compromisso é a reforma moral. Busquemos a auto-educação e o auto-amor, lembrando: “nossas sombras fazem parte de nós”. Amemos a nós mesmos, nos comprometendo a trabalhar para retirar de dentro de nós mesmos o que “ainda” não é luz, mas será. Nosso destino é a luz porque Jesus é nosso MESTRE!

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Referências bibliográficas:

  • VINÍCIUS, Pedro de Camargo. O mestre na Educação. Editora FEB. 1977. Cap. 1.
  • RIVAIL, Hippolyte Léon Denizard. Plano Proposto para a melhoria da Educação Pública. 1828. p. 2.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 642.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. pelo Espírito Neio Lúcio. Cap. 7.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. pelo Espírito Emmanuel. Cap. 73.

*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.

**Imagem em destaque via Pexels.com

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