Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, o trabalhador Fernando Vaz nos traz a reflexão sobre Mortes Prematuras, o difícil desafio da perda das pessoas amadas. Fazendo-nos refletir a respeito de algo que para nós é muito triste.

O palestrante nos convida a pensar em uma mãe que perde seu filho, em um marido que perde sua esposa ou vice-e-versa. Se acreditamos que só temos esta existência, a compreensão de uma despedida repentina quando um ente querido desencarna fica muito mais difícil. 

Investiguemos as indagações ditas nesses momentos:

  • Por que Deus permite a algumas famílias seguirem o fluxo considerado natural, em que idosos vão antes dos mais jovens, e a outras famílias não? 
  • Onde está a justiça divina nos casos de mortes prematuras?
  • Onde está a bondade de Deus?

A Doutrina Espírita nos ensina que todas essas questões podem ser entendidas através da Reencarnação.

O que é a reencarnação?

Allan Kardec, no capítulo IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, define reencarnação como “a volta da alma ou espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo”.

Diante disso, atravessamos a perda, sabendo que Deus é misericordioso e de infinita bondade!

Percebemos que não há nada que aconteça em nossas vidas, que não tenha a autorização divina. A Reencarnação é um presente eterno , é um vai e vem que vivemos em dimensões diferentes.

Compreendendo a Reencarnação, vejamos o que traz o capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo sobre a perda de pessoas amadas:

Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.
— Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris, em 1863.

Desencarne e desapego

Seguindo essas linhas, vemos que nos apegamos de maneira tão intensa, esquecendo que o outro lado é um paraíso, que a vida é melhor no mundo espiritual, nossa verdadeira pátria. 

Espíritas, sabemos que estamos em um planeta de provas e expiações. E quando chega a hora de viver o desencarne dos entes amados, vamos querer ficar mal com Deus e com nós mesmos, nos revoltando? Ou preferiremos estar alegres que aquela pessoa segue o fluxo da vida imortal dela? Se ela estava adoentada, se nasceu com problemas de saúde, se vem a desencarnar rapidamente, querer a permanência desse ser encarnado ao nosso lado não seria querer prolongar sua prova? 

Certamente, é um momento de extremo testemunho, a separação. Mas será que manter a pessoa amada ao nosso lado seria o certo?

A partir do desencarne, ela estará totalmente livre daquele corpo doentio. Ao voltar à pátria espiritual ela estará livre, pronta para se tratar, seguir em sua vida eterna, e se reequilibrar.

Ainda, continuando no capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo:

Essa dor se concebe naquele que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.
— Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris, em 1863.

Resgates e espíritos completistas

Para que aconteça o momento da reencarnação existe todo um planejamento da nossa vida.

Em mortes prematuras existem casos daqueles que não resolveram situações anteriores aqui e precisam vir para uma estadia curta. São os resgates. Nestes casos, muitas das aflições vividas por alguns espíritos lhes são impostas a pedido deles mesmo, uma vez que o remorso e a auto decepção pelos atos em que prejudicaram alguém, por exemplo, levam este espírito a solicitar a reencarnação atribuída de algum sofrimento físico ou em âmbitos emocionais. 

Há também o caso dos espíritos completistas. No livro Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz na psicografia de Francisco Candido Xavier, encontramos a explicação do que seja um espírito completista.

Manassés, atendendo à curiosidade de André Luiz, explicou que ‘completista’ é o título que designa os raros irmãos que aproveitam todas as oportunidades construtivas que o corpo terrestre lhes oferece. Esses casos, embora raros, existem. Passam, freqüentemente, para o plano espiritual, pessoas anônimas, sem fichas de propaganda terrestre, mas com imenso lastro de espiritualidade superior.
O ‘completista”, na qualidade de trabalhador leal e produtivo, pode escolher, à vontade, o corpo futuro, quando lhe apraz o regresso à Crosta em missões de amor e iluminação, ou recebe veículo enobrecido para o prosseguimento de suas tarefas, a caminho de círculos mais elevados de trabalho.
— do livro Missionários da Luz, capítulo 12.

Sendo assim, é aquele que cumpre seu planejamento reencarnatório. Sabemos, assim, que existem os que cumprem (minoria), e aqueles que não cumprem (maioria). 

Todos nós temos ao nosso lado, dia a dia, nosso mentor, que nos auxilia sempre que necessitamos. Ao orarmos, podemos nos aproximar das intuições que este espírito mais evoluído nos proporciona. 

Muitos de nós nos esquecemos do nosso propósito aqui na Terra, envolvendo-nos por completo na matéria, com passos inadequados, como: má alimentação, estilo de vida inapropriado, pensamentos vinculados ao orgulho e ao egoísmo. Levando este desvio ao extremo, chegamos ao ponto de não sermos completistas, e muitos desencarnam antes do previsto em função de escolhas que fazem. Dessa forma, não cumprem todo o ciclo previamente planejado.

Isso se dá por perdemos a consciência do dom da vida, deixando-nos levar pelo sofrimento. Deixamo-nos contaminar por ideias errôneas, como: a vida não presta, somos inúteis, somos apenas um número, um RG, um CPF. Essas ideias, se alimentadas, formam um ciclo vicioso, repetindo-se as mesmas lamentações, levando, assim aos desencarnes precoces. Passamos a necessitar, assim, de um novo planejamento. 

Não existe separação, o amor é eterno

Nossos pensamentos, portanto, devem ser positivos. Cerquemo-nos de coisas boas em nossas vidas. Vamos orar e vigiar, sempre!

Para aqueles que aqui ficam, quando do acontecimento do desencarne precoce de um ente querido, a saudade sempre é grande, não há dúvidas. Mas precisamos lembrar da oração, sempre voltada para o ente querido. Ele pode estar muito próximo e, em pensamento, sempre nos unimos a ele. 

Meus caros, não existe separação. O véu entre esse mundo e o mundo espiritual é muito fino…

Não nos esqueçamos que SOMOS ESPÍRITOS IMORTAIS, A VIDA É ETERNA, e que A MORTE NÃO É O FIM.

Ouça agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.
**Imagem em destaque via pexels.com.

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