Temos no capítulo 13 da primeira carta de Paulo de Tarso aos Coríntios um dos trechos mais poéticos do Novo Testamento:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
— 1 Coríntios 13:1-7.

Ora traduzida como amor, ora como caridade, a palavra grega agápe utilizada por Paulo no texto original significava ambos: o mais sublime sentimento de Deus pelas criaturas e das criaturas para com o Pai.

No item 7 do capítulo 15 de O Evangelho Segundo O Espiritismo Allan Kardec comenta a epístola do apóstolo dos gentios.

De tal modo compreendeu Paulo essa grande verdade, que disse: “Quando mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios; quando tivesse toda a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a mais excelente é a caridade.”
Coloca assim, sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular. Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolência para com o próximo.
— O Evangelho Segundo O Espiritismo, capítulo 15, item 7.

Este trecho foi tema de uma reunião do Evangelho no Lar pelos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade. Vejamos a seguir os tópicos comentados.

Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade?

A pergunta feita por Allan Kardec é registrada em O Livro dos Espíritos, na questão 886. A resposta da espiritualidade deixa claro como Jesus entendia o significado de caridade:

Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.

Primeiramente, quando pensamos em caridade, o que vem em nossa mente? Ajuda material, esmola ou algo similar. Mas, a caridade envolve todas as relações com os nossos irmãos no planeta, não importando quaisquer diferenças.

A caridade é ir em direção ao outro. Como? Quais instrumentos utilizarei para esse fim?

Vejamos a seguir.

Caridade com os pensamentos

Como estão nossos pensamentos

Que energia estou emanando para o Universo para auxiliar o planeta? Consigo pensar bem de quem me faz o mal? Nossos pensamentos nos auxiliam para que possamos ir em direção ao outro e, quando conseguimos emitir pensamentos benevolentes sem esperar nada em troca, estamos alimentando o processo de cura do nosso irmão. Que possamos limpar nossa casa mental para utilizar nossos pensamentos para auxiliar o próximo. 

Caridade com as palavras

Como são nossas palavras

São palavras de amor para auxiliar a todos os que necessitam? É importante que utilizemos palavras de esperança, carinho e compreensão para com todos. 

Que de nossas bocas saiam flores para elevar o padrão vibratório e a esperança! As palavras são muitas, mas o que se faz necessário é que elas sejam caridosas, que levantem os caídos e iluminem os desesperados.

Caridade em ação

Como estão nossos atos? Bondosos? Esquecemos de nós mesmos para auxiliar? Nossos atos de caridade podem mover montanhas. Há muito o que fazer, muito trabalho a realizar para que possamos transformar nosso planeta. Hospitais, casas espíritas, igrejas, templos, as ruas, qualquer lugar é uma possibilidade de atuação.

A caridade é o que emana de todos nós! Quando estamos bem, atraímos situações para que possamos ajudar. Nem precisamos procurar. Então, oremos por nós mesmos, nos façamos ficar bem para auxiliar o outro. Cuidar de nós mesmos é a caridade transformadora para que possamos auxiliar o outro. Oremos muito para nossa própria proteção e fortalecimento. Fortes e bem, trabalharemos junto a Jesus em prol do outro.

Necessitamos viver juntos e, para vivermos juntos e bem, só o faremos nos auxiliando, nos compreendendo e nos amando. Precisamos lembrar todos os dias que estamos onde e com quem precisamos para nossa evolução. Aquela dificuldade, aquela pessoa que nos desestrutura é um veículo para nosso progresso. Devemos nos perguntar individualmente: 

O que preciso tirar dessa situação? O que estou necessitando reformular? Que mudança é necessária em mim para que eu seja um trabalhador do Cristo?

Nosso olhar caridoso deve ver o desafio como uma forma de auxiliar a nós mesmos e ao próximo. Aquele ser que nos deixa triste, que nos magoa, que nos desequilibra, é nosso irmão e ao pensar assim estamos usando de caridade. Que possamos nos equilibrar através da prece, para ver o outro como alguém que ainda não vê e entende, mas que, com certeza verá e entenderá. 

Usemos de caridade para exigir mais de nós mesmos do que dos outros e lembremos que nosso exemplo é de suma importância para que nossos irmãos possam buscar o auxílio da renovação.

A mensagem “Com Caridade”, do benfeitor José Silvério Horta, no livro Comandos do Amor, psicografado por Francisco Candido Xavier, traz um convite às ideias aqui apresentadas.

Caridade, sim meus irmãos.
Caridade no sentimento.
Caridade na ideia.
Caridade nos ouvidos.
Caridade na boca.
Caridade nos braços.
Caridade na profissão.
Em todas as atividades, recorramos à divina virtude.
Caridade no olhar.
Caridade no gesto.
Caridade na voz.
Caridade na referência.
Caridade na opinião.
Caridade no trabalho.
Caridade na atitude.
Onde estejamos, peçamos à ela nos sustente e dirija.
Caridade no lar.
Caridade no caminho.
Caridade na rua.
Caridade na fé.
Caridade na colaboração.
Caridade na visita.
Caridade no dever.
Seja onde for e com quem for, estendamos a caridade por bênção da vida.
Com ela, alcançaremos a integração no Divino Amor.
Deus é a meta.
A caridade é a luz.
O próximo é o caminho.
— José Silvério Horta, no capítulo 4 do livro Comandos do Amor.

Acompanhe na íntegra a reunião do Evangelho no Lar que inspirou esta publicação.

* Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
** Imagem em destaque via Pexels.

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