Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, dia 1˚ de abril de 2021, a expositora Maria Alice Batista apresenta sua pesquisa sobre a mediunidade e conduz nossos pensamentos para a reflexão de profundos conceitos. A iniciar pela base segura nas instruções que os Espíritos deram a Allan Kardec em O Livro dos Médiuns:

Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium.  Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos.  Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

É indispensável estudar ou pelo menos buscar algum conhecimento sobre o assunto, uma vez que todos recebemos influências e intuições.

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec não deixou de se ocupar com essa grave questão, no que os Espíritos responderam:

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais.  Influem a tal ponto, que de ordinário são eles que vos dirigem.”

O benfeitor Emmanuel, por intermédio da psicografia do próprio Chico Xavier, assevera que:

Assimilamos os pensamentos daqueles que pensam como pensamos.
É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e ideias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia.
Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a direção que escolhemos. — livro Pensamento e vida, capítulo 8 (Associação).

Exemplo de mediunidade: Chico Xavier

Em sua apresentação Maria Alice estabelece um paralelo entre Jesus e Chico Xavier, no tocante aos testemunhos, ingratidões sofridas por ambos, mas também ressalta o aproveitamento daqueles que se souberam e se dispuseram a aproveitar a oportunidade. Sobre esse tema, Emmanuel nos oferece as sublimes lições e ensinamentos de nosso Mestre.

No trato da mediunidade, não andemos à cata de louros terrestres, nem mesmo esperemos pelo entendimento imediato das criaturas.
Age e serve, ajuda e socorre sem recompensa.
Recordemos Jesus e os fenômenos do espírito. Ainda criança, ele se submete, no Templo, ao exame de homens doutos que lhe ouvem o verbo com imensa admiração, mas a atitude dos sábios não passa de êxtase improdutivo.
João Batista, o amigo eleito para organizar-lhe os caminhos, depois de vê-lo nimbado de luz, em plena consagração messiânica, ante as vozes diretas do Plano Superior, envia mensageiros para lhe verificarem a idoneidade.
Dos nazarenos que lhe desfrutam a convivência, apenas recebe zombaria e desprezo.
Dos enfermos que lhe ouvem o sermão do monte, buscando tocá-lo, ansiosos, na expectativa da própria cura, não se destaca um só para segui-lo até à cruz.
Dos setenta discípulos designados para misteres santificantes, não há lembrança de qualquer deles, na lealdade maior.
Dos seguidores que comeram os pães multiplicados, ninguém surge perguntando pelo burilamento da alma.
Dos numerosos doentes por ele reerguidos à bênção da saúde, nenhum aparece, nos instantes amargos, para testemunhar-lhe agradecimento.
Nicodemos, que podia assimilar-lhe os princípios, procura-lhe a palavra, na sombra noturna, sem coragem de liberar-se dos preconceitos.
Dos admiradores que o saúdam em regozijo, na entrada triunfal em Jerusalém, não emerge uma voz para defendê-lo das falsas acusações, perante a justiça.
Judas, que lhe conhece a intimidade, não hesita em comprometer-lhe a obra, diante dos interesses inferiores.
Somente aqueles que modificaram as próprias vidas foram capazes de refleti-lo, na glória do apostolado.
Pedro, fraco, fez-se forte na fé, e, esquecendo a si mesmo, busca servi-lo até à morte.
Maria de Magdala, tresmalhada na obsessão, recupera o próprio equilíbrio e, apagando-se na humildade, converte-se em mensageira de esperança e ressurreição.
Joana de Cusa, amolecida no conforto doméstico, olvida as conveniências humanas e acompanha-lhe os passos, sem vacilar no martírio.
Paulo de Tarso, o perseguidor, aceita-lhe a palavra amorosa e estende-lhe a Boa-Nova em suprema renúncia.
Não detenhas, assim, qualquer ilusão à frente dos fenômenos medianímicos.
Encontrarás sempre, e por toda parte, muitas pessoas beneficiadas e crentes, como testemunhas convencidas e deslumbradas diante deles; mas, apenas aquelas que transfiguram a si mesmas, aperfeiçoando-se em bases de sacrifício pela felicidade dos outros, conseguem aproveitá-los no serviço constante em louvor do bem. — livro: Seara dos médiuns, capítulo 4 (Ante a mediunidade).

O idealizador e fundador de várias instituições espíritas em Uberaba Carlos A. Baccelli teve a oportunidade de aprender muito na convivência com Chico Xavier. Desse amigo recebeu tantos os exemplos que ele registrouesses diálogos em seus livros. Em seu livro O Evangelho de Chico Xavier, encontramos essa entrevista feita por Luiz Antônio Ferraz, à guisa de prefácio em Uberaba, 2 de abril de 2000.

90.° aniversário de Chico Xavier

1 Luís Antônio Ferraz — O que o motivou a escrever o livro “O Evangelho de Chico Xavier”?

Carlos A. Baccelli — A própria vivência cristã de Chico Xavier, sem dúvida, um dos maiores apóstolos do Senhor em todos os tempos da Humanidade. A vida de Chico é o Evangelho aplicado, o ponto de referência para quantos, na Doutrina Espírita, realmente desejam servir aos propósitos de Jesus sobre a Terra.

2 L. A. F — Por que você escolheu “O Evangelho de Chico Xavier”, como título para este livro?
C. A. B. — Recordando-nos, especialmente, dos nossos encontros das tardes de sábado “à sombra do abacateiro”… Inesquecíveis tertúlias espirituais quando, então, através de Chico Xavier, tínhamos oportunidade de ouvir Emmanuel nos comentários de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

3 L. A. F — Na sua convivência com Chico Xavier você pode presenciar muitas vezes o relacionamento dele com o Evangelho. Como é a relação de Chico e o Evangelho?
C. A. B. — De profunda reverência. Nunca ouvimos ninguém falar de Jesus como Chico Xavier fala! Nas lições escolhidas, o tema quase sempre girava em torno do Cap. V — “Bem-aventurados os aflitos”… Com o Chico, aprendíamos o Evangelho na teoria e na prática, pois, logo em seguida aos estudos da tarde, que eram igualmente enriquecidos com as observações de vários companheiros convidados à palavra, confraternizávamo-nos com os nossos irmãos da periferia. De cada parágrafo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (alguns exemplos constam de dois livros anteriores, de nossa lavra: “Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro” e “As Bênçãos de Chico Xavier”), ele extraía conceitos maravilhosos sobre os problemas que nos haviam motivado a procurá-lo…

4 L. A. E — Você se recorda de algum fato ou acontecimento interessante envolvendo Chico Xavier e o Evangelho?
C. A. Ii. — Algumas vezes, chegando à sua casa, íamos encontrá-lo sozinho, no silêncio da sala onde habitualmente nos recebia em nossas visitas semanais das quartas-feiras, a mim e à minha esposa, Márcia — durante longos anos, sempre nas noites de quarta, Chico nos recebeu em sua casa: trabalhávamos, conversávamos, trocávamos ideias sobre diversos assuntos da Doutrina e, lá pelas tantas, tomávamos um chá… Pois bem, em diversas ocasiões surpreendemos Chico, que nos esperava, a ler “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; então, ele nos dizia: “Estou estudando um pouco…”

5 L. A. F — O que diz Chico Xavier sobre o culto do Evangelho no lar?
C. A. Ii. — Sempre o ouvimos recomendar a prática do culto do Evangelho no lar Em certa ocasião, um amigo queixou-se a ele que, na noite consagrada ao culto do Evangelho em sua casa, era um verdadeiro transtorno: o telefone não parava de tocar, os meninos se atritavam, problemas elétricos provocavam princípio de incêndio nos aparelhos domésticos… Ele pedia uma orientação. Deveria mudar o dia do culto? Após escutá-lo, Chico respondeu: — “Meu filho, mantenha o dia do culto e, nos demais dias da semana, reúna informalmente a família para orar Faça um culto informal nos outros seis dias da semana, pois não há espírito obsessor que seja tão persistente…”

6 L. A. F — Em abril, Chico Xavier estará completando 90 anos de vida. Nestes longos anos de labor, qual o maior ensino que Chico Xavier tem nos deixado?
C. A. li. — O da fidelidade ao Evangelho. Ele nunca se arrefeceu diante das críticas dos que o consideram um “médium religioso”; ele sempre nos ensinou que o Espiritismo sem Jesus não cumprirá com as suas finalidades no progresso moral das criaturas: para ele, é o Evangelho que nos melhora por dentro. Aos 90 de idade, a se completarem no próximo 2 de abril, vemo-lo no supremo testemunho da fé, com total esquecimento de si mesmo. Chico, sem dúvida, destacou-se pela sua condição de médium, todavia o que o fez respeitado por todos, espíritas e não espíritas, é a sua bondade, mostrando ao mundo que, tanto quanto o Cristianismo no passado, o Espiritismo também é capaz de fornecer hoje apóstolos do Evangelho à Humanidade!

Podemos encontrar na Wikipedia os seguintes dados biográficos: “nascido em 2 de abril de 1910 em Uberaba, e tendo vivido até 30 de junho de 2002, Chico Xavier foi médium, filantropo e um dos mais importantes expoentes do Espiritismo. Seu nome de batismo, Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo que publicou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.”

O legado do médium ultrapassa as barreiras religiosas e ele é reconhecido como o maior “líder espiritual” do Brasil, sendo uma das personalidades mais admiradas e aclamadas no país e ressaltado principalmente por um forte altruísmo. — Do site Wikipedia.

De sua Mediunidade com Jesus, hoje dispomos dessas sementes de Luz, que denominamos Obras subsidiárias, todas fundamentadas nas Obras Básicas codificadas por Allan Kardec.

Seu primeiro livro foi Parnaso de Além Túmulo, em 1932 e o seu último, publicado enquanto encarnado foi o de número 412 Amor e Verdade, em 1999. As demais Obras de Chico foram publicadas após seu desencarne. São livros ou mensagens esparsas que foram reunidos e publicados por seus amigos.

No livro Chico Xavier Amor e Sabedoria na mensagem intitulada “Uma Existência Benfeitora”, de João Cuin, retirei esse trecho que me sensibilizou até as lágrimas:

Onde estejas, Deus sempre te bendiga, Chico Xavier, pela existência fecunda e dadivosa! O mundo um dia reconhecerá tua grandeza humilde e fará jus ao nome que honorificaste na Terra, no milênio em que viveste!
Nós, muitos que éramos, dormíamos, agasalhados no aconchego de nossos lares, ou nos divertíamos nos saraus festivos, enquanto tuas mãos, no silêncio anônimo, trabalhavam para nos legar um dos patrimônios mais preciosos que o mundo já presenciou.
A saudade é também a luz da esperança. E, ao partires do mundo, um coro de anjos entoará hinos de glória ao servo bom, que és, ao irmão, amigo e companheiro que cumpriu integralmente o dever e, mais ainda, que chegou mesmo a fazer o trabalho por outras mãos.
(…) Ao bater a saudade em nosso coração, como flor esmaecida, por tua ausência material no mundo, diremos ainda:
Até breve, Chico Xavier, ou até um dia!

Acompanhe na íntegra a palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Marli Giarola Fragoso

** Imagem em destaque: Grupo Espírita Yvonne Pereira.

Categorias: Notícias

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