Em palestra transmitida pelos canais digitais da AEFC, a expositora Marlete Siqueira trouxe até nós suas reflexões sobre o tema “Ódio e Amor”, sentimentos que nos acompanham no dia a dia. Como ponto de partida, Marlete apresenta o texto de Mateus 5:43-48:

Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo” e “Odiarás o teu inimigo”.
Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem,
para que vos torneis filhos do vosso Pai, {que está} nos céus, já que seu sol desponta sobre maus e bons, e cai chuva sobre justos e injustos.
Pois, se amais os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem o mesmo os publicanos.
E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem também os gentios o mesmo?
Portanto, sede vós perfeitos, como é perfeito vosso Pai Celestial.
— Mateus 5:43-48.

Diante destes versículos, a expositora convida-nos à seguinte reflexão :

O que eu posso ganhar odiando as pessoas ou fazendo inimigos?

O Espírito Joanna De Ângelis através da psicografia de Divaldo Franco discorre a esse respeito no livro Autodescobrimento: uma busca interior.

 … toda vez que a raiva é submetida a pressão e não digerida
produz danos no organismo físico emocional e não físico mediante distúrbios do
sistema vago simpático tais como indigestão, diarreia, acidez, arritmia,
inapetência ou glutonaria como autopunição por exemplo no emocional
nervosismo,amargura, ansiedade, depressão.
Raivas que são ingeridas a contragosto e não eliminadas de infância em razão de
métodos castradores da educação ou agressividade do grupo social ou ainda
necessidades socioeconômicas podem desencadear tumores malignos e
outros de graves efeitos no organismo, alterando a conduta por completo.
— Joanna de Ângelis, no livro Autodescobrimento.

Se deixarmos que o ódio em qualquer de suas formas penetre nas nossas vidas o resultado vai ser sempre sofrimento. 

As várias faces do ódio

A expositora informa que dentre as várias formas e facetas do ódio, a primeira e mais simples é o desprezo. É o sentimento que tem como base a convicção da inutilidade das pessoas, objetos ou instituições. A pessoa que sente desprezo se convence de que o outro não merece sua atenção ou preocupação. Ao sermos convencidos dessa superioridade, podemos passar a nos comportar como se o irmão não fosse digno de sequer um olhar nosso. 

Dessa forma esse sentimento vai crescendo e tomando força dentro de nós, passando a um sentimento mais complexo: a inveja, que leva a pessoa a ir além do desprezar, e passar a ignorar também as conquistas do outro, seu modo de viver e de ser. Para quem sofre de inveja, o sucesso do outro lhe dói mais do que seu próprio fracasso.

Se alimentado o ódio, este pode se transformar em desejo de vingança, fazendo com que a pessoa viva em uma espiral de emoções negativas. Por acreditar que o outro lhe fez um grande mal, passa a querer retribuir da mesma forma o dano sofrido.

A palestrante Marlete Siqueira nos revela que na verdade o vingador não se vinga da ferida provocada nele ou em alguém que ele ama, mas vinga a ferida no seu amor-próprio. O vingador se sente humilhado se sente menor. Descompensado e acredita que vingando-se ele vai recuperar vai devolver ao seu ego a autoestima perdida. 

“Grande ilusão”, comenta a palestrante. “Porque nesse movimento de buscar vingança ele encontra ainda mais sofrimento para si mesmo. Esse sentimento de ódio, essa mágoa, não diminui. Ela é acrescida pela cobrança que a nossa própria consciência nos faz pelo ato cometido.”

Quem passa a odiar e escolhe se vingar cria em torno de si uma pesada rede mental. Desses pensamentos, quem odeia atrairá para si espíritos desencarnados, com os mesmos pensamentos negativos, dificultando, assim a saída desse emaranhado. Podendo, inclusive, ocasionar a instalação de um quadro de loucura. 

Amor ao inimigo

A questão do ponto de vista de Jesus é tão séria que Ele a inclui em muitas de nas suas falas, dando-nos a oportunidade de refletir sobre a inimizade. Em Mateus 5:24 Jesus nos convida a, antes de fazer oferendas no templo, ir nos reconciliar com nossos inimigos. 

Isso quer dizer que não adianta irmos aos cultos evangélicos, missas católicas, reuniões espíritas ou cumprir nossas obrigações religiosas se o nosso coração ainda está tomado de sentimentos menores e hostis contra algum irmão. Quando fazemos isso nós realizamos um tipo de culto externo que muito pouco valor vai ter para nossa evolução espiritual. Por que sabemos que Deus é amor.
— Marlete Siqueira, em palestra para a AEFC.

Na prática, sabemos que não se pode comparecer diante do Amor com o coração manchado pelo Ódio.

Para fechar as reflexões sobre o tema, a expositora faz uma última pergunta: é possivel uma pessoa amar o seu inimigo?

A resposta vem através de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XII, item 3.

Amar seus inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos fazem; é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em caso de necessidade; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai vossos inimigos.
— O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.
** Imagem de capa via pexels.com.

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