Toda reencarnação é precedida de planejamento. Em palesta à Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Maria Thereza Carreço de Oliveira nos esclarece sobre como o espírito trabalha, estuda e observa para fazer suas escolhas em relação às provas e gênero de vida que terá.

Maria Thereza inicia nos convidando a imaginar, na sequência do Processo Criativo, o despertar de nossa consciência possibilitando o exercício do livre arbítrio. Ao longo das vidas sucessivas vamos compreendendo nossas escolhas faltosas e aprendendo a escolher o gênero de provas que precisamos vivenciar.

Como acontece a escolha das provas?

Essa escolha de provas se dá pelas nossas necessidades, além da natureza das faltas. De modo geral, temos assessoria de benfeitores neste planejamento. Verificamos então que previstos são os fatos principais. Particularidades são por conta da posição que ocupamos na encarnação e/ou pelas circunstâncias.

É oportuno lembrar, à medida que vamos estudando os ensinamentos dos espíritos, entendemos que este processo não é castigo divino. Claro que nada acontece sem Sua Permissão, mas não há punições. Há consequências de faltas, de acordo com a lei de ação e reação.

Admitimos que no decorrer do caminho há muitas tentações. Embora nossas tendências e escolhas determinem o caminho, estamos sempre expostos aos sofrimentos. Nesta graduação planetária passamos sempre por provas. Testes da alma. Em outros orbes, em outros graus, os espíritos podem não precisar passar por provas, mas ficam sujeitos a deveres de aperfeiçoamento.

Por que nem todas as provas são iguais?

As provas também sofrem influências em suas cargas. Há aquelas que podem não ser tão aproveitáveis como deviam. As escolhemos, às vezes, maior que a força que temos e embora alertados pelos Benfeitores insistimos e ficamos prejudicados. Outras vezes concordamos em provas menores que nossas força. Isto acaba gerando espaços e tempos inúteis, ociosos.

Ao falarmos de provas e expiações, inevitável adentrarmos a justiça das aflições. Afinal, estas determinam aquelas e é difícil aceitar a utilidade de sofrer para alcançar méritos, para alcançar o estado de felicidade na vida futura.

Somos tentados a questionar: uns sofrem mais que outros?

Respondemos com outra indagação: como concebemos Deus, sentimos, temos certeza da Sua Bondade e Justiça? Vicissitudes têm causas. E, se Deus é Justo, entra aí uma questão de Fé.

Falando em vicissitudes, é sempre oportuno lembrar as causas atuais das aflições — provocadas por nossas escolhas e condutas — e as causas anteriores, de vidas passadas, que mesmo não lembradas são consequências naturais de faltas cometidas, mas já com alguns atenuantes, pelo bem já realizados.

As duas causas se interligam, é impossível separá-las. Somos um único ser, com uma vida contínua, imortal.

O exemplo de Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado

Jerônimo Mendonça é um exemplo deste quadro. Conviveu entre nós. Nasceu bem, em família simples mas com saúde. Tinha uma frequência religiosa com a avó na Igreja Presbiteriana. Tinha questionamentos, porém, sobre os problemas da morte e do destino da alma. Após o desencarne da avó, buscou respostas e encontrou a Doutrina Espírita, à qual se afinizou.

Rapagão alto, musculoso, presenciou um recado espiritual para ele. Numa palestra espírita, através de um médium, soube que viria a ter desafios na área da saúde. Mais tarde desenvolveu artrite reumatóide degenerativa, doença cardíaca, e perda da visão. Aos 20 anos já estava definitivamente numa cama. Mesmo assim manteve dedicação acentuada a trabalhos voltados à Doutrina Espírita.

Auxiliado por amigos, fundou centros espiritas, creches, fez viagens Brasil afora para palestras, ditou vários livros. Todas as atividades executadas na posição horizontal, deitado, pois não tinha forças para levantar-se. Permaneceu 30 anos numa maca. E viveu ao todo 50 anos.

No livro Asas da Libertação, psicografado por Célia Xavier Camargo e publicado em 2008 pela Petit Editora, Jerônimo explica as motivações passadas que o levaram, assessorado por Benfeitores Espirituais, à escolha dessa expiação vivendo aflições acumuladas por comportamentos inadequados, violentos, em várias existências.

Nestes relatos toda uma trajetória de dores e também de despertares de consciência, mostram que recebemos sempre o que plantamos.

Aflições e evolução espiritual

Outro grande aprendizado é que ninguém está perdido frente à Lei Divina. Todos temos e teremos oportunidades de transformação. As aflições que provocamos hoje ainda estão em tempo, também, de serem revistas para que não se transformem em progressões negativas para o futuro.

Concluímos com pinceladas de Allan Kardec sobre causas anteriores das aflições:

Espíritos não podem aspirar à perfeita felicidade enquanto não estão puros. É nas diversas existências corpóreas que os Espíritos se livram, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provas da vida fazem progredir,quando bem suportadas ; como expiações apagam as faltas e purificam; são o remédio que limpa a ferida e cura o doente, e quanto mais grave o mal, mais enérgico deve ser o remédio.
— O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V.

Acompanhe a palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.
** Imagem em destaque: via pexels.com.

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