A palestra realizada na Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 21 de janeiro de 2021 trouxe o tema “Tempo: O Talismã Divino”. A inspiração para o tema encontra-se no capítulo 22 do livro Jesus no Lar, pelo Espírito Neio Lúcio.

O capítulo intitulado “O talismã divino” relata uma conversa, na casa de Simão Pedro, entre Jesus e Isabel, genitora de João e Tiago, na presença dos outros apóstolos. Nesse diálogo, Isabel questiona Jesus sobre a existência de um objeto mágico ou um talismã divino que pudesse favorecer nosso progresso.

Jesus instiga os ouvintes com relatos de um talismã, conhecido por todos, que possuía inúmeras propriedades que facilitam o progresso moral de todos. O Mestre, então, termina suas reflexões dizendo:

“O tempo é o divino talismã que devemos aproveitar.” – Jesus no Lar, Cap. 22.

O Tempo

Ao falar sobre o Tempo, é necessário uma compreensão sobre o significado desse conceito que, muitas vezes, nos parece abstrato e relativo, como afirma Santo Agostinho, no livro Confissões:

“Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei.” – Confissões, Livro 11°, Cap. XVI.

Essa afirmação demostra que conseguimos perceber a presença do tempo em nossas vidas, entender as consequências práticas dele, porém ainda temos dificuldades de o definir precisamente.

Para obtermos esse conceito mais precisamente, podemos recorrer à Doutrina Espírita, mais especificamente no livro “A Gênese”, uma das obras básicas da codificação.

“O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias (…)” – A Gênese, Cap. VI, Item 2.

Ao apresentar o tempo como uma medida, podemos entender que o tempo pode ser apresentado como uma medida material, como o segundo ou as horas, que ocorre independente de quaisquer circunstâncias. Analisando o conceito de tempo pela “sucessão de coisas transitórias”, podemos entender as coisas transitórias como todas as coisas materiais, nossos bens e o nosso próprio corpo, apresentando a ideia de que essa definição de tempo é uma consequência material.

Em primeira análise, a definição apresentada por Jesus pode ser interpretada como sendo contraditória à apresentada pela Doutrina Espírita. Por um lado, o tempo é apresentado como um talismã divino e, por outro, como sendo uma consequência material.

No entanto, podemos entender o conceito do tempo como sendo essa consequência material, dada a nós como um presente divino para o nosso aperfeiçoamento.

Nossa relação com o tempo

Ao analisarmos a relação histórica do ser humano com o tempo, observamos uma relação conflituosa e complicada. Desde os gregos antigos, que representavam o tempo como o inimigo da sua mitologia, até os tempos atuais, quando utilizamos expressões como “correr contra o tempo” ou “matar o tempo”, percebemos uma visão do tempo como sendo um inimigo que precisamos combater.

A nossa maneira materialista de enxergar o tempo nos faz pensar nele como aquilo que consome, leva nossos entes queridos e faz as coisas ao nosso redor ruírem. Pensar no tempo dessa forma, projetado nas nossas metas, prazos e objetivos pode nos causar aflições e seguimos tratando o tempo como nosso adversário.

No entanto, conseguimos enxergar o tempo como um amigo quando aplicamos a Lei de Justiça, Amor e Caridade em cada segundo de nossa vida. Quando esse tempo passa, o que fica não é o vazio material, mas sim a plenitude da prática do amor, fazendo com que consigamos ir além da transitoriedade material, como nos explica Joanna de Ângelis:

“Quando o amor se instala no ser humano, de imediato uma sensação de prazer se lhe apresenta natural, enriquecendo-o de vitalidade e de alegria com as quais adquire resistência para a luta e para os grandes desafios, aureolado de ternura e de paz.” – Amor, Imbatível Amor, Primeira parte, Cap. 5.

Tempo e Equilíbrio

Dessa forma, Emmanuel nos esclarece a forma como podemos mudar a forma que enxergamos o tempo, trocando a lente materialista que muitas vezes utilizamos por uma lente da Lei de Justiça, Amor e Caridade:

“É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?” – Caminho, Verdade e Vida, Cap. 1

Dessa forma, precisamos encontrar esse equilíbrio no uso do tempo em nosso cotidiano.

3 Passos para encontrarmos o equilíbrio

1. Autoconhecimento

O Autoconhecimento serve como um primeiro passo para entendermos como estamos nos relacionando com o tempo. Esse recurso faz com que olhemos para dentro de nós e busquemos nossas imperfeições, como nos explica Joanna de Ângelis:

“(…) O esforço para o autoconhecimento se transforma em necessidade terapêutica, porquanto o aprofundamento sereno na busca de respostas para os conflitos da personalidade, culminarão apresentando a cada um informações que não haviam sido detectadas lucidamente, e que passarão a contribuir de forma valiosa na conduta.” – Amor, Imbatível Amor, Nona Parte, Cap. 44.

Após enxergarmos e entendermos nossos defeitos, podemos partir para o próximo passo.

2. Lei de Destruição

A Lei de Destruição se apresenta como outro presente divino para nossa caminhada evolutiva. Essa Lei Moral nos traz a impermanência necessária pra reconstruirmos nossas bases de pensamento e nossas crenças. Os Espíritos nos esclarecem em relação à essa Lei Divina no Livro dos Espíritos:

“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.” – O livro dos espíritos, questão 728.

Dessa forma, precisamos transformar nossos pensamentos para que possamos regenerar nossa relação com o tempo.

3. Cultivar o Amor

Ao reconstruirmos nossas bases de pensamento, precisamos aplicar a Lei de Justiça, Amor e Caridade a cada momento, atingindo um estado de ressonância com essa Lei Divina de amor.

Atingindo esse estado, passamos a valorizar cada segundo como uma oportunidade de recomeço e evolução, entendendo o tempo como o “talismã divino” explicado por Jesus. As dificuldades transitórias passam a ser impulsionadores para o nosso progresso moral e passamos a praticar nossa fé em Deus.

Pequenas Maravilhas

A palestra encerrou com a música “Pequenas Maravilhas” do cantor e compositor Rob Thomas. A letra da música relata como conseguimos aproveitar cada momento de nossa vida uma vez que entendemos nosso propósito e o “nosso lugar”. Passamos a enxergar nossos erros como sendo transitórios e conseguimos aproveitar as pequenas maravilhas que Deus nos apresenta a cada dia:

“A vida se faz com essas horas, Pequenas maravilhas na voz do coração, (…) Tudo que eu errei as águas vão levar , Pois eu agora sei que estou no meu lugar” – Pequenas Maravilhas, Rob Thomas.

Acompanhe a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou com esta publicação: Alberto Luz.

** Crédito da imagem: divulgação.

Categorias: Notícias

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *