Tragédias naturais na visão espírita

Qual a explicação para as tragédias naturais ou flagelos destruidores? A Doutrina Espírita nos mostra que não há castigo, mas oportunidades para que a humanidade avance mais depressa.

Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Fabiana Fertig trouxe esclarecimentos trazidos pela Doutrina Espírita sobre tragédias naturais como a que assolou o estado do Rio Grande do Sul no outono de 2024.

A palestrante inicia a reflexão demonstrando que as situações de aflição são comuns a todos nós, espíritos encarnados na Terra. “Todos nós sofremos. Às vezes julgamos que algumas criaturas não sofrem porque elas estão mostrando nas redes sociais que estão passeando ou tem salários magníficos, corpos perfeitos… Tudo aquilo que a gente supõe ser sinônimo de sucesso e felicidade. A gente julga que algumas pessoas não sofrem alguns países não sofrem, só o nosso sofre. Só eu sofro ou só a minha família. Mas o espiritismo vem esclarecer que o sofrimento é inerente a esse planeta no qual nós vivemos, que é um planeta de provas e expiações,” afirma Fabiana.

As situações das guerras, as doenças como a pandemia da COVID-19 e as tragédias naturais são trazidas à luz da Doutrina Espírita por Allan Kardec na terceira parte de O Livro dos Espíritos, que trata da Lei de Destruição.

Lei de Destruição e Tragédias Naturais

Mas por que Deus permite que tais desastres aconteça? Responde a espiritualidade superior, que é para fazer a humanidade progredir mais depressa. Através das resposta a Kardec, a espiritualidade traz que as tragédias naturais são em si:

  • provas para demonstrar paciência; resignação e fé;
  • oportunidades de progresso para aqueles que as vivenciam;
  • formas de evitar males maiores;
  • necessidade da natureza, de se restabelecer;
  • convite de olhar a vida para mais além, tendo em vista o mundo real, do Espírito.

A destruição é uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento.

Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.
— O Livro dos Espíritos, questão 737.

Mas não poderia Deus, então, educar a humanidade de outra forma? A espiritualidade diz que sim, e o faz diariamente.

Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios. Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.
— O Livro dos Espíritos, questão 738.

Mas nesses flagelos são afetadas crianças, animais indefesos, homens e mulheres de bem, assim como pessoas perversas. Será que é justo?

A espiritualidade responde:

A vida do corpo bem pouca coisa é. Um século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, formam o mundo real. Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a sua solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.
— O Livro dos Espíritos, questão 738 A.

Mas e as vítimas inocentes, que nada fizeram por merecer tal destino?

Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.
— O Livro dos Espíritos, questão 738 B.

Kardec complementa, comentando:

Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo. Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e a abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.
— O Livro dos Espíritos, comentário à questão 738.

A esperança e o sofrimento

Será que há algo que bom que possa surgir destes males?

A espiritualidade nos diz:

Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região, mas o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam. Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.
— O Livro dos Espíritos, questões 739 e 740.

No capítulo 80 do livro Vinha de Luz, Emmanuel, pela psicografada do médium Francisco Cândido Xavier, nos traz uma página sobre “saber sofrer”. Diz Emmanuel:

Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz.
(…)
Seria útil sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros?
Não será agravar a dívida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?
Raros homens aprendem a encontrar o proveito das tribulações. A maioria menospreza a oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.
Todas as criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.
— Vinha de Luz, capítulo 80.

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

*Imagem em destaque via DALL-E pelo ChatGPT da OpenAI.

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