No dia 19 de julho de 2021 a Associa\u00e7\u00e3o Esp\u00edrita F\u00e9 e Caridade transmitiu em seus canais digitais a palestra “Sofrimento e Eutan\u00e1sia”<\/a>, por Rudnei Martins. O palestrante come\u00e7a sua explana\u00e7\u00e3o atestando, claramente que: “se tiv\u00e9ssemos a f\u00e9 que achamos que temos, ter\u00edamos a certeza de que n\u00e3o podemos fazer eutan\u00e1sia.”<\/p>\n

Rudnei explica que al\u00e9m da eutan\u00e1sia existem outras duas abordagens. Vamos comparar as tr\u00eas:<\/p>\n

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• Eutan\u00e1sia: abreviar a vida de uma pessoa, quando n\u00e3o existem mais tratamentos que possam ser realizados para melhorar o quadro cl\u00ednico dela.<\/li>\n
• Ortotan\u00e1sia: morte natural, sem que sejam realizados tratamentos pouco \u00fateis, invasivos ou artificiais\u00a0para manter a pessoa viva e prolongar a morte. Consiste de cuidados paliativos, que \u00e9 uma abordagem que procura manter a qualidade de vida do paciente<\/li>\n
• Distan\u00e1sia: prolongamento da vida por meio do uso de rem\u00e9dios que pode trazer sofrimento para a pessoa.<\/li>\n<\/ul>\n

  O palestrante retoma o racioc\u00ednio do in\u00edcio da palestra nos trazendo que “se tiv\u00e9ssemos a f\u00e9 raciocinada<\/a> da Justi\u00e7a Divina, ter\u00edamos certeza de que nenhum pai quer o mal para o seu filho”. Portanto, se Deus permite que alguma situa\u00e7\u00e3o de doen\u00e7a prolongada aconte\u00e7a, \u00e9 porque \u00e9 necess\u00e1rio. \u00c9 uma maneira para que aquele esp\u00edrito evolua.<\/p>\n

  N\u00e3o podemos nos esquecer da nossa condi\u00e7\u00e3o de inferioridade, de que estamos em um planeta de provas e expia\u00e7\u00f5es, de que doen\u00e7as fazem parte ainda da nossa evolu\u00e7\u00e3o, para nossa melhora.<\/p>\n

  Por que sofremos?<\/h2>\n

  O palestrante nos coloca que o motivo por tr\u00e1s do nosso sofrimento est\u00e1 na import\u00e2ncia que damos ao lado material. Se a pessoa que sofre n\u00e3o tiver a certeza da eternidade do esp\u00edrito, vai querer acabar com o sofrimento, pedir a eutan\u00e1sia. Ou a fam\u00edlia que tamb\u00e9m n\u00e3o tiver a certeza da eternidade do esp\u00edrito, com pena da situa\u00e7\u00e3o, vendo o ente querido sofrer, pode solicitar o encurtamento do sofrimento. Ou at\u00e9 o m\u00e9dico, vendo pelo lado cient\u00edfico, pode sugerir a eutan\u00e1sia.<\/p>\n

  “Tudo isso ocorre pois estamos colocando o material sempre na frente do espiritual. Essas doen\u00e7as podem ser grandes chances para o esp\u00edrito, pois nesses momentos de sofrimento ele tem a oportunidade de refletir e dar valor a coisas que antes ele n\u00e3o dava tanta import\u00e2ncia,” afirma Rudnei.<\/p>\n

  A pessoa que sofre pode aprender muito com isso para n\u00e3o repetir os erros na pr\u00f3xima encarna\u00e7\u00e3o, pelo tempo de reflex\u00e3o<\/a> no sofrimento.<\/p>\n

  Quem sabe o pr\u00f3prio esp\u00edrito pode ter solicitado passar por tal situa\u00e7\u00e3o. Mas s\u00f3 podemos ter certeza na Justi\u00e7a Divina. Se Deus permitiu, \u00e9 porque ele necessitava para sua melhora.<\/p>\n

  N\u00e3o podemos confrontar os des\u00edgnios de Deus<\/h2>\n

  Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap\u00edtulo V, item 28, temos a resposta de S\u00e3o Lu\u00eds.<\/p>\n

  Um homem est\u00e1 agonizante, presa de cru\u00e9is sofrimentos. Sabe-se que seu estado \u00e9 desesperador. Ser\u00e1 l\u00edcito pouparem-se-lhe alguns instantes de ang\u00fastias, apressando-se-lhe o fim? Quem vos daria o direito de prejulgar os des\u00edgnios de Deus?
  \n— S\u00e3o Lu\u00eds em O Evangelho Segundo o Espiritismo.<\/p><\/blockquote>\n

  Emmanuel, igualmente perguntado sobre a eutan\u00e1sia, nos d\u00e1 uma resposta sobre a rela\u00e7\u00e3o dos sofrimentos em fase terminal da vida f\u00edsica com resgates espirituais.<\/p>\n

  No livro “O Consolador”, parte 1, cap\u00edtulo 5, temos a quest\u00e3o 106: “A eutan\u00e1sia \u00e9 um bem, nos casos de mol\u00e9stia incur\u00e1vel?”<\/p>\n

  O homem n\u00e3o tem o direito de praticar a eutan\u00e1sia, em caso algum, ainda que a mesma seja a demonstra\u00e7\u00e3o aparente de medida benfazeja. A agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a mol\u00e9stia incur\u00e1vel pode ser um bem, como a \u00fanica v\u00e1lvula de escoamento das imperfei\u00e7\u00f5es do Esp\u00edrito em marcha para a sublime aquisi\u00e7\u00e3o de seus patrim\u00f4nios da vida imortal. Al\u00e9m do mais, os des\u00edgnios divinos s\u00e3o insond\u00e1veis e a ci\u00eancia prec\u00e1ria dos homens n\u00e3o pode decidir nos problemas transcendentes das necessidades do Esp\u00edrito.
  \n— Emmanuel, no livro O Consolador, psicografia de Francisco Candido Xavier..<\/p><\/blockquote>\n

  Manoel Philomeno de Miranda, no livro “Temas da vida e da morte”, cap\u00edtulo “Morte e Desencarna\u00e7\u00e3o”: os minutos ou horas que precedem o desencarne tem muita significa\u00e7\u00e3o. Um minuto pode significar muito nas encarna\u00e7\u00f5es posteriores, pelas reflex\u00f5es que proporciona. \u00c9 poss\u00edvel que a pessoa venha a nunca mais repetir os mesmos erros. \u00c0s vezes consegue se reconciliar com seus inimigos ou ter outros atos de reden\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

  Aprender a pensar como esp\u00edritos eternos<\/h2>\n

  Joanna de \u00c2ngelis no livro Ap\u00f3s a Tempestade<\/em> nos lembra tamb\u00e9m que a eutan\u00e1sia \u00e9 o testemunho da predomin\u00e2ncia do conceito materialista que sobrep\u00f5e-se em n\u00f3s, refletindo soberania do primitivismo animal no homem.<\/p>\n

  Emmanuel tamb\u00e9m disse que quando um ente querido est\u00e1 na situa\u00e7\u00e3o de sofrimento, o que temos que fazer \u00e9 atenuar o sofrimento tentando os recursos existentes. Ter solidariedade com a pessoa, confortar, acalmar, fazer com que ela se sinta bem e querida pelas pessoas. E n\u00e3o ficar simplesmente achando que a melhor solu\u00e7\u00e3o \u00e9 cessar a vida mais cedo do que a justi\u00e7a divina acha correto.<\/p>\n

  “Deus usa o tempo, n\u00e3o a viol\u00eancia”<\/h2>\n

  A frase acima \u00e9 de Humberto de Campos (irm\u00e3o X). Ela ilustra bem uma hist\u00f3ria narrada na revista Reformador em 1994 e que consta no livreto da FEB sobre eutan\u00e1sia<\/a>, bastante significativa para exemplificar as oportunidades espirituais que, por vezes vendo apenas pelos olhos da mat\u00e9ria, n\u00e3o conseguimos perceber. Conta a hist\u00f3ria que Chico Xavier visitava recorrentemente uma idosa para ajudar a criar o seu filho incapaz. Numa dessas visitas, um m\u00e9dico foi junto e perguntou a Chico se a eutan\u00e1sia n\u00e3o seria melhor naquele caso.<\/p>\n

  Quando Chico calmamente respondeu: “acho que n\u00e3o doutor, porque ele na \u00faltima encarna\u00e7\u00e3o foi muito poderoso, perseguiu, torturou e matou v\u00e1rias pessoas. Quando desencarnou, foi perseguido por seres que queriam se vingar dele, por muitos anos foi torturado por eles no mundo espiritual. A maneira dele fugir foi reencarnar nesse corpo disforme com defici\u00eancia f\u00edsica e mental, uma pessoa que n\u00e3o consegue fazer o mal. Com o tempo, os que queriam se vingar acabar\u00e3o perdoando.”<\/p>\n

  Nesse momento, Chico questiona: “o que voc\u00ea acha que seria melhor, doutor, continuar no corpo ou fazer eutan\u00e1sia para os outros esp\u00edritos continuarem a vingan\u00e7a?”, perguntou Chico.<\/p>\n

  Outra hist\u00f3ria \u00e9 a de Daniela Davis, cujo marido sofreu acidente de moto e ficou em coma por v\u00e1rios meses. O m\u00e9dico perguntou a ela se queria desligar os aparelhos que mantinham seu marido vivo. Ela negou, tinha esperan\u00e7a. Passado mais algumas semanas, ele retornou do coma. Tr\u00eas meses depois j\u00e1 estava fazendo fisioterapia. \u00c0s vezes, a medicina humana falha. O tempo de sofrimento pode ser uma grande evolu\u00e7\u00e3o do esp\u00edrito.<\/p>\n

  Em resumo, o \u00fanico que pode tirar nossa vida \u00e9 Deus. Nosso dever \u00e9 tentar confortar ao m\u00e1ximo as pessoas cuja prova\u00e7\u00e3o inclui longas ou dolorosas doen\u00e7as no final da vida f\u00edsica. \u00c9 tudo quest\u00e3o de termos certeza (ou seja, termos f\u00e9) na bondade e Justi\u00e7a Divina.<\/p>\n

  Acompanhe na \u00edntegra a palestra que inspirou esta publica\u00e7\u00e3o:<\/strong><\/p>\n