Os órfãos na visão espírita

Deus permite que haja órfãos para exortar-nos a servir-lhes de pais. Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque compreende e pratica a sua lei.

Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, Ilani Nunes trouxe reflexões sobre o tema da orfandade, a partir da mensagem “Os Órfãos”, presente no item 18 do capítulo 13 de O Evangelho Segundo o Espiritismo

“Órfão, no significado do dicionário, é aquele que perdeu o pai e/ou a mãe, que perdeu alguém que lhe era muito querido ou que o amparava, o protegia,” inicia Ilani. 

No Evangelho, um espírito amigo nos ensina que Deus permite que haja órfãos para nos inspirar a caridade e o desenvolvimento do amor fraternal.

Se soubésseis quanto é triste ser só e abandonado, sobretudo na infância!
Deus permite que haja órfãos, para exortar-nos a servir-lhes de pais.
Que divina caridade amparar uma pobre criaturinha abandonada, evitar que sofra fome e frio, dirigir-lhe a alma, a fim de que não desgarre para o vício! Agrada a Deus quem estende a mão a uma criança abandonada, porque compreende e pratica a sua lei.
— Espírito amigo, em O Evangelho Segundo o Espiritismo. 

Diante desta situação, o espírito Emmanuel no livro Família, em mensagem de título “Ante a orfandade”, convida-nos à ação:

Não abandones à orfandade moral os corações pequeninos que o Céu te confia ao apoio e à vizinhança.
Não te julgues exonerado do dever de assistir a todos aqueles que, em plena aurora da vida humana, te defrontam a marcha.
Todos eles aguardam-te a palavra de instrução e carinho e a tua demonstração de solidariedade e de amor.
Orientam-se por teus passos, guiam-se por teu verbo e atendem por teu chamado.
Agora assimilam-te os gestos e ouvem-te as assertivas e, mais tarde, reconduzir-te-ão a mensagem do exemplo às existências de que se rodeiam.
O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriam no campo das próprias almas.
A Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos.
Não te comovas tão somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos.
Faze algo.
— Emmanuel, no livro “Família”.

Órfãos voluntários

“Mas todos nós sabemos que somos filhos de Deus! Fomos criados por Ele para alcançarmos a perfeição, e para isto, precisamos trabalhar na nossa própria estrutura para nosso fortalecimento moral e espiritual,” reflete a palestrante.

Porém quantos de nós nos afastamos desse Pai Maior, e não queremos sequer ouvir os seus ensinamentos? “Afastamo-nos de Deus, logo nos fazemos órfãos. Estamos nos colocando em estado de orfandade por não querer seguir as Leis Divinas,” afirma Ilani.

Deus não nos desampara, mas nós muitas vezes nos abandonamos aos caprichos materiais e esquecemos dos preceitos evangélicos que nos preparam para o nosso progresso espiritual, para alcançar os objetivos para os quais Deus nos criou.

Um exemplo pode ser dado a partir da Parábola do Filho Pródigo. O filho mais novo pede ao pai a herança. O pai dá e ele vai embora. Vive como gostaria de viver e abandona o Pai. Vai ser feliz a seu modo, e depois que perde toda a riqueza, fica em extrema miséria e retorna à casa do Pai.

Assim somos nós. Nos afastamos de Deus, vamos viver a nossa orfandade até descobrir que é muito melhor viver junto do Pai Celestial, cumprindo a Lei Divina. Porque longe deste acolhimento, desta proteção, a vida fica muito difícil. 

Amparo aos órfãos

A palestrante então pede a Jesus que ampare todos os orfãos do mundo, aqueles órfãos materiais e também aqueles que se afastaram voluntariamente do Pai Maior, que possam compreender a importância de estar junto a Ele.

No livro Fonte de paz, o Espírito Emmanuel traz uma mensagem chamada “orfandade”, em que diz: 

Realmente, não há desamparado diante do Senhor, mas há uma espécie de orfandade que nos convoca em toda parte, à maiores reflexões, quanto ao dever de amparar a vida que nos cerca. Referimo-nos às necessidades múltiplas que nos reclamam o esforço e a tolerância na prática efetiva do bem.
Em verdade, será sempre louvável a construção de casas e refúgios, creches e hospitais, onde as crianças sem lar encontrem abrigo e medicação.
Todavia, não olvidemos o mundo das criaturas inferiores e das cousas, aparentemente sem importância, que nos rodeia.
Aí, vemos quadros inquietantes que efetivamente nos ensombram e afligem.
Não é somente o painel escuro do irmão em Humanidade, que vagueia sem rumo, a única porta de dor a pedir-nos trabalho assistencial.
É também a terra empobrecida, necessitada de adubo e sementeira vivificante.
É a árvore benfeitora, relegada ao abandono.
É a fonte intoxicada, que nos solicita proteção e carinho.
É a casa desmantelada, rogando atenção e limpeza.
É a via pública que nos compete defender e respeitar, pedindo-nos bondade e higiene.
É o animal que nos auxilia, endereçado por nossa inconsequência ao cansaço, à sede e à fome, suplicando-nos alimento e repouso.
É a ferramenta que sentenciamos à ferrugem e ao esquecimento prejudicial.
À essa orfandade triste, que nos desafia, em todos os setores da luta terrestre, podemos prestar o melhor concurso, — o concurso da bondade silenciosa e diligente, — que nos trará a resposta do progresso e do bem-estar de todos.
Não esquecer que somos responsáveis pela região de serviço que nos sustenta.
Não condenes à orfandade os instrumentos de trabalho em que a tua missão na Terra se desenvolve.
Cuida de assistir aos seres e às cousas do próprio caminho, com os mais elevados sentimentos do coração, e receberás a constante assistência da Bondade Divina, — luz da vida a brilhar perenemente no caminho de todos.
— Emmanuel, no livro Fonte de paz.

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Ilani Nunes.
**Imagem em destaque: DALL.E via ChatGPT.

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