Em palestra gravada na Associação Espírita Fé e Caridade, a trabalhadora da casa Sandra Lemos trouxe uma reflexão sobre este tema.

A palestrante introduz o assunto narrando o relato verídico do sobrevivente Antonio Sena de uma queda de um avião na floresta amazônica e como o amor por sua família o levou a ultrapassar limites dentro de 36 dias até ser encontrado. Ou seja, um exemplo de vivência real do amor em família, que salvou essa pessoa de desistir e lutar pela vida.

Porém, o questionamento é: todas as famílias são assim? Todos vivem em amor? 

Os núcleos familiares não estão aqui por acaso

A verdade é que nem todas as famílias são criadas por esse sentimento tão lindo, nem todas as famílias têm laços construídos por afinidades, como no caso relatado. Antonio teve o privilégio de ser nutrido pelo amor em família.

A palavra que define todo núcleo familiar, seja ele por afinidade ou não, deve ser amor. Só o amor traz soluções.

Com a Doutrina Espírita entendemos que nada é ao acaso. Toda estrutura familiar sempre tem o objetivo de reajustamento e de reeducação.

A família nos conecta ao nosso passado, seja nossas conquistas ou nossos equívocos como espíritos eternos. E também projeta nossos laços para o futuro.

No livro O Consolador, o espírito Emmanuel nos traz a máxima que a família é nossa maior escola.

Qual a melhor melhor escola para as almas reencarnadas na Terra?
Resposta: a melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.
— Emmanuel em O consolador, psicografia de Francisco Candido Xavier.

Assim, depende de nós o que vamos querer fazer com esse instrumento divino, agora que aprendemos que a família é nossa primeira escola.

A família segundo O Livro dos Espíritos

No primeiro livro da codificação espírita temos uma série de questões que esclarecem sobre o papel da família em nosso progresso espiritual, como veremos a seguir.

A responsabilidade dos pais

P.208 Nenhuma influência exercem os Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?
R: “Ao contrário: bem grande influência exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa.Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho.”
— O Livro dos Espíritos.

Mas isso sempre traz sucesso?
Se olharmos só aqui e agora talvez não, mas a missão é promover o melhor através de sua vivência. A infância é o principal período para essa prática.

A utilidade da infância

P.385 Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?
R: “É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era. Não conheceis o que a inocência das crianças oculta. Não sabeis o que elas são, nem o que o foram, nem o que serão. Contudo, afeição lhes tendes, as acariciais, como se fossem parcelas de vós mesmos, a tal ponto que se considera o amor que uma mãe consagra a seus filhos como o maior amor que um ser possa votar a outro. Donde nasce o meigo afeto, a terna benevolência que mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não. Pois bem! Vou explicá-lo. As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes Ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma
criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real, com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o consequente castigo exclusivamente sobre elas recai. Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante 15 ou 20 anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons, mas sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos. Como vedes, os processos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, facilmente se lhes apreende a explicação.
Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris, inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância? Nesta se vêm confundir todas as ideias, todos os caracteres, todas as variedades de seres gerados pela infinidade dos mundos em que medram as criaturas. E vós mesmos, ao morrerdes, vos achareis num estado que é uma espécie de infância, entre novos irmãos. Ao volverdes à existência extraterrena, ignorareis os hábitos, os costumes, as relações que se observam nesse mundo, para vós, novo. Manejareis com linguagem mais vivaz do que o é agora o vosso pensamento. A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das Leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”
— O Livro dos Espíritos.

A responsabilidade dos filhos

P.681 A Lei da Natureza impõe aos filhos a obrigação de trabalharem para seus pais? R:“Certamente, do mesmo modo que os pais têm que trabalhar para seus filhos. Foi por isso que Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural. Foi para que, por essa afeição recíproca, os membros de uma família se sentissem impelidos a ajudarem-se mutuamente, o que, aliás, com muita frequência se esquece na vossa sociedade atual.”
— O Livro dos Espíritos.

O papel do esquecimento

“(…)Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-nos-ia sobremaneira.
Em outros, nos exaltaria o orgulho, peando-nos, em consequência, o
livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta: a voz da consciência e os pendores instintivos. Priva-nos do que nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemos dos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos dos outros homens, do que resultaria talvez os mais desastrosos efeitos
para as relações sociais. Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é que sobre ele um véu seja lançado.(…)”
— nota de Kardec sobre a resposta à P. 394 de O Livro dos Espíritos.

Por isso construir na família nosso celeiro de luz para as lutas diárias. O objetivo é crescer e ser melhor.

O olhar como ser espiritual

P. 775 Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? R:“Uma recrudescência do egoísmo.”
— O Livro dos Espíritos.

Qual futuro você está construindo hoje?

Acompanhe agora a íntegra da palestra abaixo

*Colaborou para esta publicação: Larissa Martins.

*Imagem em destaque: pexels.com

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