Em 1804, nascia na cidade de Lyon, na França, o menino Hippolyte Léon Denizard Rivail. Em sua infância idílica, nem imaginava a bela missão que o futuro lhe reservava.

Era uma época de mudanças. A Europa havia passado pouco tempo antes por uma grande revolução sobretudo nas áreas social e política, mas também na filosofia e na religião. O conceito de “fé cega” já não era mais suficiente para as mentes pensantes que habitavam o orbe terrestre naqueles tempos das luzes. O tempo do Iluminismo, em que a ciência adentrava as discussões das famílias, e havia a pregação de valores como a liberdade individual e a tolerância religiosa. “Sapere aude” era o lema. A tradução livre seria algo como “atreva-se a conhecer”.

A tarefa da codificação

Como sabemos, quando a pessoa está preparada, a missão aparece. No ano de 1854, após tomar conhecimento sobre fenômenos físicos conhecidos como “mesas girantes”, o professor Hyppolyte iniciou sua investigação.

Concomitante a isso, através de médiuns, há o contato de um amigo espiritual que se denomina “Espírito da Verdade”, que lhe conta da missão que lhe fora designada, de compilar e mostrar ao mundo o que seria a obra inicial do Espiritismo (palavra, aliás, que o próprio Hyppolite cunhou).

Homem ponderador, Hyppolyte questionou sobre a grandiosidade do que lhe era pedido, e o que aconteceria se ele falhasse. E os espíritos, na sua linguagem sempre direta, apenas disseram que outro iria assumir o seu lugar no caso de falha. Aquele era o momento ideal. O pseudônimo escolhido para a posteridade ficaria Allan Kardec, que foi o nome que teve em uma encarnação prévia.

O Livro dos Espíritos

E ao longo de três anos, foi compilada esta bela obra. 1019* questões com respostas e comentários. Sem Google para ajudar. Sem computador para digitar. Com perguntas inteligentíssimas e algumas respostas por vezes extremamente diretas. Um trabalho comparável ao de Hércules nos seus 12 trabalhos, para trazer à tona a obra que marcaria o início da divulgação da Doutrina Espírita.

E neste momento em que o Livro dos Espíritos completa 164 anos, ele continua sendo a base de nosso estudo, a pedra fundamental de nossa doutrina. Um livro para ler e reler e, a cada nova apreciação, descobrir novos significados.

Escolho terminar o texto com a frase cunhada no túmulo de Allan Kardec, em Paris: “Naitre, mourir, renaitre encore et progresser sans cesse, telle est la loi.” (Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei).

* Algumas fontes citam o Livro dos Espíritos como tendo 1018 questões, pois há um problema na segunda edição em francês, em que não se observa a numeração da questão 1011. Tal problema aparece solucionado em algumas traduções.

Acompanhe abaixo a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Referências:

1. O Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB

2. Obras Póstumas. Allan Kardec. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. FEB

3. Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho. Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier. 33a ed., 2013, FEB

4. Kardec: a biografia. Marcel Souto Maior. Editora Record, 2013.

* Colaborou para esta publicação: Ana Carolina Rodrigues.

** Imagem em destaque: Nitin Arya via Pexels.

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