No mês em que celebramos o Dia dos Pais, a palestrante Valéria Tolentino de Souza Schaefer trouxe à Associação Espírita Fé e Caridade uma reflexão a respeito de nossa relação com Deus, nosso Pai e Criador, à luz da Doutrina Espírita. 

Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se este lhe pedir um peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos Céus dará coisas boas aos que lhe pedem.
— Mateus 7:9-11.

Dar ao filho o que é necessário para sua evolução: esta é a forma simplificada que enxergamos, pois na verdade Deus nos dá de acordo com o que necessitamos para o nosso crescimento e não de acordo com o nosso desejo, muitas vezes infantil e material.

Os desígnios de Deus

Para compreendermos melhor os desígnios de Deus, é preciso conhecermos alguns pontos que Allan Kardec nos trouxe em O Livro dos Espíritos:

“Para se crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação” (pergunta 4).

“A harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e fins determinados e, por isso mesmo, um poder inteligente” (pergunta 8).

“Atribuir a formação primária ao acaso seria uma falta de senso, porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes” (pergunta 7).

Todas as vezes que o dia se finda ou se inicia, nos dando o impulso de recomeço, no sol que aquece o nosso planeta, na natureza e em tudo que é belo e que não conseguimos reproduzir; no corpo humano que funciona de forma magnífica sem que precisemos lembrá-lo de o fazer, quando um ser é gerado em um ventre; tudo isso nos leva a crer nessa força maior e perfeita.

René Descartes, filósofo e matemático do século XVII, defendeu essa ideia da existência de Deus. Em sua obra Meditações sobre a Filosofia Primeira, Descartes argumenta que, uma vez que ele próprio é um ser finito e imperfeito, não poderia ser a fonte das ideias de perfeição e infinitude presentes em sua mente. A simples existência da ideia de Deus – algo perfeito e infinito – em sua mente, sendo ele um ser imperfeito e finito, é para Descartes uma evidência de que Deus realmente existe. Ele sustenta que tais ideias devem ter origem em algo superior e mais perfeito do que ele mesmo, ou seja, em Deus.

Deus: um pai amoroso

Jesus nos trouxe uma percepção mais amorosa, uma maneira que conseguimos alcançar a Deus através de nossos sentimentos. Deus na figura de um Pai amoroso, que tudo vê, tudo sabe e que quanto mais estamos próximos, mais felizes somos. Passamos a compreender Deus como uma força, um poder que através do amor sublime está sempre ao nosso lado nos amparando, nos socorrendo e acima de tudo nos elevando moralmente na escala da vida.

À medida que evoluímos vamos conhecendo e compreendendo melhor a grandeza de Deus. Jesus e seus exemplos são o caminho que favorece para nos despirmos dos interesses materiais, pois o estudo só tem sua plenitude quando levamos para a prática o que nos é ensinado.

No livro A Gênese, Allan Kardec indica que, aceitando como premissa a existência de Deus, o homem pode determinar Seus atributos por dedução lógica, perceber o que Ele não pode ser, e, dessa forma, deduzir o que Deus deve ser. Tais atributos foram elencados por Kardec (A Gênese segundo o Espiritismo, itens 8 a 19):

  • “Deus é eterno: Não teve começo e nem vai ter fim. Não foi criado, pois se o tivesse sido, não seria Deus.”
  • “Deus é imutável e imaterial: Deus não muda de forma e nem de conteúdo, não muda de personalidade e nem de humor […]. Pois Ele é espírito, de uma natureza totalmente diferente da matéria; esta sim, mutável. Se Deus fosse mutável, as suas leis também seriam e o universo não teria estabilidade.”
  • “Ele é único: Se tivéssemos dois ou mais deuses diferentes, as leis que regem o universo e a nossa vida não seriam iguais, em uma parte do universo teria uma lei e em outra parte, outras leis totalmente diferentes.”
  • “É todo poderoso: Por ser único, tem o poder supremo sobre todas as coisas, nada acontece contra a sua vontade e se um fato ocorreu é porque Deus assim quis que acontecesse. Não existe outra criatura ou ser que tenha mais poder que Deus.”
  • “Deus é soberanamente justo e bom: A harmonia do universo e a racionalidade das leis que temos demonstram que Deus é totalmente justo e bondoso. Depois que O compreendemos de uma forma mais completa, percebemos com mais clareza a bondade de suas leis que regem a nossa vida. Ir contra elas é agir contrário ao equilíbrio, trazendo a consequência do sofrimento.”

Aproximar-se de Deus

Quanto mais aceitamos os ensinamentos de Deus através de Jesus, mais nos aproximamos da alegria de viver.
— Emmanuel, no livro Encontro Marcado (Francisco Candido Xavier).

No livro Filho de Deus, Joanna de Angelis nos alerta que todos com quem convivemos um dia acabam por se distanciar, de acordo com as nossas escolhas nas próximas existências. 

Só Deus, porém, é sempre o constante companheiro. Por isso, nunca te permitas sentir solidão.
— Joanna de Angelis, no livro Filho de Deus (Divaldo Pereira Franco).

Deus não é um homem de idade avançada, sentado em uma confortável poltrona, vendo a tudo e a todos. É uma força maior, um sistema organizado que faz com que tudo caminhe na estrada da evolução, sem força bruta e sem imposição, que nos respeita a nossa liberdade de pensamento e ação, porque tudo um dia vai acontecer de acordo com a sua vontade.

A Divina Providencia e a Humana Cooperação surgem sempre juntas em todas as realizações da vida, isso porque de Deus vem a dádiva e do Homem dimana a aplicação. E já que a Justiça Perfeita nos acompanha e observa em todos os passos da jornada evolutiva, a lei da responsabilidade funciona em todos os climas, determinando méritos ou necessidades de toda pessoa em particular e reduzindo todas as teorias de recompensa e punição ao sábio preceito evangélico: A cada um segundo as suas obras.
— Emmanuel, no livro Encontro Marcado (Francisco Candido Xavier).

Jesus nos mostra um Pai amoroso, presente e fiel. À medida que nossa condição moral se eleva, mais nossa palavra e atos se aproximam de Deus, como o Mestre dizia que sua fala tem o hálito de Deus.

Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que Eu vos digo não as digo em minha própria autoridade; mas o Pai, que habita em mim, realiza as suas obras.
— João, 14:10.

É necessário não julgarmos nossos companheiros de jornada. Ninguém sabe de onde provém suas dores, suas reações. Jesus disse que veio pelos doentes e não pelos sãos, e quanto melhor nossa situação, mais devemos nos dedicar aos caídos.

Feliz do homem que conhece a Jesus e que tem Deus no coração, pois diante da exaustão, do nosso declínio moral, de nossas dores, é a nossa fé que permite que 

Ele nos recolha de nossa pequenez, nos fazendo sentir importantes e necessários. Com a fé nos enredamos em energias de amor e de luz, e, nesse momento, escutamos o Mestre com sua inesquecível mensagem:

Levanta-te e anda!
— João, 5:8.

E lembra da mensagem que Mateus não nos deixa esquecer:

Os olhos são a candeia do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será cheio de luz.
— Mateus, 6:22-23.

Acompanhe na íntegra a palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Valéria Tolentino de Souza Schaefer.
**Imagem em destaque: via pexels.com.

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1 comentário

Clotilde Fascioni · 30 de agosto de 2023 às 08:37

Que a palestra e o artigo foram primorosos.
É Deus conosco para nós ajudar na evolução contínua.

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