Em momentos doloridos para a Humanidade, com doenças, desigualdades, fome e diversas outras dores da alma, Emmanuel nos convida a esperar. Respirar e esperar, mas esperar em Cristo.

A palestra da expositora Ana Paula Cunda, realizada na Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 20 de abril de 2021, nos trouxe reflexões e comentários em relação ao tema “Esperar em Cristo”, mensagem de Emmanuel no livro Caminho, Verdade e Vida, capítulo 123.

O Esperar

A palestrante nos recorda que a espera e o ato de esperar está relacionado com a geração de uma expectativa e gerar esperança. Dessa forma, devemos interpretar essa ação da espera sob a óptica da imortalidade.

Iniciando a leitura da mensagem de Emmanuel, suas interpretações giram em torno de uma citação evangélica:

“Se esperarmos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” — I CORÍNTIOS, 15: 19

Com fins de interpretação, a palestrante ressaltou os trechos “esperarmos” e “só nesta vida”.

Esperar e Confiar

Para uma interpretação mais aprofundada do sentido da palavra “esperar”, podemos recorrer às instruções dadas pelos apóstolos, palavras que nos instruem e amparam até hoje:

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” — Romanos 15: 4-5

Por meio dessa passagem, escrita por Paulo aos Romanos, podemos interpretar que, como parte da criação divina, precisamos entender os relatos apresentados nos Evangelhos ou em outros textos como formas de desenvolver o “confiar e ter esperança”.

Confiança e bem-estar

A palestrante ainda nos relata que a medida que desenvolvemos essa confiança ou esperança no porvir dentro de nós, vamos desenvolvendo um sentimento de bem estar, como nos explicita Joanna de Ângelis:

“Dentre os fatores psicológicos que contribuem para o bem-estar dos seres humanos, a confiança moral destaca-se como de fundamental importância, sem a qual, problemas diversos estabelecem-se no imo em forma de conflitos perturbadores.” — Rejubila-te em Deus, Capítulo 4, A Confiança

Assim, de forma muito integral, Joanna nos esclarece que o ato de confiar gera um sentimento de bem-estar que previne conflitos e perturbações.

O egoísmo e a Espera

Ao iniciar suas interpretações referentes à passagem de Coríntios, Emmanuel nos esclarece que:

“É natural confiar em Cristo e aguardar n’Ele, mas que dizer da angústia da alma atormentada no círculo de cuidados terrestres, esperando egoisticamente que Jesus lhe venha satisfazer os caprichos imediatos?” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Percebe-se, nessa passagem o destaque relacionado ao hábito do egoísmo. Podemos entender esse sentimento do egoísmo como sendo os momentos em que pensamos em nós mesmos, em nossas necessidades, em detrimento do(s) outro(s).

Emmanuel evidencia que, por vezes, somos egoístas nos momentos de angústias da alma. Ainda, a palestrante nos remete das vezes em que pedimos à Jesus atenção especial em relação às nossas dores, colocando nossas necessidades acima das dos outros.

A Imortalidade da vida do Espírito

Emmanuel segue, em sua mensagem, nos dizendo:

“Seria razoável contar com o Senhor tão­ só nas expressões passageiras da vida fragmentária?” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Ainda, em complemento à fala de Emmanuel, Joanna de Ângelis nos esclarece que:

“Quem, na vida material deposita todas as suas aspirações e nela vê um fim único, constatando-lhe a interrupção, o cessar de manifestações, experimenta superlativas dores morais, que se transformam em sofrimentos físicos sem lenitivo imediato.” — Plenitude, Cap. XII, Sofrimento ante a Morte

Assim, observamos a necessidade de repensar e/ou refletir sobre a grandeza do conceito de vida. Nesse sentido, seguindo na mensagem de Emmanuel, conseguimos aprofundar nossos entendimentos:

“É indispensável descobrir a grandeza do conceito de “vida”, sem confundi­ lo com “uma vida”” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Precisamos ampliar nosso conceito de vida, entendendo a imortalidade da vida do Espírito e a vida material como sendo uma parte dessa vida imortal. Como nos fala Emmanuel, a vida material que vivemos hoje é apenas “uma vida”. Ainda, devemos lembrar que nossos sofrimentos são expressões passageiras da “vida fragmentária”.

Pertencimento à Criação

Segue Emmanuel em sua mensagem:

“Existir não é viajar da zona de infância, com escalas pela juventude, madureza e velhice, até ao porto da morte; é participar da Criação pelo sentimento e pelo raciocínio, é ser alguém e alguma coisa no concerto do Universo.” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Devemos, portanto, confiar que fazemos parte da criação divina e que somos uma importante nota no concerto divino. Os Espíritos, ainda, nos esclarecem:

“Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros?

“Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.”

Por estas palavras — as eternidades — se deve entender a idéia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade de seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver, idéia que revive todas as vezes que sucumbem numa prova.” — Livro dos Espíritos, Questão 125

Essa questão nos traz um olhar para a nossa eternidade. Por vezes, nossa visão materialista limita nossa visão da Eternidade, que, em sua essência, busca a verdadeira felicidade pela aplicação da Lei do amor. Dessa forma, a espera em Cristo toma o sentido de uma única vida, imortal, do Espírito, não de uma vida única, material, finita.

Complementando nosso entendimento, podemos seguir na mensagem:

“Na condição de encarnados, raros assuntos confundem tanto como os da morte, interpretada erroneamente como sendo o fim daquilo que não pode desaparecer” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

E, ainda, recorrer ao Livro dos Espíritos novamente:

“[…] Ora, que é a duração da vida corpórea, em confronto com a eternidade? Menos que um minuto, menos que um segundo. […]” — Livro dos Espíritos, Questão 222

Isso nos diz que em nossas eternidades, nossa espera em cristo é justamente confiar, mas fazer com que essa vida nos represente mais no todo. O parâmetro do quanto nossa existência representa no todo de nossa vida imortal só depende de nós, nossas ações e pensamentos.

O que significa Esperar em Cristo

Emmanuel segue em sua mensagem:

“É imprescindível, portanto, esperar em Cristo com a noção real da eternidade. A filosofia do imediatismo, na Terra, transforma os homens em crianças.” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Assim, quando esperamos em cristo para aquilo que está somente aqui, agora, nós continuamos na condição de crianças em nossas eternidades. Por fim, Emmanuel nos explicita que:

“Não vos prendais à idade do corpo físico, às circunstâncias e condições transitórias. Indagai da própria consciência se permaneceis com Jesus. E aguardai o futuro, amando e realizando com o bem, convicto de que a esperança legítima não é repouso e, sim, confiança no trabalho incessante” — Caminho, Verdade e Vida, Cap. 123, Esperar em Cristo

Dessa forma, devemos tentar esperar em Cristo, independente de nossa condição evolutiva, independente de nossas dores e conflitos internos. A palestrante finaliza seus esclarecimentos explicando que devemos conhecer, aprender, amar, ser caridoso(a), visto que isto nunca passa no sentido de nossa imortalidade. Isto é confiar em cristo.

Acompanhe a íntegra da palestra “Esperar em Cristo”, que inspirou esta publicação:

Referências Bibliográficas:

  1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Parte Segunda (Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos) – Capítulo I (Dos Espíritos), pergunta 125.
  2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Parte Segunda (Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos) – Capítulo V (Considerações sobre a pluralidade das existências), pergunta 222.
  3. Xavier, Francisco Cândido, Caminho, Verdade e Vida, Capítulo 123 (Esperar em Cristo). Pelo Espírito de Emmanuel.
  4. Franco, Divaldo, Plenitude, 17ª Edição, Capítulo XII (Sofrimento ante a Morte). Pelo Espírito de Joanna de Ângelis.
  5. Franco, Divaldo, Rejubila-te em Deus, Capítulo 4 (A confiança). Pelo Espírito de Joanna de Ângelis.

*Colaborou com esta publicação: Alberto Luz.

** Imagem em destaque:
Serkan Göktay via Pexels.

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