Joanna de Ângelis, na mensagem Jesus e a Atualidade, no livro de mesmo título, ensina que:

A atualidade do pensamento de Jesus surpreende os mais cépticos estudiosos da problemática humana, sempre complexa e desafiadora, nestes dias.

Profundo conhecedor da psique, Jesus penetrava com segurança nos refolhos do indivíduo e descobria as causas reais das aflições que o inconsciente de cada um procurava escamotear.

Não se permitindo derivativos nem adiamentos, enfrentava as questões com elevado critério de sabedoria, que desnudava as mais intrincadas personalidades psicopatológicas, propondo com rigor a terapia compatível, elucidando quanto à responsabilidade pessoal e eliminando a sombra projetada sob a qual muitos se ocultavam.

(…)

A personalidade marcante de Jesus impressionava, de forma indelével, todos aqueles que O encontravam.

Identificado com Deus, demonstrava-O em todos os Seus passos, conclamando os ouvintes à conquista da realidade — o reino dos céus — que se encontra no imo de cada um.

A Sua proposta de aferição de valores — os materiais com os espirituais — oferecia a excelente oportunidade para o despertamento mental a respeito da vida e a consequente experiência vivencial em clima de harmonia íntima, com uma identificação entre as possibilidades e as circunstâncias existenciais.

Sem utilizar-se de expressões e conceitos interpolados, falava uma linguagem de simples apreensão pela massa ignorante e pelas mentes elitizadas que O buscavam.

Extraordinário narrador de histórias, uma das artes mais difíceis na área do discurso, e poeta ímpar, em razão das imagens puras na sua riqueza de cores e de significado, os Seus ensinamentos eternizaram-se, reconhecidos como dos mais belos jamais anotados pela gnose.

O sermão da montanha, considerado a “carta magna dos direitos humanos”, é um desafio de não-violência, próprio para esta época, assim como foi para aquela em que Ele o enunciou. Os que o ouviram, jamais se desimpregnaram da sua magia incomparável.

Não somente, porém, Jesus é atual pelas terapias de amor e pelos ensinamentos que propõe ao homem contemporâneo, mas, também, pelo exemplo de felicidade e exteriorização de paz que irradiava.

Enquanto as ambições desregradas conduzem as inteligências ao paroxismo e à alucinação da posse, da fama, da glória, das disputas cegas, Ele ressurge na consciência moderna em plenitude, jovial e amigo, afortunado pela humanidade e a segurança íntima.

A atualidade necessita urgentemente de Jesus descrucificado, companheiro e terapeuta em atendimento de emergência, a fim de evitar-lhe a queda no abismo.

Inspirada na mensagem e no livro de mesmo nome, nossa irmã Carla Ribeiro preparou uma exposição apresentada na Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 9 de fevereiro de 2021. Dentre tantos exemplos de atendimentos concedidos por Jesus, Carla Ribeiro, seleciona para sua exposição o episódio da Mulher Adultera (no Evangelho segundo João, 8:11-11), por considerar um dos exemplos de maior acolhimento, orientação e amor, demonstrados pelo Mestre.

A mulher adúltera no caminho da reparação

Conforme escreveu André Afonso Monteiro em artigo para o Correio Espírita, o livro Pelos Caminhos de Jesus, pela psicografia de Divaldo Franco, na narrativa do Espírito Amélia Rodrigues, relata que a mulher adúltera procurou o Mestre para mais elucidações.

Abriu seu coração relatando-Lhe suas fraquezas, o abandono do marido que se entregara às noitadas junto dos amigos e da tentação de que não fora capaz de suportar. Reconhecia que nada desculpava sua atitude, o que denotava arrependimento. Continuava sua exortação preocupada, pois não poderia contar com ninguém já que fora levada a execração pública. Nem com a ajuda de seu pai, tampouco de seu marido. Todos a haviam abandonado.

O Mestre lhe indicou a necessidade de uma mudança, pois em Jerusalém não haveria espaço para um recomeço, tendo em vista tudo o que aconteceu. Ela sentiu nas entrelinhas que deveria buscar novos ares, onde pudesse viver sem a sombra do erro cometido. Na despedida, Jesus a confortou: “Há sempre um lugar no rebanho do amor para ovelhas que retornam e desejam avançar. Onde quer que vás estarei contigo e a luz da verdade no archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho”.

Divulgadora da Boa Nova

Dez anos transcorreram e vamos encontrar nossa personagem em Tiro, em casa humilde, onde recebia enfermos e abandonados. Um pouso de amor ela erguera. Não esquecera jamais a passagem com o Messias. Tornara-se uma divulgadora da Boa Nova alentando almas, enquanto limpava as chagas dos corpos doentes. Encontramos aí sua expiação. Através dos trabalhos redentores se redimia perante a Lei de Causa e Efeito. Mas faltava a reparação final: faltava-lhe apagar totalmente de sua consciência o ato praticado dez anos atrás àquele que ofendera com o adultério. Faltava compensar o ofendido.

Continua Amélia Rodrigues informando que durante uma tarde, trouxeram-lhe um homem desfalecido. Ela tratou de suas chagas, deu-lhe alimento revigorante que lhe aliviou as dores. Em seguida lhe ofereceu mensagem falando de Jesus. Emocionado, o homem confessa que conhecera o Doce Rabi em um fatídico dia em Jerusalém e desde então nutrira amargo sentimento pelo Mestre Jesus. Guardava terrível raiva, pois o Mestre salvara a esposa adúltera, porém, para com ele não guardara nenhuma palavra de consolo. Confessara então que o tempo o fez meditar como se equivocou em seu julgamento em Jerusalém. Buscava encontrar a companheira e a procurou em muitos lugares sem êxito, até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias. Embargada pelas emoções se recordara a mulher de todo o fato. Reconheceu o companheiro do passado e sem revelar-lhe quem era, disse-lhe: “Deus é amor, e, Jesus, por isso mesmo nunca está longe daqueles que O querem e buscam”.

Esse exemplo da Mulher Adultera, que soube se reerguer, é o que Jesus espera de todos nós. É preciso que confiemos e nos entreguemos a Ele, na certeza de Sua presença em nossas vidas, pois Ele quem afirmou: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos…”.

Na mensagem “Para o Reino de Deus” do livro Alma e Coração, o Espírito Emmanuel nos esclarece que:

Para que atinjamos, no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, no entretanto, que demonstremos coragem suficiente para viver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação.

Não exige que nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma em que desfrutamos agora o privilégio do entendimento mútuo; espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante, em auxílio de nossos companheiros da idade.

Não nos obriga à renúncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administrá-los sensatamente, empregando as sobras possíveis no socorro aos irmãos em penúria.

Não nos impele a ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro de forças físicas ou psíquicas; espera, entretanto, que nos esforcemos por barrar os pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências inferiores.

Não nos solicita a perfeição moral de um dia para outro; espera, contudo, que nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e esquecendo-as, em favor do bem comum.

Não nos determina sistemas sacrificiais de alimentação ou processos de vida incompatíveis com as nossas necessidades justas e naturais; espera, porém, que tenhamos respeito ao corpo que a Lei da Reencarnação nos haja emprestado, guardando fidelidade invariável aos compromissos que assumimos, uns à frente dos outros.

Não nos aconselha o afastamento da vida social, sob o pretexto de preservarmos qualidades para a glória celeste; espera, no entanto, que exerçamos bondade e paciência, perdão e amor, no trato recíproco, a fim de que, a pouco e pouco, nos certifiquemos de que todos somos irmãos perante o mesmo Pai.

Jesus não nos pede o impossível; solicita-nos apenas colaboração e trabalho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, observar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da base, o Reino de Deus começa de nós.

Na mensagem Jesus e Reencarnação, que consta no livro Jesus e Atualidade, Joanna de Ângelis nos orienta:

Não te crucifiques na consciência de culpa, após reconheceres o teu erro. Não te encarceres em sombras, depois de identificares os teus delitos.

Não te amargures em demasia, descobrindo-te equivocado. Renasce dos teus escombros e recomeça a recuperação de imediato, evitando futuros retornos expiatórios, injunções excruciantes, situações penosas.

Pede perdão e reabilita-te, ante aquele a quem ofendeste e prejudicaste. Se ele te desculpar, será bom para ambos. Porém, se não o fizer, compreende-o e segue adiante, não mais errando. Infelicitado por alguém, perdoa-o e desatrela-te dele, facultando-lhe a paz e vivendo o bem-estar que decorre da ação correta.

Acompanhe abaixo a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Fontes de Consulta:

  • Angelis, Joanna de. Jesus e Atualidade. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 2016.
  • Rodrigues, Amélia (Espírito). Atire a primeira pedra. Luz no Mundo. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1971.
  • Rodrigues, Amélia (Espírito). Encontro de reparação. Pelos Caminhos de Jesus. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1988.
  • Emmanuel (Espírito). Alma e Coração; [psicografado por] Francisco Candido Xavier. São Paulo: PENSAMENTO, 1997.

* Colaborou para esta publicação: Marli Giarola Fragoso.

Categorias: Notícias

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