O livro Voltei, de 1949, de autoria espiritual do Irmão Jacob e psicografada por Francisco Cândido Xavier foi a obra escolhida pelo expositor Paulo Allebrandt para palestra na Associação Espírita Fé e Caridade. Nesta publicação veremos quem foi Irmão Jacob em sua última encarnação, qual a mensagem do livro e importantes lições sobre nossa luz interior.

Frederico Figner: o Irmão Jacob

Frederico Figner adota o pseudônimo de irmão Jacob pelas mãos de Francisco Candido Xavier. O livro Voltei descreve as experiências que surpreenderam o autor no processo de desencarne. Mas antes de entrarmos na obra em si, vejamos algumas informações relevantes da vida de Figner:

  • Nascido em 1866, na Boêmia, antiga Tchecoeslováquia, tornou-se pelo empreendedorismo negociante próspero, dono de estabelecimento comercial e industrial no Rio de Janeiro.
  • Era espírita atuante. Por ocasião da gripe espanhola, em 1918, amparava doentes em seu próprio lar. 
  • Passava grande parte do seu tempo na Federação Espírita Brasileira, como vice-presidente, atendendo a doentes e necessitados que lá iam, em grande número, buscar recursos para situações aflitivas. 
  • Foi também o Fundador da Casa Edison, o primeiro estúdio de gravação do Brasil, onde registra parte essencial da música popular brasileira até 1926.
  • Devido a sua proximidade com os artistas brasileiros, e observando que estes ficavam muitas vezes desastistidos na fase final da vida, ofereceu um imóvel para a construção do Retiro dos Artistas. A instituição acolhe artistas idosos e existe até hoje.

A mensagem do livro Voltei

Quando encarnado, Figner (Irmão Jacob) acreditava que a morte era uma mera liberação do espírito e que seguiria para as esferas de julgamento de onde voltaria a reencarnar, caso não se transferisse aos Mundos Felizes. O autor relata passo a passo o momento de seu desencarne, todas as sensações que teve e se mostra muito surpreendido. A realidade foi bastante diferente do que ele esperava.

No momento do desenlace, Irmão Jacob narra a sensação de dois corações batendo. Sente-se dentro de um nevoeiro. Sua consciência examina acertos e desacertos da vida. De repente vê- se diante de tudo que realizou. Tenta orar, mas não tem êxito. Percebe-se amparado por sua filha desencarnada, Marta. Tenta falar com ela, mas não consegue. Vê-se ligado pelo fio prateado e percebe que precisa de mais tempo para o desligamento total.

Essa é uma experiência individual. Sabemos que o desencarne ocorre de diferentes maneiras, e cada Espírito vivencia esse momento a seu modo. De forma geral, as etapas do desencarne podem ser assim compreendidas: 

Desligamento espiritual, esfriamento do corpo.
Ação no centro emocional. desregularidade dos batimentos e das funções cardíacas.
Atuação na região do cérebro, conduzindo a pessoa ao estado de coma ou de inconsciência.
Ação final no sistema nervoso central na parte posterior do cérebro, o desatamento do principal laço esiritual, conclui-se a desencarnação.
— do livro Mediunidade: estudo e práticaPrograma I.

Em O céu e o inferno, Allan Kardec traz mais informações sobre o fim da vida corporal.

O último suspiro quase nunca é doloroso, porque, ordinariamente, ocorre em momento de inconsciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, durante as convulsões da agonia e, depois, as angústias da perturbação. É bom destacar logo que esse estado não é geral, porquanto, como já dissemos, a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, com a maior naturalidade. O Espírito se separa do corpo como um fruto maduro que se desprende do seu caule. É o caso das mortes calmas e de despertar pacífico.
— O céu e o inferno, capítulo 1, item 7.

Sendo assim, o livro Voltei é de extrema importância, pela riqueza dos detalhes, dos reflexos iniciais que se seguem ao desencarne. A experiência de Irmão Jacob nos mostra que durante o desencarne, o Espírito em transe deve colaborar com equilíbrio e confiança em Deus. Os encarnados que acompanham o velório e demais cerimoniais colaboram se mantiverem uma postura de caridade, primando pela oração sincera. 

O autor teve a oportunidade de perceber e descrever os efeitos negativos causados pelos comentários menos dignos. Elogios incabíveis, posturas agressivas ou debochadas são altamente prejudiciais a quem desencarna. Irmão Jacob recebe orientações do bondoso Bezerra de Menezes, de que deixe “aos mortos o cuidado de enterrar os mortos”, enfatizando que enterros muito concorridos impõem diversas perturbações à alma.

Uma das passagens de destaque no livro ocorre antes de Irmão Jacob prosseguir para as colonias espirituais. Ele encontra-se junto a demais desencarnados e benfeitores espirituais, à espera de outra recém desencanada, uma professora que viria de um bairro distante. Quando esta chega, irradia uma luz que chama sua atenção. Neste trecho o autor relata ter sentido “uma inveja danada”, e chega a ser repreendido por sua filha Marta, devido a este pensamento.

Jacob não entendia por que um trabalhador da seara espírita, atuante ao longo de tantas décadas, podia ainda ter o espírito opaco.

Em busca de luz interior

Ao questionar sobre o tema, foi orientado pelos benfeitores a continuar estudando a Doutrina Espírita.

Em determinado momento, Irmão Jacob solicita voltar ao Rio de Janeiro para manter um dialógo com um irmão endurecido, que sempre o confrontava nas reuniões mediúnicas. Neste encontro, o espírito confronta-o novamente, dizendo que o seguia, quando ele retornava ao lar após as reuniões na casa espírita. Via que ele não praticava os ensinamentos que pregava nos trabalhos mediúnicos. 

Irmão Jacob começa então a perceber porque não apresenta a luz interior que via em outros amigos desencarnados. Ele nos traz em Voltei a importância de não sermos apaixonados pela ideia elevada, mas sim realizadores dela no mundo. E nos deixa um alerta:

É para vocês, membros da grande família espírita que tanto desejei servir, que grafei estas páginas sem a presunção de convencer. Não se acreditem quitados com a Lei, atendendo pequeninos deveres de solidariedade humana e nem se suponham habilitados ao paraíso, por receberem a manifesta proteção de um amigo espiritual.
— Frederico Figner (Irmão Jacob).

Esta colocação guia o nosso aprendizado a partir dessa obra, leva-nos ao ensinamento de que precisamos colocar em prática o que estudamos, e o quanto antes. Somente assim internalizarmos tais atitudes, executando-as em benefício do próximo, agindo com benevolência, indulgência e caridade para com nossos irmãos. Em nossa trajetória e posterior desencarne, quando chegada a hora, estaremos preparados para a continuidade de nossa vida espiritual.

Assim como fez o palestrante Paulo Allebrandt, deixamos aqui o convite para seguirmos sempre nos estudos da Doutrina Espírita, e de fazer a leitura de Voltei para descobrir como o Espírito de Irmão Jacob desenvolve sua luz interior.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.

Categorias: Notícias

4 comentários

Carlos · 20 de setembro de 2021 às 16:11

Ainda tenho muito que aprender… e sofrer sem reclamar.

Cesar domingues · 27 de outubro de 2022 às 14:55

Um livro fantástico pra ler e reler várias vezes

Zelia Fontes · 10 de outubro de 2023 às 11:40

Estou infinitamente feliz!

FÁBIO ELERES · 5 de dezembro de 2023 às 10:53

Bom dia. Uns 08 anos atrás apresentei trabalho sobre o livro VOLTEI ainda no ESDE-1 e aprendi bastante sobre a experiência terrena de Frederico Fínger, o irmão Jacob. Afinal, as ações no Bem devem ser “do coração”, não é isso? Livro para excelentes reflexões. Fraterno abraço direto de Belém-PA.

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