As influências espirituais se dão pelo pensamento e pela similaridade das nossas vibrações, entre encarnados e desencarnados. Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, o trabalhador da casa Nelson Mate nos esclarece sobre o tema obsessão, e nos alerta para observarmos as nossas atitudes, ações e reações diante dos acontecimentos diários.

“Quanto mais cuidado nós tivermos com os nossas sensações, com as nossas vontades com os nossos pensamentos, mais elevada será nossa vibração,” lembra seu Nelson. Ao vigiarmos nossos pensamentos, alcançaremos maiores distâncias e entraremos em contato com os pensamentos dos Espíritos mais elevados. Porque quanto mais elevado o espírito mais elevado é o seu pensamento e a sua vibração mais intensa em amor e bondade.

Seu Nelson faz o convite à leitura de uma página psicografada pelo médium Divaldo Franco, em julho de 1980, no centro espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. A mensagem intitulada “Problema de Emergência” consta na introdução do livro Obsessão e Desobsessão, de Suely Caldas Schubert.

O problema da obsessão é, cada vez, mais grave, generalizando-se numa verdadeira epidemia, que assola as multidões engalfinhadas em lutas tiranizantes. Não havendo morte, no sentido de destruição da vida, o Espírito se despe como se reveste da matéria com os valores que lhe são peculiares, resultado das próprias experiências. Amores e ódios, afinidades e antipatias não se desfazem sob o passe de mágica da desencarnação. Cada indíviduo prossegue fora do corpo, consoante viveu enquanto domiciliado na matéria.
Em razão disso, as atrações espirituais, por simpatia quanto por animosidade, vinculam os afetos como unem os adversários no processo do continuum da vida. Os amores se sublimam no ministério do auxilio recíproco, enquanto os ódios fazem que as criaturas se comburam nos incêndios vorazes, que são sustentados pelo combustível das paixões interiores. Não somente o ódio, porém, responde pela alienação por obsessão. Fatores outros, do passado e do presente espiritual de cada um, tornam-se a gênese vigorosa desse rude e necessário mecanismo de depura ção dos que delinqüem… nação e posse; invejas perniciosas, acionando os mecanismos da destruição; mórbidos ciúmes, que rastreiam aqueles que lhes padecem as injunções, insaciáveis; calúnias e traições, que dormiam, ignoradas, e a desencarnação despertou; avarezas da sordidez, que se permitem a insânia de prosseguir arremetendo contra quem lhes ameace a mesquinhez; orgulhos desvairados e suspeitas felinas, em conciliábulos de loucura; toda uma vasta gama de motivos, injustificáveis, certamente, fazem-se responsáveis pelas ultrizes perturbações que atormentam, desagregam, anulam ou levam ao suicídio muito maior número de incautos, do que se pode supor.
Mecanismos obsessivos há, que se transferem de uma para outra existência – prosseguindo, no interregno da desencarnação-reencarnação – em que os litigantes mudam somente de posição – vítima-algoz, atormentado-atormentador -, sem que se desvinculem da urdidura do mal em que se enredam, até que as Soberanas Leis interfiram através da compulsória da expiação libertadora para ambos.
— Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco.

Obsessão e vingança

O trabalho de desobsessão existe na AEFC há quase 40 anos. Por muitos anos, grande parcela dos irmãos desencarnados que se manifestam expressam que estão em busca de vingança. 

“Esse é um grande móvel, o ódio. Ouvimos frequentemente espíritos dizerem através dos médiuns que sentem um ódio tão forte que os queima,” revela seu Nelson. 

No livro Agenda Cristã, capítulo 36, o Espírito André Luiz nos traz que “quem alimenta o ódio, atira fogo ao próprio coração.”

E a obsessão pode se dar em várias formas:

  • de desencarnado para encarnado (a mais conhecida), 
  • de encarnado para desencarnado, 
  • entre desencarnados, 
  • mesmo entre encarnados,
  • e há ainda a auto obsessão

Mas o que desencadeia essa epidemia, como classifica o benfeitor Manoel Philomeno de Miranda?

O que predispõe a obsessão?

Seu Nelson é claro ao afirmar que o que predispõe a obsessão são as nossas imperfeições morais. “Nós estamos encarnados no mundo de provas e expiações não por acaso, é que a nossa evolução espiritual ainda está muito aquém do que já poderia estar,” afirma o expositor.

Ainda não estamos aqui na condição de Operários do Cristo, nem de mentores ou de benfeitores, nem de trabalhadores de Jesus como Chico Xavier. Nós estamos aqui porque precisamos. 

Como ouviu André Luiz em Nosso Lar quando foi resgatado: nós viemos à Terra e sujamos a nossa roupa com as nossas atitudes impensadas, com o mal que fazemos. Voltamos ao plano espiritual com a roupa suja. Mas precisamos voltar à Terra porque o tanque para lavar nossa roupa suja fica aqui. 

Então, a necessidade das reencarnações advém de nossas imperfeições morais que dão asas abrem as portas para que os espíritos sofredores infelizes se aproximem. 

Quem são os obsessores

Todo obsessor é um grande sofredor, alguém muito infeliz. É um irmão doente da alma. Por isso são tratados nos trabalhos desobsessão com amorosidade, com caridade, com respeito e com misericórdia, porque sofrem dobrado.

Os obsessores sofrem pelo mal que sofreram e sofrem pela própria incapacidade de trabalhar isso e perdoar. Sofrem muito porque são 24 horas de ódio e de busca por vingança, diariamente. 

A nossa falta de vigilância permite a aproximação desses irmãos infelizes. Está no evangelho o alerta: 

Vigiem e orem para que não caiam em tentação.
— Mateus 26:41

Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda ao redor de vós como leão, rugindo, buscando a quem possa devorar.
— I Pedro 5:8

Será que ouvimos o apelo do Mestre? E mais do que isso, cuidamos da nossa vigilância os nossos sentimentos e dos nossos pensamentos?

Diferentes tipos de obsessão

As obsessão tem gradações, não são todas iguais. Para a Doutrina Espírita, são elencados três tipos principais: obsessão simples, fascinação e subjugação.

Obsessão simples

A obsessão simples é aquela que dificilmente percebemos. Achamos que o que está se passando é coisa nossa. Nem percebe que tem alguém soprando ao nosso ouvido e induzindo nosso pensamento. Se fazemos por impulso alguma coisa que não gostaríamos de fazer, ou se nos sentimos chateados ou ficamos raivosos, nervosos, os obsessores jogam uma energia pesada que intensifica esses sentimentos. Ficamos duas vezes mais raivosos do que ficaríamos sem essa influência. 

Revelam as benfeitores espirituais que os obsessores não colocam nada em nós diferente do que nós já tenhamos. Todas as nossas deficiências, todos os nossos vícios, todas as nossas paixões são aproveitadas pelo obsessor. Eles as tornam mais evidentes, pois as estimulam — mas não criam nada que em nós já não exista.

Pode-se pensar que por ser chamada “simples”, esse tipo de obsessão seja menos perigosa. Mas é muito, pois os obsessores vão nos envolvendo aos poucos. Com calma, sutilmente, num crescendo, sem nos darmos conta. Até que o envolvimento alcance um segundo estágio, chamado de fascinação.

Fascinação

A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento e que, de certa forma, lhe paralisa o raciocínio. Acontece muito com os médiuns. O médium fascinado não acredita que esteja sendo enganado. O Espírito tem lhe inspira confiança cega, que o impede de ver o embuste. 

Diferente da obsessão simples, a fascinação exige que o Espírito seja ardiloso, pois precisa primeiro ser acolhido e pra isso assume muitas vezes um falso aspecto de virtude. Por isso o fascinador quer afastar a vítima das pessoas que veem com clareza. À medida que o campo mental da vítima cede espaço, ela passa a permitir não apenas a indução telepática, mas também as atitudes e formas de ser do obsessor, dando lugar ao tipo mais grave, a subjugação.

Subjugação

Na subjugação, a pessoa fica sob verdadeiro domínio. É quando a vontade da pessoa perde controle de comando pessoal, e o obsessor assume a governança da mente ou do corpo físico daquele que está dominando.

O obsediado vai sendo dominado mentalmente, caindo em estado de passividade, não raro sob mal-estar emocional e chega a perder a lucidez. A pessoa pode chegar a ceder para o obsessor os centros do comando motor e passar a ficar inerte, subjugada, cometendo atrocidades por indução direta do obsessor.

O caminho do perdão

Ao percebermos qualquer sinal de influência espiritual que nos prejudique, que possamos elevar nossos pensamentos a Jesus, nosso amigo e Mestre, e ao nosso Pai Celeste, que nos protege sempre e ama igualmente a todos. O obsessor é também um irmão, que precisa do nosso perdão e do nosso amor. Permaneçamos então na vibração de paz, de entendimento, confiança e com muita atenção aos pensamentos.

Se vierem pensamentos negativos (e é normal que eles venham de vez em quando), que possamos abrir o Evangelho, fazer uma leitura, orar aos Espíritos amigos que nos assistem, em especial nosso Espírito protetor, para que eles possam nos auxiliar, nos dar força e coragem.

E para nos inspirar, leiamos o poema “Cantiga do perdão”, de Maria Dolores, ditado a Francisco Candido Xavier e publicado no livro Antologia da Espiritualidade.

Não te iludas, amigo,
Por mais se expandam lágrimas contigo,
Todo lamento é vão…

Tudo o que tende para a perfeição,
Todo o bem que aparece e persiste no mundo
Vive do entendimento harmônico e profundo,
Através do perdão…

Perdão que lembre o sol no firmamento,
Sem se fazer pagar pelo foco opulento,
A vencer, dia a dia,
A escuridão da noite insondável e fria
E a nutrir, no seu longo itinerário,
O verme e a flor, o charco e o pó, o ninho e a fonte,
De horizonte a horizonte,
Quanto for necessário.

Perdão que nos destaque a lição recebida
Na humildade da rosa,
Bênção do céu, estrela cetinosa,
Que, ao invés de pousar sobre o diamante,
Desabrocha no espinho,
Como a dizer que a vida,
De caminho a caminho,
Não despreza ninguém,
E bela, generosa, alta e fecunda,
Quer que toda maldade se transfunda
Na grandeza do bem…

Perdão que se reporte
À brandura da terra pisoteada,
Esquecida heroína da paciência,
Que acolhe, em toda parte, os detritos da morte
E sustenta os recursos da existência,
Mãe e escrava sublime de amor mudo,
Que preside, em silêncio, ao progresso de tudo!…

Amigo, onde estiveres,
Assegura a certeza
De que o perdão é lei da Natureza,
Segurança de todos os misteres.

Perdoa e seguirás em liberdade
No rumo certo da felicidade.

Nas menores tarefas que realizes,
Para lembrar sem sombra os instantes felizes
Na seara da luz,
Na qual a Luz de Deus se insinua e reflete,
É forçoso exercer o ensino de Jesus
Que nos manda perdoar
Setenta vezes sete
Cada ofensa que venha perturbar
O nosso coração;

Isso vale afirmar,
Na senda de ascensão,
Que, em favor da vitória,
A que aspiras na luta transitória,
É mais do que importante, é essencial
Que te esqueças, por fim, de todo mal!…

E que, em tudo, no bem a que te dês,
Seja aqui, mais além, seja agora ou depois,
Deus espera que ajudes e abençoes,
Compreendendo, amparando e servindo outra vez!…
— por Maria Dolores, psicografia de Francisco Candido Xavier.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação

*Colaborou para esta publicação: Ilani Nunes.
**Imagem em destaque: via pexels.com

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