Convidado para conversar sobre o livro As Perguntas de Jesus nos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, o palestrante espírita e autor Felipe Mascarenhas abordou com especial atenção o capítulo 4, que é o convite de Jesus à fraternidade. A pergunta desse capítulo do livro é “Quantos pães tendes?”. O autor explica que a interpretação não deve ser baseada em conjecturas, em “achismos”, e sim baseado nos recursos que a Doutrina nos oferece, além de observar o contexto histórico em que a pergunta foi formulada. 

No episódio que ficou conhecido como o milagre da multiplicação dos pães, os discípulos são chamados a parar e perceber as necessidades que os cercavam naquele momento. Uma multidão cada vez maior se reunia e ouvia o Mestre. Vinham de longe e ali permaneciam por muitas horas. Havia alimentos apenas para os apóstolos. Quando estes propõem a Jesus que dispense as pessoas, pois não havia alimento suficiente para todos, é que Jesus faz a pergunta-título do capítulo. Trata-se de um convite a refletir sobre o que eles tinham para dispor e dar àquela multidão. 

O paralelo que pode ser feito conosco é: o que já temos disponível para ajudar ao próximo? Por que esperar ter sobrando, em vez de dispor do que temos?

Estamos atendendo ao chamado de Jesus?

O questionamento seguinte ao autor é sobre como estamos agindo perante o chamamento do Alto. Estamos atendendo ao chamado? Felipe comenta que estamos sempre pedindo formas de ajudar ao próximo, mas essas oportunidades não aparecem sempre como as idealizamos, e sim de acordo com nosso momento e de acordo com o momento que vivenciamos. 

Muitas vezes não percebemos o chamamento à caridade. É sempre importante estarmos atentos aos chamados da espiritualidade.

Deserto do sentimento

Em seguida Felipe aborda o trecho do livro em que se refere ao “Deserto do Sentimento”. Felipe explica que a frase vem a partir da leitura de um artigo que fala sobre a presença de Deus no deserto. O artigo mostra que a figura do deserto surge no evangelho de várias formas, especialmente nos momentos de transição, transformação e comunicação divina. 

O deserto apresenta a possibilidade do silêncio, onde podemos ouvir as manifestações de Deus, de forma simbólica.
— Felipe Truccolo Mascarenhas, em conversa sobre o livro “As Perguntas de Jesus”.

O deserto mostra quando nosso sentimento está em uma espécie de aridez. Estamos muitas vezes sendo ressecados pelo nosso intelecto, que nos faz pensarmos que não temos o suficiente para ajudar. Mas devemos tentar unir o intelecto ao sentimento, florescendo o nosso deserto interior, através do fluxo do amor divino, da chuva de bençãos. 

Muitas vezes obstruímos esse fluxo, quando não nos colocamos a serviço do bem. Nem sempre são oportunidades fáceis, pois, como falado anteriormente, tudo está interligado com o nosso momento interior. Além do mais, temos os perigos relacionados às nossas dúvidas, às nossas inseguranças. Muitas vezes achamos que o que precisamos é dar coisas materiais, mas na verdade podemos dar uma palavra de esperança, um alento. 

Por fim, o autor responde também: “que pergunta faria a Jesus?”. Felipe sorri, e comenta que faria a questão que Saulo fez a Ele: “Que queres que eu faça?”. Muitas vezes gostaríamos de ter essa oportunidade, mas também muitas vezes já sabemos a resposta. Pode ser simplesmente, “confia”. E é o que Jesus espera de nós. Que confiemos sempre em Seu ombro amigo, e que ajudemos sempre ao próximo, quando o chamado Dele nos tocar.

O livro: As perguntas de Jesus

O autor relatou na conversa que a inspiração para a construção da obra foi um trabalho coletivo da equipe da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. A ideia surge a partir de uma amizade do autor com um trabalhador espírita de Petrópolis, que o convidou a montar uma palestra com o tema. A partir das conversas para a montagem das palestras que foram apresentadas nos respectivos estados, foi sendo criado o escopo do livro. 

O livro As Perguntas de Jesus é composto por capítulos cujos títulos são questionamentos aparentemente “simples”: “Qual teu nome?; A que vens?; O que buscais?”. São convites ao autoconhecimento, passando por mais convites à compreensão da caridade e do amor divino. 

O autor: Felipe Truccolo Mascarenhas

Felipe Truccolo Mascarenhas é natural de Porto Alegre, expositor espírita e membro do Centro Espírita Leon Denis, também em Porto Alegre. É servidor da área de comunicação social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e participa do movimento espírita de proteção à vida animal.

Acompanhe na íntegra a palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Ana Carolina Rodrigues.
** Imagem em destaque via pexels.com.

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