Neste ano de 2023 completa-se os 154 anos do falecimento do codificador da Doutrina Espírita. E em 18 de abril comemora-se os 166 anos de publicação de O Livro dos Espíritos. Como uma homenagem singela, foi realizada uma palestra proferida na Associação Espírita Fé e Caridade, no dia 20 de março de 2023. 

A palestrante Fabiana Fertig esclarece que o intuito de falar de Allan Kardec não é idolatrar nem criar um santo dentro do movimento espírita. “É mostrar para cada um de nós o trabalho hercúlio que essa pessoa fez, com sua fé extraordinária. Que se hoje nós estamos aqui colhendo as orientações do esclarecimento e do consolo do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita, importante parte nós devemos a este homem”, comenta Fabiana. 

Kardec nos deixou de ignição da fé raciocinada, da responsabilidade. Podemos levar para as gerações futuras a doutrina da mesma forma que foi entregue em nossas mãos. Cabe a nós nas nossas escolhas de leituras de reflexões saber separar o joio do trigo.

Jesus, a porta. Kardec, a chave

As reflexões se iniciam com uma página do espírito Emmanuel intitulada “O Mestre e o Apóstolo”, contida na obra Opinião Espírita, escrita por Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira a partir de mensagens dos espíritos Emmanuel e André Luiz. 

Luminosa, a coerência entre o Cristo e o Apóstolo que lhe restaurou a palavra.
Jesus, o Mestre.
Kardec, o Professor.
Jesus refere-se a Deus, junto da fé sem obras.
Kardec fala de Deus, rente às obras sem fé.
Jesus é combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra.
Kardec é impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz.
Jesus caminha sem convenções.
Kardec age sem preconceitos.
Jesus exige coragem de atitudes.
Kardec reclama independência mental.
Jesus convida ao amor.
Kardec impele à caridade.
Jesus consola a multidão.
Kardec esclarece o povo.
Jesus acorda o sentimento.
Kardec desperta a razão.
Jesus constrói.
Kardec consolida.
Jesus revela.
Kardec descortina.
Jesus propõe.
Kardec expõe.
Jesus lança as bases do Cristianismo, entre fenômenos mediúnicos.
Kardec recebe os princípios da Doutrina Espírita, através da mediunidade.
Jesus afirma que é preciso nascer de novo.
Kardec explica a reencarnação.
Jesus reporta-se a outras moradas.
Kardec menciona outros mundos.
Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justiça atribui a cada um pelas próprias obras e anuncia que o Criador será adorado, na Terra, em espírito.
Kardec esculpe na consciência as leis do Universo.
Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina.
Jesus, a porta.
Kardec, a chave.
— do livro Opinião Espírita. 

Quem foi Allan Kardec

Hippolyte Léon Denizart Rivail (conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec), nasceu em 31 de março de 1869 e faleceu em Paris, na idade de 65 anos, sucumbido à ruptura de um aneurisma.

Segundo o amigo E.Muller, “nada tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fora pela parada de sua respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo,” conforme consta na revista Grandes Líderes da História, páginas 31 e 32.

Conhecer e estudar Kardec

Conhecer Kardec é fundamental para todo aquele que queira compreender os ensinos dos espíritos da codificação. Descobriremos nele o discípulo e missionário do Cristo.

Quando seu guia espiritual anuncia sua missão e que esta seria árdua e cheia de escolhas, ele se entrega à oração e diz: 

Senhor pois que te designaste a lançar os olhos sobre mim para cumprir os teus desígnios, faça-se a tua vontade! Está nas tuas mãos a minha vida, dispõe do teu servo.
— Obras Póstumas – 2ª parte.

Sai de cena o homem público, educador com mais de 22 obras publicadas, membro da academia real, aluno do famoso Pestalozzi e surge o codificador da Doutrina Espírita — o Consolador prometido por Jesus e registrado em João Evangelista.

Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: – O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós.
— S. JOÃO, 14:15 a 17 e 26.

A metodologia

Aos cinquenta anos de idade, convidado a verificar os chamados fenômenos de mesa girantes e observando a sua veracidade, vislumbrou um novo princípio das leis naturais que regem o mundo corporal: 

O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.
— Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 5.

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.
— O que é o espiritismo. Preâmbulo.

Dos experimentos

Kardec passa a frequentar semanalmente as sessões de mesas girantes e a estudá-las com os critérios científicos da época, utilizando a metodologia experimental, que se baseia em:

  • observar os fenômenos cuidadosamente
  • comparar e deduzir as consequências
  • procurar no efeito as causas
  • buscar sempre o encaminhamento lógico dos fatos e
  • aceitar como válida uma questão, somente depois de todas as questões resolvidas.

No ano de 1857, publica O Livro dos Espíritos com questões de todas as áreas do conhecimento humano:

  • casamento, um ato eminentemente social
  • direitos entre homens e mulheres
  • foge da ideia do Deus antropomorfo e pergunta “que é Deus”
  • o trabalho como instrumento de progresso material e moral
  • a caridade como única fonte de salvação.

O que Kardec descobriu?

Vejamos as descobertas, nas palavras do próprio Allan Kardec:

Compreendi, antes de tudo, a gravidade da pesquisa que ia empreender; percebi naqueles fenômenos a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurava em toda a minha vida. Em suma, toda uma revolução das ideias e das crenças.
— Allan Kardec em Obras Póstumas.

E como nos trouxe Emmanuel, por meio de Francisco Candido Xavier:

Respostas aos mais corriqueiros questionamentos elucidando os grandes enigmas da existência humana, ou seja, de onde viemos para onde vamos. ‘O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos.’
— da obra Roteiro.

Com Kardec, conhecemos um novo paradigma científico:

  • Somos seres únicos e imortais.
  • Estamos em permanente processo de evolução destinados à felicidade.
  • Somos responsáveis pelo nosso passado e futuro.

Com isso, se estabelecem princípios básicos da Doutrina Espírita, tais como:

  • Deus
  • Imortalidade da alma
  • Livre arbítrio
  • Lei de causa e efeito
  • Reencarnação

De nossa parte, a gratidão ao insigne codificador que compreendeu e viveu o Evangelho com amor, renúncia e espírito de serviço ao próximo.

Kardec, Hoje e Sempre!

Nisto todos conhecereis que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.
— Jesus (Jo 13:35).

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Fabiana Fertig.
** Imagem em destaque: Palais-Royal, La Galerie d’Orléans, Ryerson & Burnham Archives Archival Image Collection.

Categorias: Notícias

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