A ideia de destruição é compreendida muitas vezes na cultura ocidental como sinônimo das palavras devastação ou até mesmo tragédia. Diante disso, podemos nos perguntar por qual razão muitos de nós, encarnados e desencarnados, ainda mantemos vivo, em nossas mentes, esse tipo de pensamento sobre o referido tema. 

Através da palestra apresentada por João Vitor, na Doutrinária de Quinta-feira 11 de maio de 2023, na Associação Espírita Fé e Caridade, o público foi convidado a ressignificar a palavra “destruição”. A reflexão baseia-se, especialmente, em três questões de O Livro dos Espíritos (1857), de Allan Kardec, encontradas na sua Terceira Parte: 728, 729 e 732.

Destruição como lei da natureza

Na parte dedicada às Leis Morais do Livro dos Espíritos, Allan Kardec inicia seus questionamentos sobre o tema de maneira muito objetiva. Já na primeira questão apresentada no capítulo VI.

728. É Lei da Natureza a destruição?
Preciso é que tudo se destrua para renascer e regenerar. Porque o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.
— O Livro dos Espíritos.

Apoiado na resposta proferida acima pela espiritualidade, o palestrante João Vitor nos reafirma que tudo precisa ser destruído para que haja o renascimento e também a regeneração, na medida em que a transformação visa à renovação e à melhoria dos seres vivos em geral.

O palestrante nos lembra da famosa declaração do químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794), que afirmou: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Sabemos que a matéria é oriunda do fluído cósmico universal, e que há diferentes níveis e estados da matéria, que recebe novas funções no universo com o passar do tempo.

A necessidade da destruição

Na segunda questão do capítulo VI trazida por João Vitor, temos:

729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a Natureza de meios de preservação e conservação?
A fim de que a destruição não se dê antes do tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.

Diante dessa segunda questão, fomos convidados a pensar sobre a necessidade da destruição para levar à regeneração dos seres, nos questionando sobre o motivo pelo qual a natureza preserva e conserva, ao que é respondido que toda destruição antecipada obstruiria o referido princípio inteligente, e que Deus fez a necessidade de viver e de se reproduzir conforme a Lei da Conservação, que está relacionada à ideia de aprimoramento do espírito. 

Relacionar a “destruição” à “transformação”, nesse sentido, é se atentar ao tema da evolução, pois a preservação nos permite ter menos obstáculos em nossas trajetórias evolutivas, fazendo com que as trilhemos de maneira mais harmoniosa possível.

Por fim, na última questão mencionada por João Vitor em sua fala, Kardec interroga:

732. Será idêntica, em todos os mundos, a necessidade de destruição?
Guarda proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa, quando o físico e o moral se acham mais depurados. Muito diversas são as condições de existência nos mundos mais adiantados do que o vosso.
— O Livro dos Espíritos.

O palestrante, então, nos fala sobre a existência de muitas moradas na casa de nosso Pai, ou seja, dos diferentes tipos de planetas existentes no universo, com base na lembrança da fala do Mestre Jesus: “há muitas moradas na casa de meu Pai”. Isso nos remeteu, durante a palestra, à conhecida classificação dos mundos, presente na Codificação, em: mundos primitivos, mundos de provas e expiações (o nosso), mundos de regeneração, mundos ditosos ou felizes e, por fim, mundos celestes, onde habita Jesus. 

A fim de ser mais didático possível, o palestrante se referiu a um trecho do capítulo XVII pertencente à obra Perturbações Espirituais (2015), do Espírito Manoel Philomeno de Miranda, pela psicografia de Divaldo Franco, na qual se aborda questões relacionadas aos projetos divinos. Na obra, diz o autor que tais projetos são planejados com cuidado e analisados de acordo com quem eles se destinam, tendo em vista as suas respectivas situações morais e espirituais. Nesse sentido, todo esse planejamento é realizado sem improvisos ou aventuras.

Ainda com o intuito de refletir acerca da Lei da Destruição, houve a importante menção às pandemias ao longo da história, pensando, sobretudo, no que a pandemia da COVID-19 veio nos ensinar, como o que aconteceu com o momento do Lockdown, quando houve a necessidade de as pessoas lidarem consigo mesmas e com suas famílias, numa espécie de mergulho na convivência íntima. Além do surgimento de “impulsos evolutivos”, como a evolução das tecnologias, a melhora nos hábitos de saúde (como o lavar as mãos e o uso de máscaras), o aprimoramento da comunicação, que visou a continuidade do desenvolvimento e da evolução dos seres humanos, apesar de ter havido muita destruição no mundo material e os desencarnes em massa. 

Não podemos esquecer, no entanto, que o propósito de Deus é sempre justo e bondoso, uma vez que a tônica da evolução é o amor e que tudo na vida é movimento para o bem supremo.

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Julia Osório.
** Imagem em destaque: via pexels.com

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