No texto de hoje, vamos refletir nossa relação com a “morte”, que na verdade nada mais é do que o desencarne do Espírito. Também como encará-la com ajuda do entedimento espírita.

Medo do desencarne

Em se tratando de “morrer”, chamam a atenção algumas citações extraídas do livro Deadlines (Últimas palavras: citações de pessoas famosas), de Phil Cousineau.

“Quando vemos o anjo da morte de longe, ele é horrível”, como lê o antigo texto mulçumano, “mas de perto, ele é belíssimo”.
— traduzido do livro Deadlines.

Ficamos a pensar como fomos mal habituados em enfrentar a morte física (desencarne). O medo horrível sempre pautou nosso relacionamento. Vemos a “morte” como terrível tirana (e indiretamente a Deus) que nos “tira” daqui, obrigatoriamente.

Quantas vezes encarnamos e desencarnamos? Já a conhecemos dentro do processo, porém, nos parece horrível enfrentá-la ou enfrentar a nós mesmos. O que tememos na realidade?

Uma questão de compreensão

Aqueles espíritos que já pautaram suas vidas além do mundo, com ações meritórias granjeando vibrações elevadas não mais a temem, acham belíssima sua chegada. Uma vez que, finalmente, dentro do processo natural da vida, conseguirão desvincular-se dos laços grosseiros, indo em busca da liberdade espiritual.

Na média, porém, pelo que noticiam os amigos espirituais, há também temor ao reencarnar na Terra. O espírito teme pelo êxito do seu planejamento reencarnatório.

Não desanimemos, aqueles que estão prestes a encarnar, o fardo é sempre proporcional à força de quem o carrega. Não desanimemos, também, aqueles que estão prestes a desencarnar, o momento é bonito se considerarmos que chegamos ao fim da tarefa terrena.

Ao invés do medo, procuremos juntar as ações nobres e nos conscientizar também daquilo que deixamos de fazer. Para não retornarmos ao verdadeiro lar como meninos irresponsáveis, escondendo-se dos fatos.

No processo educativo terreno habituam-nos mal para vivenciarmos a “morte”. A Doutrina Espírita contribui para aclarar este estado de coisas, dizendo que a vida não sofre interrupções, não precisamos temer porque nada ficará perdido.

Ressurgimos tal qual somos

Prefiro ir para o inferno, onde gozarei da presença de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos.
— Maquiavel.

Triste pensar assim, quantas amarguras! Tomara que Maquiavel já tenha assumido novas posturas. Noção da sobrevivência pós-morte ele tinha, consciência do bem e do mal também.

Parece que ele percebia que papas, reis e príncipes, com honrosas excessões, viviam em agrupamentos “infernais”, porque abusavam do poder que detinham, incluindo-se.

Transferiam para o mundo espiritual a possibilidade de tornarem-se anjos. O que hoje a Doutrina Espírita nos esclarece: o desencarne não nos transforma em anjos.

Triste Maquiavel que demonstrava o orgulho que nos aprisiona nos comezinhos terrenos e o desprezo com que considerava aqueles que não lhe pertenciam ao círculo. A vivência cristã não lhe penetrara, tudo aquilo que o Cristo Jesus ofereceu parece não ter encontrado eco no seu coração.

Tempo de trabalho

Não foi um exemplo feliz enquanto esteve aqui (hoje já pode estar melhor). Justamente por isso comentamos sobre ele, no sentido de evitarmos os mesmos erros. Nossas posturas terrenas determinarão nossas posições espirituais, nossos grupos de afinidades.

A Doutrina Espírita lembra que, enquanto estamos aqui, é tempo de trabalho, de mudanças, de recuperação, para retornarmos de maneira mais digna.

  • O que fizestes dos talentos que lhe foram confiados? (menção a Párabola dos talentos, capítulo XVI, Evangelho segundo o Espiritismo).

Aproveitamos o tempo concedido aqui na Terra para multiplicar nossos talentos? Para conhecer nossas potencialidades de servir, ajudar ao próximo, de fazer o bem? Ou passamos sem deixar obras?

Saber viver bem, para desencarnar bem

Pratique a morte; você vai ter que experimentá-la um dia.
— Platão.

Feliz Platão que já percebia a dimensão da Vida Maior, o espírito imortal e suas palavras incitavam a viver bem para uma bom desencarne.

“Praticar a morte” nós a entendemos num sentido mais amplo. Não se trata do ato físico, trata-se da atitude moral da criatura que aproveita a oportunidade desta vida (encarnação) para alcançar vôos maiores, através do autoconhecimento, da autotransformação e do trabalho em favor do outro.

Como praticamos a “morte”

“Praticamos a morte” em cada ação nobre na Terra, porque sabemos estar acumulando benefícios para o retorno espiritual. A situação é igual para todos, um dia, inevitavelmente, a experimentaremos e como o faremos? Com as mãos vazias?

“Praticamos a morte” quando não nos prendemos mais aos excessos da vida material e procuramos entender e abraçar a causa espiritual. O mundo terreno é transitório e enquanto nos importamos em demasia com a matéria esquecemos aquilo que realmente importa: a realização espiritual.

Obrigado a Platão, pelo alerta amigo. Através da Doutrina Espírita já estamos bem conscientes de que, ao experimentarmos a morte física (desencarne), poderemos ser vencedores do mundo ou apenas entusiastas.

“Praticamos a morte” cada vez que diminuimos erros, cada vez que combatemos vícios ou tendências inferiores, cada vez que desprezamos os valores negativos. Porque nestes momentos estamos nascendo para a verdadeira vida, estamos enxergando a luz.

Vale a pena perseverarmos no bem. Só assim, grandes alegrias nos aguardarão quando, mais uma vez, experimentarmos a “morte”.

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* Colaborou com esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira
** Imagem em destaque: via Pixabay.

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