​Qual o significado dessa afirmação: Aquele que se eleva será rebaixado? Para que possamos responder é necessário questionar a si mesmo. Essa expressão é um convite à reflexão do nosso próprio comportamento, sobre o que realmente é importante para nós, a superioridade aqui no mundo corpóreo ou a humildade que nos levará a conquistar um lugar de amor e paz no plano espiritual e em qualquer lugar onde estivermos no Universo, que é nossa casa.

Este tema foi trazido pela palestrante Silvia Silva a uma reunião doutrinária de sábado na Associação Espírita Fé e Caridade. Entendamos melhor então esse tema, que faz parte das leis divinas.

A humildade

​O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, ítem 3, nos esclarece: 

Por essa ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: ‘Quem é o maior no reino dos céus?’ – Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio dele e respondeu: ‘Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no Reino dos Céus e aquele que recebe em meu nome a uma criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe’.
— Mateus, 18:1-5.

​Para nós, seres ainda orgulhosos, “se humilhar” e se “tornar pequeno”, significa ser fraco. Jesus nos coloca a “humildade como condição essencial da felicidade prometida aos eleitos do Senhor” (O Evangelho Segundo o Espíritismo, cap. VII, item 6). 

A humildade está diretamente ligada a nossa fé na vida futura e nos desígnios de Deus. Quando somos rebaixados ou não nos esforçamos para mostrar quem somos, seja em um círculo de amizade ou conhecimento, no trabalho, na rua, no trânsito, estamos simplesmente trabalhando por nós mesmos e pelos outros. O que está determinado para cada um de nós, de acordo com nossas atitudes, chegará até nós. Silenciar diante de algo que possa ser visto por nós mesmos ou pelos outros como injustiça, transforma nosso ser, porque esse comportamento está associado à reflexão daquilo que Jesus nos deixou como herança de amor a si mesmo e ao próximo. Mais do que tudo, nossas atitudes é que demonstram nossa evolução moral.

​Ainda no item 6 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, vemos que: “o Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria, mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais poderosos”. Pode nos levar a pensar em quantas vezes realizamos algo em nosso trabalho, por exemplo, e não somos reconhecidos. Sendo assim, continuamos fazendo nosso melhor. O que importa é fazer em prol da sociedade, onde estão nossos irmãos de jornada. Se as pessoas que nos rodeiam não entendem nossos atos de humildade, sem necessidade de estar no pódium, não tem problema. Sempre devemos recordar que muitos dos habitantes desse planeta, ainda não têm conhecimento e nem conseguem raciocinar ainda sobre essas questões. 

Devemos, portanto, dar graças a Deus por já estarmos tendo acesso a essas informações valiosas sobre a imortalidade da alma, raciocinando sobre elas e que nosso exemplo trabalhado de simplicidade e respeito às leis de Deus se tornem prova de que estamos progredindo, dia a dia, sem que haja necessidade de mostrar que estamos evoluindo. Deus tudo vê. Mesmo que não seja um caminho fácil de seguir, procuremos o caminho do bem ao raciocinarmos sobre a necessidade de desenvolvermos a simplicidade.

​Humildade é o sentimento contrário do orgulho. Quem tem humildade não demonstra saber mais e tem paciência para auxiliar aquele que está aprendendo, ou seja, auxiliar sem que o outro se sinta humilhado. Quanto ainda temos a aprender! É muito difícil para nós não demonstrarmos que sabemos mais, que temos mais. Temos que vencer a nós mesmos, tentando a cada dia ser melhor do que ontem, sendo mais pacientes, mais prudentes, mais calmos, desenvolvendo nossas qualidades. Temos que ter a humildade de reconhecer nossas próprias dificuldades para superá-las e, então, agir com modéstia e simplicidade em relação aos outros. Podemos superar o egoísmo, a ambição descabida, o desejo de superioridade com trabalho pessoal, na luta diária.

Progresso espiritual

​Um aspecto muito importante em relação a essa questão são as encarnações sucessivas. Em uma existência um espírito encarnado ocupa posições elevadas, junta muitos bens materiais e em uma próxima encarnação desce à condição de extrema pobreza, passando muitas necessidades, doenças. Muitas vezes, quando estamos em condições muito difíceis, nos perguntamos: Por quê? O que eu fiz para merecer isso? A resposta é que a verdadeira grandeza são nossas virtudes e não o orgulho, a riqueza, os títulos, a nobreza de nascimento. 

Se em uma encarnação temos a possibilidade de possuir bens, com certeza não é apenas para nosso prazer. E, então, necessitamos de uma encarnação mais difícil para que possamos desenvolver valores morais que nos faltaram em uma experiência anterior. Se analisarmos com calma, verificaremos a perfeição que são as leis de Deus, já que cada ser recebe de acordo com aquilo que doa. Este é, na realidade, o equilíbrio do Universo, sem o qual jamais encontraremos a paz de espírito necessária para nossa felicidade.

​Estamos progredindo e assim continuaremos. O bem está dentro de nós, latente e é indestrutível, nos oferecendo a base para nossas realizações. Ainda não o acessamos de forma integral, mas esse é o nosso futuro. Quando Jesus disse: “Todo aquele que se eleva será rebaixado”, está nos deixando o recado que todo aquele que utiliza o mal como alavanca, será levado a rever suas atitudes. É extremamente pedagógica essa lição. É como ensinar uma criança na escola, que aprende com erros e acertos até que consiga aprender e não errar mais. Assim caminhamos.

Virtudes eternas

​No ítem 4 do Evangelho, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou de Jesus com seus dois filhos e pede que eles se assentem, um à sua direita, outro à sua esquerda. E Jesus responde: “Não sabeis o que pedís. Podeis vós beber o cálice que hei de beber?” (Mateus 20: 20-28). Desta passagem, podemos extrair uma outra lição: quantas vezes almejamos uma posição de superioridade, julgando-a como um grande bem? Quantas vezes pedimos algo a Deus e quando não vemos o que pedimos realizado, achamos que não fomos escutados? Na realidade, o não atendimento à nossa solicitação é exatamente o que precisamos naquele momento, evitando situações que não poderíamos administrar e, até, suportar. O que temos a fazer é trabalhar em silêncio, com humildade, em benefício do próximo, sem esperar recompensas na terra para que depois possamos ter recompensa do céu. Não levaremos bens materiais ao desencarnar e, sim, bens que adquirimos pela nossa vontade de auxiliar e evoluir.

​Somos espíritos imortais e a compreensão dessa verdade nos torna humildes, percebendo que só o entendimento de que todos cresceremos juntos é a verdadeira superioridade. É nossa responsabilidade espiritual agir no bem, com entendimento, compreensão, fraternidade e simpatia, auxiliando sem condições.

​No livro “O Consolador”, de Francisco Candido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, a pergunta 314 nos diz de forma esclarecedora: 

Qual a maior lição que a humanidade recebeu do Mestre, ao lavar Ele os pés dos seus discípulos?
‘Entregando-se a esse ato, queria o divino Mestre testemunhar às criaturas humanas a suprema lição da humildade, demonstrando, ainda uma vez, que, na coletividade cristã, o maior para Deus seria sempre aquele que se fizesse o menor de todos’.
— O Consolador, questão 314.

​A humildade é uma das maiores conquistas do espírito.

​Teus atos bons não necessitam de ser conhecidos, para que se façam comentados e adquiram valor. Eles são valiosos, embora desconhecidos. Descarta, portanto, quanto possível, a evidência pessoal, e quando as circunstâncias o exijam, não lhe vistas a pesada e fulgurante indumentária, mantendo-te simples e puro de coração, mediante o que permanecerás feliz e sem amarras com a transitoriedade das situações.
— Episódios Diários, de Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Joanna de Angelis.

REFERÊNCIAS:

– ÂNGELIS, Joanna de. Episódios Diários. Pg. 167.

– O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. VII, ítens 3,4 e 6.

– XAVIER, Chico. Livro O Consolador. Pg. 209, questão 314. Por Emmanuel.

Acompanhe agora a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
**Imagem em destaque: pexels.com

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