Em palestra transmitida pelos canais digitais da Associação Espírita Fé e Caridade, na série Conversando sobre Espiritismo, o expositor Nelson Mate nos trouxe o tema Cura-te a ti mesmo.

Tem nos tocado profundamente a situação de tantas pessoas que buscam a casa Espírita por estarem desanimadas, com depressão, com problemas familiares, querendo desistir da vida, entre outros problemas. Muitos deles nos constrangem o coração.

Na escola, aprendemos que quando o professor nos passa um problema é para que a gente resolva, mas quando não conseguimos resolver sozinhos, devemos buscar ajuda. E na vida não é diferente. 

Quando os problemas nos ocorrem, é justo que quando não conseguindo ou não encontrando força suficiente para resolvê-los, que busquemos auxílio. Sem esquecer no entanto, que auxiliar não é substituir.

Ninguém vai resolver os meus problemas, ninguém vai curar as minhas dores da alma.

A cura para nossas dores

Existem dois tipos de dores: a dor física e a dor espiritual.

A dor física

Para a primeira, encontramos socorro e alívio na medicação, no tratamento médico. O socorro da medicina terrena é precioso, abençoado e nos ajuda, mas para as dores da alma, a tarefa é exclusivamente nossa.

Jesus foi muito claro neste ponto quando afirmou no evangelho: “Médico, cura-te a ti mesmo”, como visto em Lucas 4:23.

A dor espiritual

Ninguém pode curar a dor da alma do próximo. Podemos ser instrumentos de auxílio, ser amigos preciosos, dar conselhos, podemos mostrar o Evangelho. Há muitos recursos, mas quando estamos doentes da alma, o único recurso e o melhor é Jesus.

Temos para trabalhar nossa cura o Evangelho do Cristo e seu ensinamento precioso: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo”, conforme Mateus 22:37-39.

A cura e o melhor remédio

O amor é o remédio universal.

Todos nós somos doentes, sofremos dores, corremos o risco de ficar com angústias, em depressão, mas devemos tomar um grande cuidado com isso.

Seu Nereu, um antigo trabalhador da Associação Espírita Fé e Caridade, sempre dizia: “Se o passarinho pousar na sua cabeça, não permita que ele faça ninho”.

Ou seja, quando um pensamento negativo, um sentimento destrutivo chegar a ti, livra-se dele. É difícil sim, mas se fosse fácil nós já seríamos anjos. Porém também não é impossível, existem coisas que demoram mais, que precisam de tempo para serem resolvidas.

Há dores que podemos resolver em uma encarnação, outras, em duas, três, dez ou até um milênio. Não podemos esquecer que somos todos Espíritos Imortais, criados por Deus para felicidade suprema, e, por nossos conhecimentos e nossa evolução espiritual ainda pequena, já podemos perceber que temos um passado multi milenar.

Muitos de nós já passamos por este mundo, por muitas encarnações, centenas talvez. Temos um passado e trazemos dele conhecimentos, bênçãos ou feridas, mas ao longo deste passado, também construímos muitas coisas complicadas, como desafetos, cometemos crimes contra Lei Humana e contra as Leis Divinas. E ainda hoje, vivemos onerados de dívidas com as Leis Divinas. É isso que nos adoece.

O amor de Deus

Certamente você já ouviu alguém dizer estas palavras: “por que Deus me mandou este sofrimento, esta dor?”.

E já se perguntou, será mesmo que Deus envia dor e sofrimento para alguém? Imaginar isso é desconhecer quem é o nosso Pai, os seus atributos.

Como poderia a fonte do bem, do amor, da bondade, a fonte de todas as Dádivas, tudo que existe de bom e de belo enviar dor e sofrimento para os seus filhos?

Importante lembrar que também não há privilégios na criação. Ninguém foi criado anjo, os que lá estão nesta condição, chegaram por seus próprios méritos. É o mesmo caminho que nós estamos percorrendo.

Se você está doente, seja do corpo ou da alma, ou de ambos, a cura está em você mesmo.

Para a dor do corpo, é justa e necessária que se busque auxílio médico, a da alma, é também justa que se busque auxílio da espiritualidade, nossos queridos amigos espirituais, Espíritos familiares e nosso Anjo de Guarda. Recorrer a Jesus também é justo e necessário, mas ninguém vai fazer a parte que nos cabe.

O plantio é livre, mas a colheita é compulsória

E Jesus no seu Evangelho mais uma vez esclareceu isso: a cada um será dado conforme a suas obras, ou seja, tudo aquilo que eu faço, que eu deixo de fazer de bem, o que eu ofereço para o Universo, volta para mim. Possivelmente com a mesma intensidade. É dando que se recebe e se recebe o que se dá. Quem doa amor, recebe amor. Quem serve, recebe um salário. O salário do bem é a felicidade e o salário do pecado, segundo Jesus, é a morte do Espírito.

Mas o que é a morte do Espírito se somos imortais? O Espírito é considerado morto quando se afasta de Deus, quando é rebelde, não se curva, não se reconhece filho do Altíssimo e quando não aprende a se libertar de todo os males que carrega no seu coração.

Nós vivemos em um mundo de provas e expiações. Na categoria dos mundos que Kardec colocou para nós, começa na escala embaixo com os mundos primitivos, depois o mundo de provas e expiações, de regeneração e assim vai subindo. Portanto nós estamos, de baixo para cima, estamos no segundo degrau.

E por que provas e expiações?

Porque ainda somos Espíritos titubeantes, nossa fé é ínfima. Jesus disse que se nós tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, poderíamos fazer coisas que até nós duvidamos. Mover as montanhas das nossas dificuldades, fazer curas em nós mesmos e até no nosso próximo.

Uma fé do tamanho de um grão de mostarda… Agora imagine como é a nossa fé. Sempre que Jesus fazia uma cura ele alertava, “não foi eu que te curei, foi a tua fé que te curou”.

Todavia, se ao recorrermos ao amparo da espiritualidade sem ter fé, talvez tenhamos algum merecimento, mas enquanto a fé não for a base do nosso desejo, provavelmente ainda temos muito a aprender.

As provas e as expiações

Emmanuel nos diz que expiação é para Espírito rebelde, aquele que se compraz no mal, que não quer e não aceita qualquer convite do bem. Embora seja ignorante do bem, ele se compraz naquilo. Recusa qualquer oportunidade de fazer o bem e na sua rebeldia, então vai expiar, vai passar pela lei de ação e reação, de causa e efeito.

A dor, seguindo os Espíritos benfeitores, não é castigo. Ela é parte da pedagogia divina para o nosso despertamento. É um instrumento do amor de Jesus. Imagine se você não sentisse dor de dente, quando fosse procurar o dentista, o seu dente já teria estragado ou caído. A dor é benção, embora seja difícil para nós entendermos.

Já ouvimos pessoas falarem o quanto é feliz aquele que não sente dor, pois existe quem tenha este distúrbio fisiológico, mas certamente se você perguntar para uma delas irá dizer que isso não é benção, que é horrível, porque ela pode estar destruindo um órgão sem sentir, pode estar com uma enfermidade grave que poderia ser curada prematuramente e levar ao túmulo o corpo, porque ela não sentiu dor.

Sendo assim, a dor é instrumento da pedagogia divina para o nosso reajustamento. Jesus nas suas bem aventuranças foi muito claro: “Bem aventurados os que sofrem sem reclamar”

Há pessoas que dizem que querem desencarnar logo, pois este corpo fica aqui doente e ela irá para o plano espiritual. Mas de que vale o enfermo mudar de uma casa para outra, se a doença vai com ele. É melhor ficar aqui na terra o tempo que for preciso e curar esta dor aqui, curar esta enfermidade para quando mudar de residência, para o plano espiritual, já ir devidamente curado.

Como sofres

Emmanuel na obra Vinha de Luz, por Francisco Candido Xavier, no capítulo 80 intitulado Como Sofres nos diz:

Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz.
Muita gente padece, mas quantas criaturas se complicam, angustiadamente, por não saberem aproveitar as provas retificadoras e santificantes?
Vemos os que recebem a calúnia, transmitindo-a aos vizinhos; os que são atormentados por acusações, arrastando companheiros às perturbações que os assaltam; e os que pretendem eliminar enfermidades reparadoras, com a desesperação.
Quantos corações se transformam em poços envenenados de ódio e amargura, porque pequenos sofrimentos lhes invadiram o círculo pessoal? Não são poucos os que batem à porta da desilusão, da descrença, da desconfiança ou da revolta injustificáveis, em razão de alguns caprichos desatendidos.
Seria útil sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros? Não será agravar a dívida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?
Raros homens aprendem a encontrar o proveito das tribulações. A maioria menospreza a oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.
Todas as criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.
— Emmanuel no livro Vinha de Luz, capítulo 80.

Se você está doente, se está com dores físicas, mas também com dores na alma, angustiado, depressivo ou desanimado, lute! Não se entregue. Busque os recursos.

A casa espírita dispõe de recursos que podem nos trazer esperança, renovar-nos para a vida plena. É certo que vamos cair inúmeras vezes, mas mesmo de joelhos desconjuntados levantemos e sigamos a diante.

André Luiz ouviu no Nosso Lar do Ministro Clarêncio as seguintes palavras:

As almas débeis, ante o serviço, deitam-se para se queixarem aos que passam; as fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, no qual se preparam, a caminho da perfeição.
— do livro Nosso Lar, capítulo 6.

Que Jesus nos abençoe, fortaleça nossa fé, nossa coragem e nosso bom ânimo, para que possamos vencer as nossas próprias dificuldades e aprender a sofrer ou pelo menos a suportar para evoluir.

Acompanhe a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

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*Colaborou para esta publicação: Débora Hemkemeier.
**Imagem em destaque via Pexels.com

Categorias: Notícias

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