Muitas notícias referentes a casos de transtornos mentais desperta nossa atenção levando-nos à busca do esclarecimento espírita. Em um raciocínio lógico, procuramos elucidar alguns pontos obscuros vinculados aos processos espirituais de complexidade obsessiva, na área do comportamento humano. Nesse sentido, trazemos o tema “Sugestões infelizes“.

Sugestões infelizes e livre-arbítrio

Muitos transtornados se referem ao “ouvir vozes” para levá-los a comportamentos agressivos provocando danos e/ou desencarnes.

Alguns comentários irônicos perguntam se atribuir a culpa de crimes ou outros atos graves aos espíritos não seria uma boa desculpa para o ser humano sair disseminando essas atitudes infelizes. Reflitamos sobre isso.

O homem é dono de uma vontade que lhe permite escolhas. Em hipótese nenhuma pode-se retirar de sua responsabilidade as consequências das mesmas. Não se pode fazer isto nem na convivência como encarnados, nem como desencarnados.

A vida continua

É certo que temos amigos ou inimigos em qualquer plano, material ou espíritual. A morte do corpo não elimina os sentimentos do espírito, que continua vivo. Este passa aos planos espirituais carregando suas realizações terrenas, sejam boas ou ruins.

Aquele ser que consegue conscientizar-se dos valores morais e tenta uma modificação interior vai libertando-se aos poucos dos sentimentos mais inferiorizados. Assume uma postura de trabalho em favor do bem.

Mas aqueles espíritos-pessoas carentes de uma nova posição, ainda enredados nas teias de atitudes infelizes, pensamentos e sentimentos embotados, prosseguem nas suas artimanhas. Mesmo compreendendo sua posição de desencarnados. Antes até, alguns, valendo-se dela para perseguir aqueles que ficaram, mas que lhes estão vinculados.

Influência espiritual e responsabilidade

É certo identificarmos então uma influência negativa desses espíritos sobre pessoas que lhes são afins, sugerindo-lhes permanência nos vícios, nas atitudes agressivas? Sim, a influência, que chamamos obsessão, é possível. Mas ela não exime o encarnado de sua responsabilidade.

Espíritos em retificação que somos, estamos encarnados para novos aprendizados através da convivência em sociedade. Aqui poderemos fazer grandes mudanças em nossas vidas, verdadeiras guinada no rumo do nosso barco.

Mas também, poderemos permanecer na obscuridade do comodismo, dos sentimentos mesquinhos, realizando atos os mais desqualificados, tanto moral como materialmente. São pessoas que se comprazem nos erros, nos vícios, oferecendo essa sua opção de vida como um campo fértil para as sugestões que vem dos comparsas de além-túmulo.

Claro que o ser humano é um poço profundo de mistérios. Entretanto, o estudo espírita oferece-nos chance de procurarmos compreender melhor as posições de companheiros que apresentam desequilíbrios ou transtornos, os quais podem comportar nuances físicas, psicológicas e espirituais.

Mediunidade

Possivelmente sua sensibilidade de comunicação com seres desencarnados – a chamada mediunidade – está à flor da pele, captando as sugestões através das vozes que ouve.

Num processo obsessivo como este, as vozes não lhe sugerem coisas boas. Estamos falando de simbiose doentia que entrelaça os dois planos.

Entretanto, isso não tira responsabilidade do encarnado, pois, como espíritos imortais dotados de livre-arbítrio, arquitetamos nossos destinos através das construções mentais que vimos levantando. Não apenas nesta vida, mas nas muitas que temos vivido.

Transformação íntima

São grandes as dificuldades e não é fácil desfazer-se de mecanismos de ódios, de vinganças como esses, mesmo enquanto juntos aqui na Terra.

São lutas constantes para nós espíritos (encarnados e desencarnados) nessas condições. É preciso mudanças de dentro para fora. O que pede ajuda externa, não só de pessoas abnegadas no acolhimento e encaminhamentos para a ciência espiritual, mas também de ajuda profissional, tanto física como psicológica ou psiquiátrica, pela ciência médica.

Justiça Divina

O Livro dos Espíritos aborda sobre a intervenção dos espíritos no mundo corporal, em que Kardec pergunta aos Espíritos superiores:

466. Por que Deus permite que espíritos nos excitem ao mal?
– Os espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho.
— O Livro dos Espíritos, capítulo IX, questão 466.

Além disso, a reposta também nos traz que a ação dos espíritos sobre nós ocorre desde que haja afinidade:

Desde que sobre ti atuam influencias más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. […] Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas outros também te cercarao esforçando -se por te influenciar para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.
— O Livro dos Espíritos, capítulo IX, questão 466.

Elevando a vibração

A neutralização de todas essas influências nefastas é possível no campo da espiritualidade. E o Espiritismo nos recomenda, além da conexão com Deus e da persistência no bem, o trabalho de transformação moral, através do conhecimento de nós mesmos, das nossas paixões, vícios, virtudes, tendências.

Nenhum espírito recebe a missão de fazer o mal. Temos afinidades com eles. Por isso, tentam nos induzir por vontade própria, mas nós também temos a vontade própria de repelí-los .

Orai e Vigiai

Jesus nos ensinou na oração dominical:

Senhor, não nos deixeis sucumbir à tentação, mas livrai-nos do mal.
— Mt 6:13, Lc 11:4.

O Senhor nos atenderá, mas também precisamos nos esforçar com vigilância, com oração, melhorando energias dos pensamentos e sentimentos como recursos constantes na batalha grandiosa de destruir, em nós mesmos, as causas que atraem os espíritos inferiores.

Acompanhe agora uma reflexão sobre o tema:

*Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.

*Imagem em destaque via pexels.com.

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