Redação AEFC http://www.aefc.org.br AEFC Tue, 23 Apr 2024 13:37:49 +0000 pt-BR hourly 1 http://www.aefc.org.br/wp-content/uploads/2018/03/Imagem1-150x150.jpg Redação AEFC http://www.aefc.org.br 32 32 Parábola dos Talentos http://www.aefc.org.br/parabola-talentos/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=parabola-talentos http://www.aefc.org.br/parabola-talentos/#respond Tue, 23 Apr 2024 11:37:39 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16378 Em palestra doutrinária na Associação Espírita Fé e Caridade, o expositor Adriano P dos Santos trouxe o tema da Parábola dos Talentos, que encontramos no Novo Testamento em Mateus, 25:14-30) e em O Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo XVI, “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. 

O expositor inicia citando o livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa:

…O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem…
— Grande Sertão: Veredas.

A partir deste texto de Guimarães Rosa podemos perceber que a dinâmica da vida requer de nós dinamismo. Requer jogo de cintura, coragem, atitude, postura de aprendiz, entusiasmo, propósito, empatia, trabalho. Mas é preciso para isso, termos compreensão da dinâmica da vida.

Ensinamentos da Parábola dos Talentos

A parábola traz uma fala firme de Jesus, porém consoladora, que nos aponta caminhos, que estabelece um padrão de atitude espiritual perante a vida.

Havendo subido com seus discípulos ao monte das Oliveiras, dias antes de ser crucificado, disse-lhes o Mestre:

O Senhor age como um homem que, tendo de fazer longa viagem fora do seu país, chamou seus servidores e lhes entregou seus bens. Depois de dar cinco talentos a um, dois a outro e um a outro, a cada um segundo a sua capacidade, partiu imediatamente. Então, o que recebeu cinco talentos foi-se, negociou com aquele dinheiro e ganhou cinco outros. O que recebera dois ganhou, do mesmo modo, outros tantos.

Mas o que apenas recebera um, cavou um buraco na terra e aí escondeu o dinheiro de seu amo. Passado longo tempo, o amo daqueles servidores voltou e os chamou a contas. Veio o que recebera cinco talentos e lhe apresentou outros cinco, dizendo:

“Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão, além desses, mais cinco que ganhei.” — Respondeu-lhe o amo: “Servidor bom e fiel; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor.”
— O que recebera dois talentos apresentou-se a seu turno e lhe disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão, além desses, dois outros que ganhei.”
— O amo lhe respondeu: “Bom e fiel servidor; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor.”
— Veio em seguida o que recebeu apenas um talento e disse: “Senhor, sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e colhes de onde nada puseste; por isso, como te temia, escondi o teu talento na terra; aqui o tens: restituo o que te pertence.”
— O homem, porém, lhe respondeu: “Servidor mau e preguiçoso; se sabias que ceifo onde não semeei e que colho onde nada pus, devias pôr o meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim de que, regressando, eu retirasse com juros o que me pertence.” “Tirem-lhe, pois, o talento que está com ele e deem-no ao que tem dez talentos; porquanto, dar-se-á a todos os que já têm e esses ficarão cumulados de bens; quanto àquele que nada tem, tirar-se-lhe-á mesmo o que pareça ter; e seja esse servidor inútil lançado nas trevas exteriores, onde haverá prantos e ranger de dentes.”
— Mateus, 25:14 a 30.

Para que possamos melhor entender a Parábola dos Talentos, necessário se faz entendermos o que eram as parábolas tão utilizadas por Jesus.

Eram “simples” narrativas que continham verdades indispensáveis de serem compreendidas. Tinham como finalidade, tornar os ensinamentos mais claros, por meio de comparações entre os fatos da vida terrena e o conteúdo de ordem moral e espiritual. Objetivavam ainda, prender a atenção de todos aqueles que ouviam, de modo a auxiliar na guarda e na reprodução do ensino e evitar que, no futuro, os ensinamentos viessem a ser deturpados, seja pela ignorância ou pela má fé dos Homens.

O que eram os talentos

Também se faz importante entendermos o que eram os talentos na época de Jesus e o que os mesmos representam na Parábola.

Segundo Haroldo Dutra Dias, na sua palestra Parábola dos Talentos: Texto e Contexto, talento era uma medida de peso – um pedaço de metal precioso (prata, ouro) em forma de roda – utilizado no comércio da época. Havia o pequeno talento que pesava em torno de 30 kg e o grande talento em torno de 60 kg. Na época de Jesus usava-se o pequeno talento. Então, o talento não era uma moeda, mas um patrimônio considerável.

A palavra talento, na parábola, corresponde ao conjunto de todos os recursos (preciosidades) concedidos ao homem por Deus:

  • Recursos materiais: talentos emprestados, que vão ficar no mundo porque ao mundo pertencem. O poder, a riqueza, nosso corpo…
  • Recursos espirituais: talentos que são nossos, que seguirão conosco. Nossa inteligência, nossa cultura, nossas virtudes…

Breve exame da Parábola dos Talentos

Na parábola, podemos dizer que:

  • o senhor é Deus; 
  • os servos são a Humanidade; 
  • os talentos são os bens e recursos que a Providência nos outorga para serem empregados em benefício próprio e no de nossos semelhantes; 
  • o tempo concedido para a sua movimentação é a existência terrena.

Em se tratando da distribuição e do recebimento dos talentos, Emmanuel, no livro Dinheiro, pela psicografia de Chico Xavier, diz que cada qual de nós recebe na herança congênita (inata) do pretérito, as possibilidades de serviço que nos caracterizam as tendências no mundo, de acordo com os méritos e necessidades que apresentemos. Os talentos de Deus são iguais para todos, não há privilegiados ou excluídos. Compete a nós a solução do problema relativo à capacidade de recebê-los, só recebemos aquilo que temos capacidade de administrar, completa Emmanuel.

No que se refere à aplicação dos talentos, vemos que a parábola trata sobre multiplicação. Multiplicar talentos é a finalidade evolutiva. Os nossos talentos devem ser multiplicados em favor da vida, do bem, das pessoas.

  • Aqueles que possuem recursos financeiros podem multiplicar o dinheiro na forma de escolas, hospitais, atividades esportivas, sem para isso deixar de usufruir do próprio dinheiro.
  • Os que têm acesso à cultura, aos livros além de aprenderem, podem ajudar outros a aprender também.
  • Temos também o talento da fé religiosa. Há pessoas que não participam de nenhum culto, mas dedicam-se a servir a Humanidade.
  • Ou ainda, o talento do poder. Seja o poder político, o do administrador, que deve ser multiplicado em benefícios para as pessoas.

Emmanuel nos traz duas importantes representações dos talentos divinos: tempo e oportunidade. Segundo ele, ninguém vive deserdado da riqueza das horas e das oportunidades para consagrar-se ao bem. E a multiplicação dos talentos (obras no bem) é favorecida por duas Leis Divinas: Lei de Sociedade e Lei de Trabalho

Como multiplicar nossos talentos

Podemos então, como exemplo de multiplicação, usar nosso tempo para colher e sedimentar ensinamentos nobres, cultivar a fraternidade, oferecer consolo ao irmão necessitado, semear preces, sorrisos, afeto, emitir um pensamento de auxílio a um espírito necessitado ou mesmo um pensamento nobre onde haja maledicência.

Neio Lúcio, no livro Jesus no Lar, pela psicografia de Chico Xavier, traz uma fala de Jesus: 

Os talentos do Pai foram concedidos aos filhos indistintamente, para que aprendam a desfrutar os dons eternos, com entendimento e harmonia. Uns possuem a inteligência, outros a reflexão; uns guardam o ouro da terra, outros o conhecimento sublime; alguns retêm a autoridade, outros a experiência; todavia, cada um procura vencer sozinho, não para disseminar o bem com todos, através do heroísmo na virtude, mas para humilhar os que seguem à retaguarda. (…) Quando a verdadeira união se fizer espontânea, entre todos os homens no caminho redentor do trabalho santificante do bem natural, então o Reino do Céu resplandecerá na Terra, à maneira da árvore divina das flores de luz e dos frutos de ouro.
— do livro Jesus no Lar, capítulo 46, A Árvore Preciosa.

Com referência a não aplicação dos talentos, percebemos na Parábola dos Talentos que o que recebeu um talento, preso ao próprio egoísmo e ao medo, resolveu enterrar o recurso que Deus o confiou. Aqui, enterrar significa viver apenas na materialidade da vida, consumindo e consumindo-se. São todas as pessoas que cuidam, guardam, conservam e retêm os pertences da vida para si mesmos.

No Livro Fonte Viva, Chico Xavier e Emmanuel nos oferecem a seguinte reflexão acerca do servo que enterrou o talento que recebeu:

Na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se infelicita.
Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho. Contara apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo.
Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam. E recolhem- se à ociosidade, alegando o medo da ação.
Medo de trabalhar.
Medo de servir.
Medo de fazer amigos.
Medo de desapontar.
Medo de sofrer.
Medo da incompreensão.
Medo da alegria.
Medo da dor.
E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo esforço para enriquecer a existência.
Na vida, agarram-se ao medo da morte. Na morte, confessam o medo da vida.
E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor.
— do livro Fonte Viva, capítulo 132, Tendo Medo.

As consequências de multiplicar ou não os talentos

A respeito das consequências da multiplicação ou da não multiplicação dos talentos, podemos observar na Parábola o seguinte:

  • “Servidor bom e fiel; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras…compartilha da alegria do teu senhor”
    Quanto mais responsável for a aplicação do nosso livre-arbítrio, mais liberdade receberemos de Deus para cooperar, e, portanto, mais abertos estaremos à comunhão espiritual com Ele.
  • “Servidor mau e preguiçoso”
    Não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem! O servo, na Parábola, não fez o mal tomando para si o talento que recebeu do senhor, por exemplos, mas também não fez o bem, ou seja, não multiplicou em seu favor e em favor do próximo o talento recebido.
  • “Dar-se-á aos que já têm e esses ficarão acumulados de bens”
    Todo aquele que se interessa por corresponder à confiança do Senhor, receberá auxilio e proteção para que possa aumentar as virtudes que já possui.
  • “Ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece ter, e seja esse servidor inútil lançado nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes”
    Aquele que não se esforçar para acrescentar alguma coisa àquilo que recebe da misericórdia divina, provavelmente terá, em futuras reencarnações, momentos de sofrimentos, de modo a expiar o desleixo, a preguiça, a má vontade de que deu provas, quando se verá privado até do pouco que teve, por empréstimo.

Então, a título de conclusão gostaríamos de citar um fato da vida de Madre Tereza de Calcutá.

Conta-se que Madre Tereza, um dia após ter retirado das lixeiras de Calcutá um homem que estava na agonia da morte, deu-lhe banho e o colocou numa cama digna, para que ele ali morresse. Ele tomando-lhe das mãos, perguntou-lhe em lágrimas:

– Qual é, senhora, a sua religião?

E Madre Tereza lhe respondeu, marejada de emoção:

– A minha religião é você.

E qual é o Deus ao qual a senhora serve?

– Meu Deus é você.

Logo, transformar a nossa religiosidade em amor ao próximo é algo indizivelmente grandioso, que faz com que aprendamos a valorizar os talentos que Deus nos deu, a dignificar os talentos que vamos levar para depois da morte.

Referências:

– O Novo Testamento/tradutor Haroldo Dutra Dias; revisor Cleber Varandas de Lima. Brasília, DF: Conselho Espírita Internacional, 2010. 600p.

– KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – IDE – 2017.

– GUIMARÃES ROSA, J. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

– EMMANUEL (Espírito). Dinheiro. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. Editora IDE.

– EMMANUEL (Espírito). Fonte Viva. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 1º ed. 6 imp. Brasília, DF: FEB, 2013. 395p.

– LÚCIO, Neio (Espírito). Jesus no Lar – [psicografado por] Francisco Cândido Xavier.

– EMMANUEL (Espírito). Palavras de Vida Eterna. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 1º ed. 38 imp.. Uberaba/MG: Editora Comunhão Espírita Craitã, 2013. 384p.

– CALLIGARIS, R. Parábolas Evangélicas: à luz do Espiritismo. 11º ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. 112p.

– Palestra Parábola dos Talentos: Texto e Contexto (You Tube) – Haroldo Dutra Dias;

– EMMANUEL (Espírito). Moradias de luz. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. Editora Cultura Espírita.

– EMMANUEL (Espírito). Reformador. [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1954, p. 287.

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Adriano P dos Santos.
**Imagem em destaque:
Wikimedia Commons.

]]>
http://www.aefc.org.br/parabola-talentos/feed/ 0
Últimas palavras antes do desencarne http://www.aefc.org.br/ultimas-palavras-antes-do-desencarne/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=ultimas-palavras-antes-do-desencarne http://www.aefc.org.br/ultimas-palavras-antes-do-desencarne/#respond Fri, 19 Apr 2024 00:00:47 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16087 No texto de hoje, vamos refletir nossa relação com a “morte”, que na verdade nada mais é do que o desencarne do Espírito. Também como encará-la com ajuda do entedimento espírita.

Medo do desencarne

Em se tratando de “morrer”, chamam a atenção algumas citações extraídas do livro Deadlines (Últimas palavras: citações de pessoas famosas), de Phil Cousineau.

“Quando vemos o anjo da morte de longe, ele é horrível”, como lê o antigo texto mulçumano, “mas de perto, ele é belíssimo”.
— traduzido do livro Deadlines.

Ficamos a pensar como fomos mal habituados em enfrentar a morte física (desencarne). O medo horrível sempre pautou nosso relacionamento. Vemos a “morte” como terrível tirana (e indiretamente a Deus) que nos “tira” daqui, obrigatoriamente.

Quantas vezes encarnamos e desencarnamos? Já a conhecemos dentro do processo, porém, nos parece horrível enfrentá-la ou enfrentar a nós mesmos. O que tememos na realidade?

Uma questão de compreensão

Aqueles espíritos que já pautaram suas vidas além do mundo, com ações meritórias granjeando vibrações elevadas não mais a temem, acham belíssima sua chegada. Uma vez que, finalmente, dentro do processo natural da vida, conseguirão desvincular-se dos laços grosseiros, indo em busca da liberdade espiritual.

Na média, porém, pelo que noticiam os amigos espirituais, há também temor ao reencarnar na Terra. O espírito teme pelo êxito do seu planejamento reencarnatório.

Não desanimemos, aqueles que estão prestes a encarnar, o fardo é sempre proporcional à força de quem o carrega. Não desanimemos, também, aqueles que estão prestes a desencarnar, o momento é bonito se considerarmos que chegamos ao fim da tarefa terrena.

Ao invés do medo, procuremos juntar as ações nobres e nos conscientizar também daquilo que deixamos de fazer. Para não retornarmos ao verdadeiro lar como meninos irresponsáveis, escondendo-se dos fatos.

No processo educativo terreno habituam-nos mal para vivenciarmos a “morte”. A Doutrina Espírita contribui para aclarar este estado de coisas, dizendo que a vida não sofre interrupções, não precisamos temer porque nada ficará perdido.

Ressurgimos tal qual somos

Prefiro ir para o inferno, onde gozarei da presença de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos.
— Maquiavel.

Triste pensar assim, quantas amarguras! Tomara que Maquiavel já tenha assumido novas posturas. Noção da sobrevivência pós-morte ele tinha, consciência do bem e do mal também.

Parece que ele percebia que papas, reis e príncipes, com honrosas excessões, viviam em agrupamentos “infernais”, porque abusavam do poder que detinham, incluindo-se.

Transferiam para o mundo espiritual a possibilidade de tornarem-se anjos. O que hoje a Doutrina Espírita nos esclarece: o desencarne não nos transforma em anjos.

Triste Maquiavel que demonstrava o orgulho que nos aprisiona nos comezinhos terrenos e o desprezo com que considerava aqueles que não lhe pertenciam ao círculo. A vivência cristã não lhe penetrara, tudo aquilo que o Cristo Jesus ofereceu parece não ter encontrado eco no seu coração.

Tempo de trabalho

Não foi um exemplo feliz enquanto esteve aqui (hoje já pode estar melhor). Justamente por isso comentamos sobre ele, no sentido de evitarmos os mesmos erros. Nossas posturas terrenas determinarão nossas posições espirituais, nossos grupos de afinidades.

A Doutrina Espírita lembra que, enquanto estamos aqui, é tempo de trabalho, de mudanças, de recuperação, para retornarmos de maneira mais digna.

  • O que fizestes dos talentos que lhe foram confiados? (menção a Párabola dos talentos, capítulo XVI, Evangelho segundo o Espiritismo).

Aproveitamos o tempo concedido aqui na Terra para multiplicar nossos talentos? Para conhecer nossas potencialidades de servir, ajudar ao próximo, de fazer o bem? Ou passamos sem deixar obras?

Saber viver bem, para desencarnar bem

Pratique a morte; você vai ter que experimentá-la um dia.
— Platão.

Feliz Platão que já percebia a dimensão da Vida Maior, o espírito imortal e suas palavras incitavam a viver bem para uma bom desencarne.

“Praticar a morte” nós a entendemos num sentido mais amplo. Não se trata do ato físico, trata-se da atitude moral da criatura que aproveita a oportunidade desta vida (encarnação) para alcançar vôos maiores, através do autoconhecimento, da autotransformação e do trabalho em favor do outro.

Como praticamos a “morte”

“Praticamos a morte” em cada ação nobre na Terra, porque sabemos estar acumulando benefícios para o retorno espiritual. A situação é igual para todos, um dia, inevitavelmente, a experimentaremos e como o faremos? Com as mãos vazias?

“Praticamos a morte” quando não nos prendemos mais aos excessos da vida material e procuramos entender e abraçar a causa espiritual. O mundo terreno é transitório e enquanto nos importamos em demasia com a matéria esquecemos aquilo que realmente importa: a realização espiritual.

Obrigado a Platão, pelo alerta amigo. Através da Doutrina Espírita já estamos bem conscientes de que, ao experimentarmos a morte física (desencarne), poderemos ser vencedores do mundo ou apenas entusiastas.

“Praticamos a morte” cada vez que diminuimos erros, cada vez que combatemos vícios ou tendências inferiores, cada vez que desprezamos os valores negativos. Porque nestes momentos estamos nascendo para a verdadeira vida, estamos enxergando a luz.

Vale a pena perseverarmos no bem. Só assim, grandes alegrias nos aguardarão quando, mais uma vez, experimentarmos a “morte”.

Acompanhe agora uma palestra relacionada esta publicação:

* Colaborou com esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira
** Imagem em destaque: via Pixabay.

Leia também outros artigos relacionados ao tema:

]]>
http://www.aefc.org.br/ultimas-palavras-antes-do-desencarne/feed/ 0
Perdoar os inimigos http://www.aefc.org.br/perdoar-os-inimigos/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=perdoar-os-inimigos http://www.aefc.org.br/perdoar-os-inimigos/#respond Tue, 09 Apr 2024 11:28:43 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16084 Em palestra realizada na Associação Espírita Fé e Caridade, a trabalhadora da casa e expositora Susana Rodrigues nos traz reflexões sobre o perdão e o amor aos inimigos. Ao ouvir ou ler essa frase: “Amai os vossos inimigos”, nos perguntamos imediatamente: “isso é possível?”. É possível, de acordo com as possibilidades de cada ser humano. 

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Alan Kardec dedica um capítulo inteiro, o capítulo XII, ao ensinamento de Jesus sobre “amar aos inimigos”. Kardec nos esclarece que essa máxima não quer dizer que vamos ter o mesmo carinho por alguém que nos quer mal, como teríamos por um amigo, mas sim, que devemos respeitar cada pessoa como ela é, de acordo com seu momento evolutivo e, se possível, auxiliar — mesmo que não tenhamos afinidade com essa pessoa.

Perdão e amor aos inimigos

Perdoar e amar os inimigos requer um longo e lento caminho de aprendizagem, buscando o autoconhecimento, que é imprescindível na estrada do crescimento moral.

A afinidade consiste na semelhança, identidade ou conformidade de gostos, interesses, sentimentos, propósitos, pontos de vista. Muitas vezes em nossa vida pensamos e não sabemos porque, mas determinada pessoa, nos causa um sentimento de repulsão. Trata-se da assimilação e repulsão dos fluidos. O fluido perispiritual seria, por exemplo, uma das causas da simpatias e antipatias entre pessoas que se veem pela primeira vez. Isso porque o perispírito irradia ao redor do corpo uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou más do Espírito encarnado. (Revista Espírita, 1867).

Duas pessoas que se encontram, experimentam, pelo contato dos fluidos, impressão agradável ou não. Daí a diferença de sensações que sentimos com a aproximação de um amigo ou de um inimigo.

Antipatia e simpatia

Quem quer que alimente pensamentos de ódio, inveja, ciúme, orgulho, egoísmo, animosidade, falsidade, hipocrisia, malevolência, espalha em torno de si eflúvios fluídicos perturbadores que reagem sobre os que o cercam. Compreende-se que cada indivíduo traga consigo também um cortejo de espíritos simpáticos, bons ou maus. Cada ser traz para perto de si seres encarnados ou desencarnados de acordo com sua escala de evolução moral. 

Por isso, o trabalho e o estudo: para que possamos treinar e praticar os pensamentos, sentimentos, atos e palavras de benevolência. O livro dos espíritos, na questão 301, já nos orienta: “a simpatia que atrai um Espírito para outro é o resultado da perfeita concordância de suas tendências”. Já a questão 303 do mesmo livro, diz que “um dia todos os espíritos serão simpáticos um ao outro”.

Não podemos esquecer também que sempre há um porquê de certos espíritos encarnados ou não, sentirem que a energia não combina e que, até, existe animosidade entre eles. Aqui, na Terra, no atual estágio evolutivo em que nos encontramos, não nos é dado saber o que fizemos em encarnações pregressas. Deus, em sua sabedoria nos possibilitou o esquecimento. Mas, no plano espiritual, vamos entender o que causa certas aversões sem explicação momentânea.

A prática do amor

Para aprendermos a prática do amor ao próximo, então, temos que trabalhar e exemplificar as lições que Jesus nos deixou. É na vida diária que praticamos. Sempre há uma oportunidade para demonstrar o amor. Elas aparecem a todo instante, basta que vejamos e, quando não o fizermos, que possamos voltar atrás em pensamento, revendo nossos atos para os remodelar em uma próxima ocasião.

Nesta luta diária, vamos aprendendo a perdoar: “reconcilia-te com teu adversário, enquanto estás no caminho com ele” (Mateus 5:25).

Quanto é difícil para nós, ainda, quando nos sentimos ofendidos, não reconhecidos, mal interpretados, evitar os sentimentos de revolta e até de raiva. Mesmo quando já compreendemos o perdão, travamos uma luta árdua dentro de nós mesmos para não revidar, para silenciar, para entender que a ofensa representa o nível evolutivo daquele espírito, naquele momento. 

Jesus nos deixou vários exemplos de como responder o mal com o bem. Inclusive o Evangelho Segundo o Espiritismo diz que “esse exercício é uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho”. Orar é excelente estratégia para aliviar o coração quando nos sentimos ofendidos de alguma forma. E não é por acaso. São lições que devemos vivenciar para mudar nosso comportamento “antigo” para o “novo”. Novo e libertador, desatando nossas amarras viciantes de muitas encarnações vividas.

Retribuir o mal com o bem nos faz sentir em paz. É uma sensação indescritível, pois cada vez que damos um passo em direção ao perdão, a luz nos envolve.

Aprender a perdoar

Vamos falar mais um pouco sobre o caminho para aprendermos a perdoar. Onde tudo começa? Nos pensamentos, benévolos ou não.

Segundo Emmanuel, na mente, possuímos o departamento do desejo (aspirações); departamento da inteligência (evolução e cultura); departamento da imaginação (ideais e sensibilidade); departamento da memória (arquivo). Mas, acima de todos, surge o departamento da vontade (nossa força que nos encaminha para progredir).

De nossa mente partem as ondas mentais que retratam a nossa condição evolutiva e nos ligam a todos aqueles que sintonizam conosco.

O cérebro produz a energia mental, segundo a capacidade de reflexão que lhe é própria, no entanto, na vontade, temos o controle que leva a esse ou aquele rumo, estabelecendo causas que são as consequências dessa vontade.

Só a vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do espírito!

A maldade é um estado permanente? Não, é uma imperfeição temporária. A cada desencarne e reencarnação, vamos lapidando nossas imperfeições

Devemos lembrar sempre que, ao perdoar nosso inimigo, estamos resolvendo um problema aqui, nesta encarnação, e, também, no plano espiritual, quando desencarnado. A morte apenas nos livra da presença material do inimigo, que, espiritualmente, pode continuar perseguindo e alimentando o ódio e, até, a vingança, através das obsessões e subjugações, que fazem parte do momento evolutivo do planeta e que devemos aceitar com resignação. As orações pelos inimigos e também a busca de tratamento espiritual adequado são importantes. Toda a busca de cura vem da vontade de nos auxiliar e também aqueles que ainda sentem por nós sentimentos pouco edificantes.

A cura pelo amor

O amor é o único antídoto eficiente ante qualquer mal.

Como afirma Manoel Philomeno de Miranda, na psicografia de Divaldo Franco, “se alguém não nos quer bem, o problema é dele, porém, se damos motivo para que tal ocorra, o problema é nosso”. Nossa responsabilidade é grande diante do momento que vivemos no planeta em relação a não darmos motivos para que o mal se manifeste, se propague. Vigiar e orar. Cuidar dos pensamentos constantemente e praticar o bem, sem olhar a quem.

E nossos pensamentos também devem se fortalecer na prática de não responder às ofensas recebidas, como nos deixou o mestre: “não resistais ao mal que vos queiram fazer”. Isso equivale a outra lição importante: “oferecer a outra face”.

Como é difícil! Oferecer a outra face corresponde a resistir ao orgulho, que muitas vezes nos deixa cegos e não nos permite enxergar a nós mesmos e aos outros irmãos. Ainda estamos impregnados de sentimentos de poder e da necessidade de ter razão.

Quem é o ofendido? Quem é o ofensor? Um dia, impregnados de amor, essas perguntas serão irrelevantes. Todos erramos ainda. O que precisamos mesmo é reconhecer nossos erros, e, se possível, consertá-los. Se não for possível, façamos da oração com o coração, nosso instrumento, pois ela pode demorar um pouco, mas chega nos corações mais duros quando é feita com sentimento de amor pela humanidade.

Cuidemos de nós mesmos ao não permitir o desequilíbrio, em qualquer lugar onde estejamos. Que possamos, cada vez mais, levar a paz onde estivermos. Não deixemos que a “superexcitação dos instintos materiais abafe nosso senso moral”. (Livro dos Espíritos).

Amar os nossos inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem. É desejar-lhes o bem e não o mal, é socorrê-los quando necessário. É abster-se, por palavras, por atos, de tudo que os possa prejudicar. É retribuir o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar (Evangelho segundo o espiritismo, cap. XII, ítem 3).

Acompanhe agora o áudio da palestra que inspirou esta publicação:

*Colaborou para esta publicação: Susana Rodrigues.
**Imagem em destaque: via pexels.com.

Referências:

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Cap. XII. Ítem 3.

KARDEC, Allan. Hoje e Sempre (fluidos).

LIVRO DOS ESPÍRITOS. Questões 301 e 303.

MIRANDA, Manoel Philomeno de. Tramas do Destino, por Divaldo Pereira Franco.

REVISTA ESPÍRITA. 1867.

XAVIER, Chico. Pensamento e Vida, por Emmanuel.

]]>
http://www.aefc.org.br/perdoar-os-inimigos/feed/ 0
O passe na visão espírita http://www.aefc.org.br/o-passe-na-visao-espirita/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-passe-na-visao-espirita http://www.aefc.org.br/o-passe-na-visao-espirita/#respond Thu, 04 Apr 2024 12:58:28 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16082 Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, a expositora Ilani Nunes abordou sobre o passe à luz do entendimento espírita. Sendo assim, vamos refletir sobre o passe e a sua eficácia. Também, quais atitudes precisamos ter para que realmente tenha o efeito necessário para o nosso auxilio.

O passe não vem de hoje

Primeiro, vamos nos lembrar de duas passagens que nos remetem ao passe:

Ao pôr do sol, o povo trouxe a Jesus todos os que tinham vários tipos de doenças; e ele os curou, impondo as mãos sobre cada um deles.
— Lucas 4:40

Por essa razão, torno a lembrá-lo de que mantenha viva a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição das minhas mãos.
— 2 Timóteo 1:6

Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso poder conhecia os menores desequilíbrios da Natureza e os recursos para restaurar a harmonia indispensável.

Com isso, temos um indicativo de que o passe já era realizado há muito tempo.

Corroborando, o pesquisador espírita Gabriel Delanne fez um histórico, mostrando que o conhecimento do magnetismo para cura de enfermidades é citado em narrativas desde povos da antiguidade.

Delanne cita registros de magos da Caldeia e brâmanes da Índia que curavam pelo olhar. Assim como, faquires na Ásia que cultivavam com êxito as práticas magnéticas.

Os egípcios empregavam passes no alívio dos sofrimentos, como os executamos ainda em nossos dias. Há registros de que existia entre egípcios, em todas as épocas, pessoas dotadas da faculdade de curar por meio da aposição das mãos.

Os romanos também tiveram templos onde se reconstituía a saúde por operações magnéticas. Na Gália, os druidas possuíam em alto grau a faculdade de curar, como atestam muitos historiadores. Na Idade Média, o magnetismo foi praticado, principalmente, pelos sábios.

Os registros do conhecimento sobre os efeitos magnéticos se repete nos séculos seguintes. Por exemplo, com Franz Mesmer e o magnetismo animal. E no século XIX, com Allan Kardec e a codificação do espiritismo.

O que é o Passe?

“Passe” vem da expressão em francês passer, que significa passar. Na época de Mesmer era usado como termo para o ato de passar ou transmitir o fluido magnético através do movimento das mãos.

O Passe, à luz da Doutrina Espírita, é uma transmissão de energias fluídicas de uma pessoa – conhecida como médium passista – para a outra pessoa que as recebe, em clima de prece, com a assistência dos Espíritos Superiores.

Transfusão de energias

O benfeitor espiritual Emmanuel nos explica como devemos compreender o passe nos processos de cura:

 Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.
— O Consolador, capítulo 1, item 1.5, questão 98.

Emmanuel também mostra o passe como instrumento do movimento socorrista do Plano invisível:

Os passes, como transfusões de forças psíquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficiários, representam a continuidade do esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.
— Caminho, Verdade e Vida, capítulo 153.

No livro Nos Domínios da Mediunidade, temos a definição do instrutor Áulus:

O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular.

A mente é determinante nas linhas de força subatômicas, por isso, uma mente renovada pelo passe é capaz de modificar o campo celular do próprio Ser.

Apoio de tratamentos

O benfeitor espiritual André Luiz nos ensina que:

 O passe é o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos.
— Opinião Espírita, capítulo 55.

Nota-se que o benfeitor utiliza a palavra “apoio“, visto que não se deve relegar tratamentos terrenos disponíveis. A ciência e medicina terrena também são instrumentos de melhoria da saúde global, e deve ser considerada de forma concomitante ao tratamento espiritual.

Objetivo do passe

O Atendimento pelo Passe visa a oferecer aos que necessitam e desejam receber fluidos de reequilíbrio e de paz. Tais fluidos são oferecidos pelos Benfeitores espirituais, por intermédio dos colaboradores encarnados, de maneira simples e organizada, com um planejamento previamente estabelecido.

Assim, o passe tem como principal objetivo auxiliar a restauração do equilíbrio orgânico do paciente. Por orgânico, entenda-se a estrutura completa do indivíduo: Espírito e perispírito, quando desencarnado; acrescidos do duplo etérico e corpo físico, quando encarnado.

O passe possui a finalidade de tratamento espiritual, mental/psiquico, emocional e físico.

Como funciona o passe?

O passe, processo fluídico-magnético, pode ser realizado por Espíritos encarnados e desencarnados. O magnetismo utilizado no passe geralmente é o Espiritual ou Misto.

passe com ação magnética mista

Allan Kardec nos explica o que é cada um deles, quando afirma que “a ação magnética pode se produzir de muitas maneiras”:

[…] 2) Pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento […]. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito.
3) Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. Essa forma caracteriza o magnetismo misto, semiespiritual ou, se o preferirem, humano-espiritual.
Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é com frequência espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.

O magnetizador, a que Kardec se refere, é o Espírito encarnado que aplica o passe em outrém, também chamado de médium passista.

Como os fluidos se movimentam?

Os fluidos se combinam em razão da semelhança de sua natureza; os fluidos dissemelhantes se repelem; há incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como entre o óleo e a água.
— A Gênese, capítulo 14, item 21.

Assim, podemos dizer que fluidos do mesmo tipo se atraem, e fluidos de tipos opostos se repelem. Dessa forma, somos bombardeados, no dia-a-dia, pelo mesmo tipo de fluido que estamos a emitir.

Os fluidos podem ser deslocados e se reunir por ação magnética. Nosso pensamento — exteriorização da nossa vontade — é magnetismo. Logo, os fluidos podem ser deslocados, também, por ação da nossa vontade. Para isso, a vontade deve ser firme ao mentalizar o pensamento no passe.

O passe é utilizado visando ora ao recolhimento de fluidos prejudiciais, ora à aplicação de fluidos benfazejos. Daí serem classificados, quanto à sua finalidade específica, em:

  • passes para retirada de fluidos — caracterizam a fase de dispersão;
  • passes para concentração de fluidos — caracterizam a fase de doação.

Em certos momentos, os médiuns passistas tem que proceder à retirada e, em outros, à concentração de fluidos, relativamente ao paciente.

A fase de dispersão vem primeiro, para limpeza do campo fluídico do paciente. Nela procura-se retirar todos os fluidos deletérios que o envolvam. Só depois, vem a fase de doação de fluidos. Essa ordem evita que os fluidos a serem doados não sejam repelidos pelo envoltório fluídico do paciente.

Na assistência magnética, os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma.
A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstruções.
[…]
Renovemos o pensamento e tudo se modificará conosco.
— Nos Domínios da Mediunidade, capítulo 17.

É válido observar duas situações importantes para a eficácia do passe. Há requisitos básicos tanto para quem dá quanto para quem recebe os passes, expostos a seguir.

Postura do receptor

Quando o médium passista está aplicando o passe, várias forças encontram-se atuando sobre os fluidos que se pretende deslocar, sendo a produzida pela vontade do passista apenas uma delas. Há, contudo, uma outra força que não se deve menosprezar, pela sua grande relevância, que é aquela exercida pelo posicionamento mental do paciente.

É importante observar que os fluidos benéficos doados são apenas postos à disposição do paciente. Isso ocorre, pois a absorção desses fluidos poderá ou não se verificar, dependendo da receptividade do paciente.

Desse modo, o processo de atendimento pelo passe é tanto mais eficiente quanto mais intensa se faça a adesão daquele que lhe recolhe os benefícios. A vontade do atendido, como centro receptor de energias, erguida ao limite máximo de aceitação, determina sobre si mesmo os mais elevados potenciais energéticos.

Sugestões para melhor aproveitar o passe

Portanto, para maior eficácia, sugere-se para a pessoa que vem tomar passe no centro espírita:

  • Chegar cedo, para se envolver no ambiente previamente preparado pela espiritualidade;
  • assistir a palestra anterior, com atenção à essência da mensagem (nos casos de palestras anterior ao passe);
  • ter vontade de receber o passe e na sua potencial ação;
  • buscar ter a mente e o coração pacificado;
  • buscar pensamentos positivos, se desprender dos pensamentos não tão bons que nos acompanham;
  • buscar não se distrair, focar na oportunidade presente de receber ajuda;
  • e ficar em prece, se colocar na presença de Deus para receber o passe.

Após o passe, cada atendido poderá receber água magnetizada com as vibrações da prece.

O passe, como reconhecemos, é importante contribuição para quem saiba recebê-lo, com o respeito e a confiança que o valorizam.
— Nos Domínios da Mediunidade, capítulo 17.

Por fim, Emmanuel nos lembra da importância de fazer a nossa parte, e não se colocar como necessitado incapaz:

Ajuda o trabalho de socorro aqui mesmo com o esforço da limpeza interna.
Esquece os males (…), desculpa as ofensas de criaturas (…), foge ao desânimo destrutivo e enche-te de simpatia e entendimento para com todos os que te cercam.
O mal é sempre a ignorância, e a ignorância reclama perdão e auxílio para que se desfaça, em favor da nossa própria tranquilidade.
— Segue-me, capítulo 47.

Postura do médium passista

Quem dá o passe também deve manter bons pensamentos e sentimentos. O principal é: quanto mais elevarmos nosso pensamento em preces, maior será o poder de nossa irradiação.

No Livro dos Médiuns, Kardec informa que a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio:

Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.
— Livro dos Médiuns, item 189.

Sugestões para servir de melhor instrumento

Aconselha Emmanuel que a higiene, a temperança, a medicina preventiva e a disciplina jamais deverão ser esquecidas.

Adverte, ainda, que tudo na vida é afinidade e comunhão sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos. Doentes afinam-se com doentes. O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adotar perante a vida.

O médium precisa afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à melhoria de si mesmo, a fim de trazer para a vida e para os homens o que signifique luz e paz.

Assim, tendo em vista maior eficácia do trabalho, recomenda-se ao aplicador do passe:

  • esforçar-se por conquistar grande domínio sobre seus pensamentos, sentimentos, acentuado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, vigorosa e racional. Deverá desenvolver as qualidades que atraem os Bons Espíritos, como a bondade, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais;
  • alimentar-se nos mais levemente, principalmente nos dias de aplicar passe (evitar carnes e alimentos condimentados). Primar pela discrição, evitando distrações aos atendidos, em prejuízo do objetivo da atividade. Nesse sentido, recomenda-se evitar o uso de vestimentas, adereços, perfumes ou cosméticos exagerados. Também devem ser evitados gestos excessivos ou exóticos, lembrando a simplicidade cristã que deve orientar os trabalhos do Centro Espírita.

Outros requisitos não menos importantes para os que operam no setor de passes em instituições são os seguintes:

  • Horário; confiança; harmonia interior; e respeito.

O problema da pontualidade é fundamental em qualquer atividade humana, mormente se essa atividade se relaciona e se desenvolve em função e na dependência da Esfera Espiritual. Nem um minuto a mais, nem a menos, para início dos trabalhos.

Imperfeitos, porém nos façamos úteis

Seria audácia por parte dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos, perturbados e agonizantes.
O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas.
Onde exista sincera atitude mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de Jesus. Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer que o bem pode e deve ser ministrado em seu nome.
— Caminho, Verdade e Vida, capítulo 153.

POR MAIS LUZ

Indagas, muita vez, ao mundo em derredor,
Que fazer por mais luz, ante a Vida Maior,
Pensando no esplendor do Eterno Lar…
E a repeti-la sempre, eis que a vida te diz
Uma palavra só para seres feliz:
– Perdoar, perdoar…
Para que o homem viva em altos cimos,
Na cúpula dos bens que usufruímos,
Desenvolvendo o dom de pesquisar,
Perdão, em si, é a própria lei da vida,
Tudo te roga, em torno, alma querida:
– Perdoar, perdoar…
O chão perdoa a lâmina violenta,
A fim de produzir o pão que te alimenta
Na lavoura a brilhar…
Na madeira de casa, algum machado bronco
Escutou na floresta o grito de algum tronco:
– Perdoar, perdoar…
O grão que móes para formar um bolo,
A lenha que te aquece e te oferta consolo
No lume a crepitar:
Do topo da montanha ao poço mais profundo,
Tudo te ensina sempre, a repetir no mundo:
– Perdoar, perdoar…
Desse modo, igualmente, alma querida e bela,
Da existência nobre à vida mais singela,
Quase ninguém caminha sem errar…
Ofensas e agressões? É preciso esquecê-las.
Por mais luz pede o Céu, acendendo as estrelas:
– Perdoar, perdoar…
— Maria Dolores

Acompanhe a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

Bibliografia:

  • Allan Kardec. A Gênese.
  • ________. Livro dos Médiuns.
  • Orientação ao Centro Espírita (OCE) – FEB.
  • Therezinha Oliveira. Fluidos e Passes.
  • Luiz Carlos de Melo Gurgel. Passe Espírita.
  • Marta Antunes de Oliveira Moura. Passes.
  • Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Terapia pelos Passes.
  • Francisco Cândido Xavier. Pelo Espírito André Luiz. Nos Domínios da Mediunidade.
  • ________. Pelo Espírito André Luiz. Opinião Espírita.
  • ________. Pelo Espírito Emmanuel. Caminho, Verdade e Vida.
  • ________. Pelo Espírito Emmanuel. O Consolador.
  • ________. Pelo Espírito Emmanuel. Segue-me.

*Colaborou para esta publicação: Ilani Nunes.

*Imagem em destaque via pexels.com.

]]>
http://www.aefc.org.br/o-passe-na-visao-espirita/feed/ 0
Sugestões infelizes http://www.aefc.org.br/sugestoes-infelizes/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=sugestoes-infelizes http://www.aefc.org.br/sugestoes-infelizes/#respond Thu, 21 Mar 2024 01:16:58 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16031 Muitas notícias referentes a casos de transtornos mentais desperta nossa atenção levando-nos à busca do esclarecimento espírita. Em um raciocínio lógico, procuramos elucidar alguns pontos obscuros vinculados aos processos espirituais de complexidade obsessiva, na área do comportamento humano. Nesse sentido, trazemos o tema “Sugestões infelizes“.

Sugestões infelizes e livre-arbítrio

Muitos transtornados se referem ao “ouvir vozes” para levá-los a comportamentos agressivos provocando danos e/ou desencarnes.

Alguns comentários irônicos perguntam se atribuir a culpa de crimes ou outros atos graves aos espíritos não seria uma boa desculpa para o ser humano sair disseminando essas atitudes infelizes. Reflitamos sobre isso.

O homem é dono de uma vontade que lhe permite escolhas. Em hipótese nenhuma pode-se retirar de sua responsabilidade as consequências das mesmas. Não se pode fazer isto nem na convivência como encarnados, nem como desencarnados.

A vida continua

É certo que temos amigos ou inimigos em qualquer plano, material ou espíritual. A morte do corpo não elimina os sentimentos do espírito, que continua vivo. Este passa aos planos espirituais carregando suas realizações terrenas, sejam boas ou ruins.

Aquele ser que consegue conscientizar-se dos valores morais e tenta uma modificação interior vai libertando-se aos poucos dos sentimentos mais inferiorizados. Assume uma postura de trabalho em favor do bem.

Mas aqueles espíritos-pessoas carentes de uma nova posição, ainda enredados nas teias de atitudes infelizes, pensamentos e sentimentos embotados, prosseguem nas suas artimanhas. Mesmo compreendendo sua posição de desencarnados. Antes até, alguns, valendo-se dela para perseguir aqueles que ficaram, mas que lhes estão vinculados.

Influência espiritual e responsabilidade

É certo identificarmos então uma influência negativa desses espíritos sobre pessoas que lhes são afins, sugerindo-lhes permanência nos vícios, nas atitudes agressivas? Sim, a influência, que chamamos obsessão, é possível. Mas ela não exime o encarnado de sua responsabilidade.

Espíritos em retificação que somos, estamos encarnados para novos aprendizados através da convivência em sociedade. Aqui poderemos fazer grandes mudanças em nossas vidas, verdadeiras guinada no rumo do nosso barco.

Mas também, poderemos permanecer na obscuridade do comodismo, dos sentimentos mesquinhos, realizando atos os mais desqualificados, tanto moral como materialmente. São pessoas que se comprazem nos erros, nos vícios, oferecendo essa sua opção de vida como um campo fértil para as sugestões que vem dos comparsas de além-túmulo.

Claro que o ser humano é um poço profundo de mistérios. Entretanto, o estudo espírita oferece-nos chance de procurarmos compreender melhor as posições de companheiros que apresentam desequilíbrios ou transtornos, os quais podem comportar nuances físicas, psicológicas e espirituais.

Mediunidade

Possivelmente sua sensibilidade de comunicação com seres desencarnados – a chamada mediunidade – está à flor da pele, captando as sugestões através das vozes que ouve.

Num processo obsessivo como este, as vozes não lhe sugerem coisas boas. Estamos falando de simbiose doentia que entrelaça os dois planos.

Entretanto, isso não tira responsabilidade do encarnado, pois, como espíritos imortais dotados de livre-arbítrio, arquitetamos nossos destinos através das construções mentais que vimos levantando. Não apenas nesta vida, mas nas muitas que temos vivido.

Transformação íntima

São grandes as dificuldades e não é fácil desfazer-se de mecanismos de ódios, de vinganças como esses, mesmo enquanto juntos aqui na Terra.

São lutas constantes para nós espíritos (encarnados e desencarnados) nessas condições. É preciso mudanças de dentro para fora. O que pede ajuda externa, não só de pessoas abnegadas no acolhimento e encaminhamentos para a ciência espiritual, mas também de ajuda profissional, tanto física como psicológica ou psiquiátrica, pela ciência médica.

Justiça Divina

O Livro dos Espíritos aborda sobre a intervenção dos espíritos no mundo corporal, em que Kardec pergunta aos Espíritos superiores:

466. Por que Deus permite que espíritos nos excitem ao mal?
– Os espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a por em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho.
— O Livro dos Espíritos, capítulo IX, questão 466.

Além disso, a reposta também nos traz que a ação dos espíritos sobre nós ocorre desde que haja afinidade:

Desde que sobre ti atuam influencias más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. […] Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas outros também te cercarao esforçando -se por te influenciar para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.
— O Livro dos Espíritos, capítulo IX, questão 466.

Elevando a vibração

A neutralização de todas essas influências nefastas é possível no campo da espiritualidade. E o Espiritismo nos recomenda, além da conexão com Deus e da persistência no bem, o trabalho de transformação moral, através do conhecimento de nós mesmos, das nossas paixões, vícios, virtudes, tendências.

Nenhum espírito recebe a missão de fazer o mal. Temos afinidades com eles. Por isso, tentam nos induzir por vontade própria, mas nós também temos a vontade própria de repelí-los .

Orai e Vigiai

Jesus nos ensinou na oração dominical:

Senhor, não nos deixeis sucumbir à tentação, mas livrai-nos do mal.
— Mt 6:13, Lc 11:4.

O Senhor nos atenderá, mas também precisamos nos esforçar com vigilância, com oração, melhorando energias dos pensamentos e sentimentos como recursos constantes na batalha grandiosa de destruir, em nós mesmos, as causas que atraem os espíritos inferiores.

Acompanhe agora uma reflexão sobre o tema:

*Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.

*Imagem em destaque via pexels.com.

]]>
http://www.aefc.org.br/sugestoes-infelizes/feed/ 0
Palavras amigas, parte X http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-x/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=palavras-amigas-parte-x http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-x/#respond Tue, 12 Mar 2024 14:20:31 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16037 Com objetivo de nos inspirar e motivar ao estudo e à prática da Doutrina Espírita, o blog da AEFC vem publicando uma série de artigos contendo algumas mensagens trazidas pelos amigos espirituais, por via mediúnica, no trabalho de Desobsessão desta Casa Espírita de Amor.

Esta casa, este lar: AMA, AMPARA e ACOLHE.

Boa leitura a todos!

Proteção

Queridos amigos, estamos todos contentes com o privilégio de estarmos todos aqui irmanados e orientados pelos desígnios do bem, porque todos nós procuramos e almejamos a construção destas lides.

Queridos, há quanto tempo que já vos falamos da importância deste polo de luz. Este centro espírita é muito mais que isto queridos, a Associação Espírita Fé e Caridade irmana-se com outras entidades espíritas e com outras organizações no plano da esfera espiritual. E assim queridos, um feixe é criado em torno da nossa querida e amada ilha.

Todas as energias aqui elaboradas são utilizadas para que, neste momento em que estamos sendo, sim meus irmãos, estamos sendo de uma certa forma atacados. Não gosto deste nome, mas é assim que nossos irmãozinhos compreendem, eles estão prontos para um ataque. E o feixe de luz emanado pelas casas espíritas forma-se como proteção. Falo aqui da ilha, mas é assim em todas as organizações federativas das UREs, de todas as organizações.

Pleiteamos sempre sim, o convite de mais irmãos nos estudos e nos trabalhos. O evangelho no lar, por isso, meus queridos amigos, orienta o lar de cada trabalhador. Faz-se necessário que este evangelho seja fincado no seio de cada família para que a proteção também ali se exerça.

O evangelho, queridas irmãs, que se faz nessa casa, é muito mais que podeis imaginar, queridas. Ele é o momento em que os corações deste lar pulsam. E há muitos que da nossa organização nos reunimos com todos vocês neste Evangelho do lar aos domingos. 

A paz tão almejada, tão procurada, já sabemos onde ela se encontra, não é meus irmãos? Se encontra, na consciência que busca o aprimoramento, a consciência daquele que já faz o trabalho no bem. Oh meus amigos, quanta emoção! Quando estamos convosco compartilhando esses momentos em que discutimos, refletimos e principalmente quando observamos o respeito e o amor que se faz presente neste lar, nesta nesta mesa. 

Meus irmãozinhos, há muito amor se espalhando de cada um de vós e quanto precisamos deste amor. 

Obrigado pela oportunidade de estarmos todos juntos e que Jesus possa sempre nos chamar de seareiros de luz.

Que a paz esteja sempre em vossos corações.

— mensagem recebida na Associação Espírita Fé e Caridade, em 1˚ de março de 2024.

Leia também:

Ouça uma mensagem de esperança, gravada nos Episódios Diários da AEFC:

*Imagem em destaque via pexels.com.

]]>
http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-x/feed/ 0
A parábola do filho pródigo http://www.aefc.org.br/a-parabola-do-filho-prodigo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=a-parabola-do-filho-prodigo http://www.aefc.org.br/a-parabola-do-filho-prodigo/#respond Tue, 27 Feb 2024 09:12:18 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=15915 Em palestra na Associação Espírita Fé e Caridade, o expositor Ricardo Mesquita trouxe à reflexão a parábola do filho pródigo, procurando explicá-la à luz do entendimento espírita. Como todas as narrativas apresentadas pelo Mestre Jesus, esta também contém sentido profundo, sem concluir máximas mas fazendo convites à reflexão. Em Sua perfeita pedagogia, convida-nos Jesus a buscar compreender a verdade espiritual por nosso próprio esforço e raciocínio. 

A parábola em questão é repleta de significado, tendo sido inclusive denominada por estudiosos como “o evangelho dentro do evangelho”. A passagem encontra-se em Lucas, que registra:

E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas [ou alfarrobas] que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
— Lc 15:11-16.

Conforme nos traz Vinícius no livro A Seara do Mestre, a parábola do filho pródigo, interpretada à luz do entendimento espírita, encerra os seguintes ensinamentos básicos:

  1. Imutabilidade de Deus — princípio sustentado, não teoricamente apenas, mas de modo positivo, condizente com os fatos e testemunhos da vida humana.
  2. Unidade do destino, isto é, a redenção completa pelo Amor e pela Dor, abrangendo todos os pecadores.
  3. A lei da causalidade, ou seja, de ação e reação, causas e efeitos, determinando, em dado tempo, o despertar das consciências adormecidas.
  4. A relatividade do livre arbítrio, o qual não pode ser absoluto, a ponto de ser dado ao homem alterar os desígnios de Deus.
  5. Finalmente, a evolução individual dos seres racionais e conscientes, de cujo número o homem faz parte, processada no recesso íntimo das almas, livre e espontaneamente, como lei natural e irrevogável.

Filho pródigo ou egoísta: quem somos nós?

Como toda parábola de Jesus, esta também nos traz o convite do auto-olhar, do sentir a partir de nós mesmos ao nos identificarmos com as personagens da narrativa. O pai da parábola claramente representa Deus, nosso pai maior. E a história nos coloca duas atitudes muito distintas que podemos erroneamente assumir em nossa relação com Deus, na intimidade de nosso ser ao longo da nossa evolução. 

Com qual dos filhos nos identificamos mais? Aquele que foge à Lei de Deus por se perder nas aventuras passageiras, em busca de prazeres fugazes? Ou o que aceita a Deus em aparência, mas efetivamente quer apenas para si as dádivas eternas, considerando os irmãos inferiores a si e pouco merecedores?

O filho mais moço, identificado “pródigo”, tinha uma personalidade ativa, mais determinada, enquanto seu irmão revela-se acomodado no contexto. No entanto esse filho caçula toma atitude que seria inimaginável perante os costumes da época, o de exigir herança de um pai vivo. 

Sentindo, porém, necessidade de vivenciar outras experiências, à distância do lar, o caçula da família comunica ao pai este desejo e solicita-lhe a parte da herança que lhe cabia. O pai não só lhe atende o pedido, como demonstra compreender ser um acontecimento natural. Divide a herança entre os filhos, de forma justa, não interpondo obstáculo à manifestação do livre-arbítrio dos seus herdeiros.

Conta o médico e palestrante espírita Andrei Moreira em seu livro Reconciliação – Consigo Mesmo, com a Família, com Deus, que o filho que pede herança de pais vivos quer secretamente a morte dos pais. Age, portanto, de forma desrespeitosa mediante algo que deve ser um presente, encarado como legado merecedor de honra e gratidão. “Eis aqui o fruto de nosso sacrifício, para que sua vida comece mais tranquila e para que você possa ir mais longe,” é a mensagem da herança

Não se trata de algo, portanto, que um filho possa exigir. Mas quantos de nós, filhos de Deus, assumimos como obrigação divina nos dar o que julgamos conveniente. Não basta a vida, a família, as condições de oportunidade em que nos encontramos. Queremos mais condições, queremos ter vantagens. Muitos nos colocamos de forma desrespeitosa a ignorar as dádivas que nos são ofertadas diariamente e a exigir de Deus os nossos caprichos. 

Afastamento de Deus: vazio e adoecimento

O texto evangélico informa que “o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua”, isto é, manteve-se distante da proteção paterna, conduzindo a existência na forma que lhe aprazia, segundo os critérios estabelecidos pela vida material. O desregramento da conduta produziu-lhe grande sofrimento.

[…] Empobrecido e arruinado, faminto e roto, espiritual e materialmente, acaba reconhecendo-se o único culpado de tamanha desventura, o único responsável pela crítica situação em que se vê.
— VINÍCIUS (Pedro Camargo). Nas pegadas do Mestre. Item: O pródigo e o egoísta.

Conta também Andrei Moreira que o vazio interior decorrente do afastamento do Criador que infringimos a nós mesmos é fonte de muita dor, origem primária das principais doenças da alma. Muitos, como o filho pródigo, tentamos preencher tal vazio através dos prazeres que temporariamente nos distraem.

Álcool, drogas, pornografia, jogos eletrônicos são exemplos de anestésicos da dor. São fugas socialmente aceitas para a angústia e a ansiedade. Não são, porém, curas eficazes. A cura real passa pela necessidade de trabalhar a si mesmo. 

Quem se perde de si mesmo entra em universo perigoso, e vai se distanciando da própria capacidade de resolução de conflitos e problemas. Assim, esvazia-se em vez de se preencher. A dor, a doença, o vazio íntimo são convites da vida para se conectar com o lugar sagrado de Deus em nossa intimidade.

As aflições que fazem despertar

Arrependendo-se dos erros cometidos, o jovem toma, então, a decisão de retornar à casa paterna. A disposição para se reajustar perante a lei divina é o primeiro sinal de transformação moral que, em geral, atinge os que se transviaram ao longo da caminhada evolutiva. 

As privações materiais que a parábola do filho pródigo menciona são símbolos que ocultam ensinamentos transcedentais: o despedício dos bens herdados (quantos de nós desperdiçamos o tempo, a saúde e a vida), a necessidade de trabalhar como guardador de porcos, a fome tamanha, que faz com que se alimente de sobras. 

A herança desperdiçada representa o desprezo pelos valores espirituais que lhes foram concedidos pelo Criador Supremo: “a retidão do juízo, a candura do sentimento, a sensibilidade da consciência e o discernimento justo do bem e do mal.
— CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. Item: A ovelha, a dracma e o filho pródigo.

A “grande fome” que se abateu sobre aquela terra indica o cansaço, a insatisfação, o fastio que os prazeres materiais, cedo ou tarde, produzem no ser. Chega, então, o momento em que a pessoa se revela faminta de bens espirituais, arde-lhe o desejo de ser bom, de melhorar-se.

Entretanto, nem sempre o Espírito mostra-se suficientemente forte para mudanças extremas. Faz-se necessário passar por um período de ajuste, que lhe conceda as condições apropriadas à verdadeira transformação espiritual.

Reconciliação com Deus: caminho de redenção e cura

E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se.
— Lc 15:17-24.

O conhecimento espírita nos faz ver, neste texto do Evangelho, o momento preciso em que o Espírito, cansado de sofrer, busca o amor celestial, reconhecendo-lhe a excelsitude. Este momento está representado na expressão “cair em si.” 

Quando o filho pródigo deliberou tornar aos braços paternos, resolveu intimamente levantar-se. Sair da cova escura da ociosidade para o campo da ação regeneradora. Erguer-se do chão frio da inércia para o calor do movimento reconstrutivo. Elevar-se do vale da indecisão para a montanha do serviço edificante. Fugir à treva e penetrar a luz. Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos próprios ideais. Levantou-se e partiu no rumo do Lar Paterno.
— XAVIER, F.C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 13.

É instante de grande valor, pois indica que a criatura humana toma consciência do efetivo estado de evolução espiritual em que se encontra.

Amor incondicional e irrestrito

E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo- nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado.
— Lc 15:25-32.

O filho mais velho ilustra, na história contada por Jesus, o exemplo do egoísmo. O filho mais velho demonstra tanta rebeldia quanto o caçula. Decide permanecer com o Pai, mas o faz por conviniência, não por de coração seguir seus desígnios. Assim, rebaixa o Pai à sua condição e estabelece uma relação mercantilista com Ele. Quantos de nós acreditamos que por seguir determinadas práticas, regras ou ações exteriores agradamos a Deus? Tornamo-nos merecedores de Seu amor? Quando deveríamos compreender que o amor divino é incondicional.

O egoísta insula-se de todos pela influência de seus próprios pensamentos. É orgulhoso, é sectário. Separa-se dos demais porque se julga perfeito. Jacta-se intimamente em não alimentar vícios, mas nenhuma virtude, além da abstenção do mal, nele se descobre. É um cristalizado: não suporta as consequências dos desvarios, mas não goza dos prazeres da virtude. Sua conversão é mais difícil que a de qualquer outra espécie de pecadores. A presunção oblitera-lhe o entendimento, ofusca-lhe as ideias. Imaginando-se às portas do céu, dista ainda dele um abismo. Supõe-se um iluminado, e não passa de um cego.
— VINICIUS (Pedro Camargo). Nas pegadas do Mestre. Item: O pródigo e o egoísta.

É importante a compreensão de que a Lei de Justiça não se aplica sem a misericórdia de Deus. Somos amados pelo simples fato de existirmos. O conhecimento da Lei de Causa e Efeito pode nos confundir a reduzir o movimento da vida ao merecimento. Lembremos antes de tudo que Deus é amor incondicional. Ele nos ama na condição absoluta em que nos encontramos. O Espírito que se encontra na prática momentânea do mal é tão amado quanto os que praticam o bem. E o amor divino independe da nossa contrapartida. Sintamos em nossa alma tamanho amor a nos nutrir e guiar ao caminho da redenção.

Acreditar que sua crença, sua religião, suas práticas exteriores o aproximam de Deus mais do que outras (crenças, religiões, práticas) trata-se de engano milenar. É o orgulho e a vaidade intelectual nos cegando. 

Jesus traz a parábola do filho pródigo em um contexto de debate com os senhores da lei daquela época. Muitos estudiosos acreditam que na narrativa do filho pródigo há elementos de respostas às provocações dos saduceus e fariseus. Aqueles que detinham o conhecimento mas não o frutificavam. Quando recebemos de Deus a oportunidade do conhecimento devemos fazer dele um instrumento de amor, e não de alimentação do nosso orgulho e vaidade. O conhecimento espiritual é convite a frutificar e nutrir os irmãos — não com pregações, mas com exemplos de amor e com a caridade moral.

Meditemos: o que temos feito do conhecimento espiritual recebido? Optamos pelo trabalho ou pela inércia? Estagnação na vaidade ou reforma íntima real? Cristalização ou movimento rumo ao Pai?

Finalizamos com o comentário de Emmanuel, registrado por Francisco Candido Xavier no livro Justiça Divina, na mensagem O Bom Combate:

Voltando à Pátria Espiritual, depois da morte, estamos frequentemente na condição daquele filho pródigo da parábola, (Lc 15:11) de retorno à casa paterna para a bênção do amor. Emoção do reencontro. Alegria redescoberta.
Entretanto, em plena festa de luz, quase sempre desempenhamos o papel do conviva de cérebro deslumbrado, trazendo espinhos no coração.
Por fora, é o carinho que nos reúne. Por dentro, é o remorso que nos fustiga.
Vanguarda que fulgura. Retaguarda que obscurece.
Êxtase e dor. Esperança e arrependimento.
Reconhecidos às mãos luminosas que nos afagam, muitos de nós sentimos vergonha das mãos sombrias que oferecemos.
E porque a Lei nos infunde respeito à justiça, aspiramos a debitar a nós próprios o necessário burilamento e a suspirada felicidade.
Rogamos, dessa forma, a reencarnação, à guisa de recomeço, buscando a tarefa que interrompemos e a afeição que traímos, o dever esquecido e o compromisso menosprezado, famintos de reajuste.
Agradece, assim, o lugar de prova em que te situas.
Corpo doente, companheiro difícil, parente complexo, chefe amargo e dificuldade constante são oportunidades que se renovam.
Todo título exterior é instrumentação de serviço.
– A existência terrestre é o bom combate. (2tm 4:7)
– Defeito e imperfeição, débito e culpa são inimigos que nos defrontam.
– Aperfeiçoamento individual é a única vitória que não se altera.
– E, em toda a parte, o verdadeiro campo de luta somos nós mesmos.

— Mensagem de Emmanuel, O Bom Combate, do livro Justiça Divina, de Francisco Candido Xavier, capítulo 1.

Acompanhe agora a íntegra da palestra:

*Imagem em destaque via Wikimedia Commons: O filho pródigo, desenho de Rembrandt, 1642.

]]>
http://www.aefc.org.br/a-parabola-do-filho-prodigo/feed/ 0
Palavras amigas, parte IX http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-ix/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=palavras-amigas-parte-ix http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-ix/#respond Thu, 22 Feb 2024 13:08:03 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=16009 Com objetivo de nos inspirar e motivar ao estudo e à prática da Doutrina Espírita, o blog da AEFC vem publicando uma série de artigos contendo algumas mensagens trazidas pelos amigos espirituais, por via mediúnica, no trabalho de Desobsessão desta Casa Espírita de Amor.

Esta casa, este lar: AMA, AMPARA e ACOLHE.

Boa leitura a todos!

Bandeira do Cristo

Irmãos, que a luz possa sempre nos guiar. Que as mãos possam sempre trabalhar e que o coração, amar. 

Amigos, todos nós somos parte de uma grande organização. Uma organização muito maior que as paredes de qualquer templo religioso. Todos nós somos aqueles que empunhamos uma bandeira, a bandeira de estarmos a serviço do Cristo. Cada qual com o seu quinhão, cada qual com a sua luta, cada qual com a sua capacidade, mas todos nós aceitamos o convite de sermos servos do Cristo.

Contudo, meus amigos, os desvios acontecem. Os empecilhos geram em nós insegurança, desânimo, despropósito. Então sigo em nome de uma equipe que está neste momento participando de uma jornada entre as casas espíritas fazendo um convite: unirmos em prece, em respeito, em comunhão por aqueles que, no momento, estão à frente das ações governamentais. Tanto dos níveis e das esferas dos munícipios, Estados, Países e da nossa própria jornada terrena.

É necessário que aqueles que sabem que Cristo é amor façam sempre orações por aqueles que são responsáveis pelas estruturas sócio-políticas e econômicas, para que os irmãozinhos em dor sejam vistos, para que o amor vença o mal. 

Que a luz sempre esteja em nós, que o amor nos envolva e como esta irmã nos falou no início: que nossas mãos possam trabalhar e o nosso coração possa amar. 

Que a paz de Jesus nos una, assim seja.

— mensagem recebida na Associação Espírita Fé e Caridade, em 30 de janeiro de 2024.

Leia também:

Ouça uma mensagem de esperança, gravada nos Episódios Diários da AEFC:

*Imagem em destaque via pexels.com.

]]>
http://www.aefc.org.br/palavras-amigas-parte-ix/feed/ 0
Retribuir o Mal com o Bem http://www.aefc.org.br/mal-com-bem/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=mal-com-bem http://www.aefc.org.br/mal-com-bem/#respond Thu, 01 Feb 2024 12:28:18 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=15909

Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. — Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?”
— Mateus, 5:43 a 47.

Com esta passagem do evangelho, a palestrante Rilliam Shaeffer iniciou sua exposição sobre sobre o tema Retribuir o Mal com o Bem, a partir do capítulo XII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Amai os vossos inimigos“. 

Ao lermos o Evangelho, percebemos que o que ele nos propõe pode parecer-nos inicialmente algo difícil de praticar. Mas, aprofundando o tema, vemos que consiste em não se ter a intenção de odiar, mas que tentemos orar por aqueles que nos caluniam, que atacam e perseguem.

Assim, ao retribuirmos o mal com o bem, já vamos trilhando o caminho da evolução espiritual. Ao desenvolver bons sentimentos por aqueles que nos odeiam damos nossos passos no bem.

Raciocínios sobre bem e mal

Para avançar ao tema, a expositora aborda algumas questões que costumam aparecer em algum momento de nossas vidas e que ajudam a esclarecer como lidamos com o bem em retribuição ao mal.

  • Que é Deus?

Na resposta à primeira questão de O Livro dos Espíritos, vemos que “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” Na sequência, ao ler sobre os atributos de Deus, entendemos que é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. 

  • Provas da existência de Deus

Sobre essa questão, a espiritualidade superior nos esclarece a partir do provérbio que diz: “Pela obra se reconhece o autor. Pois bem: vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!” 

Se julgarmos o poder pela Sua obra, percebemos que fomos criados por Deus, e portanto somos parte Dele.

  • Quem criou o mal?

Sabemos conter na lista de atributos divinos, como vemos na questão 13 de O Livro dos Espíritos:

  • Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado, por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
  • É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.
  • É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
  • É único. Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
  • É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
  • É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.

O mal, portanto, não é criação divina. 

  • Como distinguir o mal do bem?

Na questão 621 de O Livro dos Espíritos, aprendemos que a lei divina está escrita em nossas consciências. É portanto, nossa consciência que rege nossas atitudes e que nos aponta o bem e o mal. Nossa própria consciência atua como um juiz. Deus é infinitamente bom e justo, tanto que faz com que nós mesmos percebamos nossas limitações, nossas ações, para que possamos mudar nossas atitudes, a fim de galgarmos à suprema evolução. 

Claro, que não será apenas em uma encarnação que iremos corrigir nossos erros. Cada um tem seu entendimento, a seu tempo.

Na questão 630 de O Livro dos Espíritos vemos que: “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus, e o mal tudo o que dela se afaste. Assim, fazer o bem é conformar-se à lei de Deus; fazer o mal é infringi-la.”

O que leva ao mal

A inclinação para o mal tem relação com o livre arbítrio

Livre-arbítrio é […] a liberdade de fazer, ou não fazer, de seguir tal ou tal caminho, para o seu adiantamento, o que é um dos atributos essenciais do Espírito.
— Obras póstumas, cap. III, Criação, item 16.

Devemos saber que o mal também faz-se necessário nesta fase de nossa escala evolutiva para chegarmos ao nosso crescimento. Como nos esclarece a espiritualidade superior:

Deus deixa ao homem a escolha do caminho: tanto pior para ele se seguir o mal; sua peregrinação será mais longa. Se não existissem montanhas, não poderia o homem compreender que se pode subir e descer; e se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É necessário que o Espírito adquira a experiência, e para isto é necessário que ele conheça o bem e o mal; eis porque existe a união do Espírito e do corpo.
— O Livro dos Espíritos, questõa 634.

Ações no bem

E aqueles que não praticam o mal, mas nada fazem de útil, estão agindo de acordo com suas consciências e com a Lei de Deus? São os conhecidos por “neutros”, “em cima do muro”. A estes a espiritualidade superior esclarece que deixar de praticar o bem já é em si um mal. 

(…) cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.
— O Livro dos Espíritos, questão 642.

O Bem está relacionado à virtude, ao amor, a ser bom, caridoso, sóbrio, modesto, a todas essas qualidades. Então, se não as praticar em meu dia a dia nada farei, e o bem é que não estarei realizando.

Há quem não consiga praticar o bem? 

Aquele que não estiver cego pelo egoísmo consegue praticar o bem, sendo útil na medida do possível, sempre que o auxílio se torne necessário. Há diferentes formas de se fazer o bem, e orar é uma delas. Especialmente quando ainda não consigo me aproximar do irmão.

A caridade é algo que podemos fazer a um amigo ou a um desconhecido. As oportunidades sempre estão em nosso caminho, bem diante de nós.

E se cairmos no mal, como superar? 

Já temos em mente que as tendências negativas podem vir de outras existências e se repetirem agora, como forma de nos apercebermos sobre quais decisões mais acertadas devemos tomar.

Sabemos que estamos num mundo de expiação e provas, “razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias.” (O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo 3, item 4.)

Aqui ninguém é melhor ou perfeito, todos estamos em um mesmo barco procurando aprender e evoluir. Portanto, é preciso estarmos sempre atentos a orar e vigiar. Mas saiba, se erramos, não devemos nos demorar em sentimento de culpa. 

Conforme nos orienta o Espírito Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco: 

A culpa deve ser liberada a fim de que os seus danos desapareçam. (…) A soma das tuas ações positivas quitará o débito moral que contraíste perante a Divina Consciência, porquanto o importante não é a quem se faz o bem ou o mal, e sim, a ação em si mesma em relação à harmonia universal. A culpa deve ser superada mediante ações positivas, reabilitadoras, que resultarão dos pensamentos íntimos enobrecedores.
— Joanna de Angelis no livro Momentos de Meditação (psicografia Divaldo Franco).

Tenhamos em mente a reforma íntima, que é o esforço constante que o Espírito realiza para evoluir moralmente. A cada novo dia precisamos fazer ajustes. Sabemos que ao aceitarmos o convite do Bem, todo dia será dia de recomeçar.

Recomeço no Bem

A palestrante finaliza a palestra falando de recomeços e nos presenteia com trecho de uma música, cantada por Milton Nascimento e Dani Black, que fala que podemos sempre sermos melhores do que ontem.

Eu sou maior do que era antes
Estou melhor do que era ontem
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Eu sou maior (eu sou maior)
Do que era antes (do que era antes) Estou melhor (estou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem) Eu sou filho do mistério e do silêncio Somente o tempo vai me revelar quem sou.
— música de Dani Black.

Acompanhe a íntegra da palestra que inspirou esta publicação:

* Colaborou para esta publicação: Magda do Carmo Gonçalves.
** Imagem em destaque: (c) Sarah K. Lee.

]]>
http://www.aefc.org.br/mal-com-bem/feed/ 0
O homem cresce, na medida que se educa http://www.aefc.org.br/o-homem-cresce-na-medida-que-se-educa/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=o-homem-cresce-na-medida-que-se-educa http://www.aefc.org.br/o-homem-cresce-na-medida-que-se-educa/#respond Fri, 26 Jan 2024 10:46:41 +0000 http://www.aefc.org.br/?p=15894 Sociedade desconectada

Estamos vivendo um momento delicado no planeta, uma transição, inevitável para alcançarmos novos níveis evolutivos.

A nossa civilização, embora o grande progresso material alcançado, sofre transtornos morais, mostrando o quanto ainda estamos comprometidos com o processo de espiritualização.

Alguns sintomas mostram que nossas culturas tem falhas nas suas bases. Cremos que a maior delas ainda é o afastamento de Deus, Pai Criador e Nosso Pai. Carecemos sentí-Lo e às Suas Manifestações que se fazem presentes através das Leis Naturais.

As nossas culturas muito mecanicistas não evidenciam a necessidade do homem conhecer a si próprio e procurar conviver com o próximo. Muito menos, conhecer e entender o mundo mental e espiritual que nos rodeia, com o qual fazemos trocas energéticas.

Consciência da nossa essência

Não aprendemos ainda a conhecer nossa essência, nossa vida interior, e assim ignoramos as potencialidades de que dispomos.

Claro que muitas criaturas já despertaram nesse processo de conscientização. Contudo, muitas ainda perambulam pelo mundo, cumprindo apenas necessidades e obrigações.

Essas pessoas ainda não se fixaram numa construção de natureza superior e sofrem, confusas, espalhando também o resultado de suas inércias.

Precisamos despertar para iluminar

O conhecimento de si próprio, além dos fatores morais/espirituais é o gerador que movimentará o homem para conhecer a sua realidade como espírito imortal.

Haverá o dia do despertar de cada um. O que vai chamá-lo a reconhecer a verdade de sua existência, a bem utilizar seu livre arbítrio; resgatando faltas, aprimorando qualidades e reconstruindo sua vida. Para potencializar luz, refletir bem-estar e auxiliar nortear os demais.

Educação, base do processo evolutivo

Esse crescimento será possível à medida que adotarmos um novo critério educativo, espiritual e humano, capaz de enfatizar aquilo que realmente importa. Esse processo de educação, a ser trabalhado por todos, visa resgatar as reservas espirituais da humanidade.

Precisamos enfatizar valores compatíveis com o Ser Criador, valores de nobreza de espírito, como dignidade, respeito mútuo e fraternidade. 

Esses tesouros estão guardados em cada ser. Ao chamamento de uma educação sadia, eles vem à tona. 

Entretanto, é preciso baseá-la no conhecimento de Deus. Bem como, na informação de que o homem é um ser espiritual em processo evolutivo, vivendo uma de muitas jornadas, seja na Terra ou em outros planetas.

Decisão para educar-se

O momento é de decisão, não se pode mais postergar o caminho evolutivo. É urgente a mudança de conceitos e paradigmas nocivos para a alma!

Também é momento é de renovar os centros de energias, reordenar a estrutura psiquica-espiritual e estudarmos o legado de Jesus e instrutores espirituais. Para descobrirmos onde paramos e de onde podemos retomar o processo do conhecimento que nos conduzirá à sabedoria e amor.

Vale lembrar que na Codificação da Doutrina Espírita os Espíritos sempre ressaltaram o processo de educação moral, e não apenas da instrução intelectual.

Sintonia com a morada

Aqueles espíritos que conseguirem acompanhar o processo evolutivo do planeta, viverão em um mundo melhor, que ajudaram a criar. Em alguns casos, de maior devotamento e abnegação no trabalho no bem, podem até serem convidados a viver em planetas mais evoluídos.

Haverá aqueles que não conseguirão, no mesmo tempo. Esses serão convidados a habitarem outros planos, recomeçando outra construção. Deus não deixará ninguém em desamparo, mas também não derrogará Suas Leis, em favor dos caprichos humanos.

Responsabilidade e doutrina espírita

Cada um terá que buscar o grande objetivo de sua vida que é o processo evolutivo. Nessa busca identificará os âmbitos do bem e do mal, amadurecerá e fará suas escolhas.

Se o direito de pensar é característico do ser inteligente, também é seu dever assumir as consequências de seus atos.

A doutrina espírita vem nos repassando uma possibilidade diferente de pensarmos e sentirmos o mundo, dando-nos subsídios para novos entendimentos e reflexões.

Seu objetivo não é “salvar” ninguém, mas mostrar novas rotas para o desenvolvimento moral. Seu pensamento é lógico, implicando direção definida. Nada de milagroso nem fantasmagórico.

Mostra-nos com clareza que há relações muito estreitas entre mundo físico e mundo espiritual, convidando-nos a refletir: 

  • quem somos, de onde viemos, para onde vamos?

Para isso, faz-se necessário o estudo para adquirir conhecimentos e também processar o estudo de si mesmo.

Escolher evoluir

O momento é claro, ou nos voltamos para o processo educativo, é essa a proposta da doutrina espírita, e redirecionamos os valores do bem. Ou ainda demoraremos a alcançar níveis de vida mais elevados e nos sujeitaremos a muitas dores e sofrimentos.

A vestimenta interna, limpa de defeitos e remendos, deve ser o interesse daquele que quer vestir-se de novos objetivos. Se nos preocupamos em estarmos com bom aspecto aos olhos do mundo, que dizer, então, da vestimenta interior com a qual apresentamos realmente quem somos?

A transição implica em convite para mudanças. Os mecanismos de progresso vão sendo absorvidos pelo espírito aos poucos. O qual se abre ao processo, à medida que se reaproxima de Deus e aprende a interpretar a Sua Vontade, que não é arbitrária mas firmada em Leis.

Com sensatez, iremos trabalhando para crescermos praticando Essas Leis com sabedoria e não infringindo-as.

Educa-te

…o Espírito traz consigo o “gene” da Divindade.
Deus está em nós, quanto estamos em Deus.
Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.
[…]
Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso acrisolamento.
Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
Educa e edificarás o paraíso na Terra.
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lO.
— Emmanuel, pisicografia de Chico Xavier, no livro Fonte Viva, cap. Educa.

Para complementar a leitura, assita a palestra a seguir:

*Colaborou para esta publicação: Maria Thereza Carreço de Oliveira.
**Imagem em destaque: pexels.com

]]>
http://www.aefc.org.br/o-homem-cresce-na-medida-que-se-educa/feed/ 0